'Em família' prometia, mas não arrebatou o público; relembre os deslizes da novela

Trama anunciada como a última de Manoel Carlos tinha boa premissa, mas pecou em ritmo lento

20/07/2014 15:28

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João Miguel Júnior/TV Globo
Protagonistas Bruna Marquezine e Júlia Lemmertz: afinadas (foto: João Miguel Júnior/TV Globo)
Quando Manoel Carlos anunciou que 'Em família' (Globo) seria sua última novela, a expectativa foi a melhor possível. Afinal, trata-se de um dos novelistas mais prestigiados da TV brasileira, autor de ótimas tramas, como 'Baila comigo', 'História de amor', 'Laços de família', 'Mulheres apaixonadas', consideradas clássicos do gênero. Mas, para decepção dos fãs, a última novela não emplacou.

 

Veja fotos de Bruna Marquezine em gravação de 'Em família'

 

A história parecia atraente. A última Helena, vivida por Júlia Lemmertz, foi apresentada como uma mistura de todas as outras que levaram o nome da famosa personagem do autor. Depois de viver um amor na infância e juventude, com desfecho desastroso e traumático, ela o reencontraria na maturidade, já casada. Por ele, largaria o marido, ferido gravemente por este ex-amor, mas teria uma rival pelo caminho: a própria filha, Luiza, personagem de Bruna Marquezine.

Em ritmo lento, a narrativa, que estreou em fevereiro e contou com duas fases anteriores, demorou a deslanchar. Apesar de Júlia e Bruna se mostrarem afinadas nos conflitos de suas personagens, a trama tomou outro rumo, com Helena, 20 anos depois da tragédia que viveu ainda moça, presa à mágoa e ao rancor pelo antigo amor, enquanto Luiza se apaixonou perdidamente por Laerte (Gabriel Braga Nunes) e, mimada e desaforada, bancou o relacionamento contra a vontade de toda a família.

Daí a novela desandou. Apesar de um ótimo time de atores, além da trama principal, que nunca disse a que veio, houve estranhamento na distribuição de personagens – casos de, por exemplo, Natália do Vale, que viveu a mãe de Helena; e Ana Beatriz Nogueira, a de Gabriel Braga Nunes: todos com idades relativamente próximas.

 

Na dinâmica, ação e diálogos, estes sempre com maior ênfase pelo autor, sua característica mais forte, não andaram juntos. Resultado: novela morosa, muito detalhista, sem pegada.

A trama em todos os núcleos – de Juliana (Vanessa Gerbelli) e sua obsessão pela maternidade; de Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) e a enrolação até que, finalmente, formaram um casal que nunca convenceu –, ficou devendo. E na falta de um vilão colocou-se tudo no mesmo balaio, e de um suposto mocinho, Laerte, quase que de um capítulo para o outro tornou-se o mau da fita. Doente, mas vilão. Não convenceu. Enfim, Em família encerrou expediente e não deixa saudades. Uma despedida frustrante e melancólica de Manoel Carlos, um mestre das novelas.

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