Lá estará o auditório. Lá estarão as moças em trajes mínimos a bailar. Lá estarão os anões, solicitados a entrar em cena sempre que a audiência ameaça cair. E alguns ícones reais desse universo, como Décio Piccinini, ex-jurado do Programa Silvio Santos, Mara Maravilha, Sérgio Mallandro e João Kléber darão o ar da graça em tom de participação especial.
“A ideia é brincar com isso, e de repente eu digo: ‘a audiência tá caindo! tira mais uma peça de roupa’, ou ‘tira mais um pastel’, no quadro Para quem Você Frita o Pastel”, explica Porchat. Trata-se, é claro, de uma paródia do 'Para quem Você tira o Chapéu', lendário quadro de Raul Gil. Em vez da chapeleira uma moça surge em cena tendo como figurino aparente apenas pastéis cênicos colados ao corpo - cada item retirado dali desnuda mais um pedaço dela.
Entre algum roteiro e muito improviso, Tatá e Porchat se divertiram um bocado e é o caso de apostar que o público também embarcará nesse circo. Tanto assim que a direção do Multishow já encomendou a gravação de uma nova temporada, com 22 episódios, mesmo número da safra que estreia hoje, com exibição de segunda a sexta-feira. Como não é tarefa fácil conciliar as agendas de ambos, o plano é gravar essa 2ª temporada em setembro para exibi-la em janeiro.
A safra que estreia nesta terça contará ainda com outros convidados, como Tom Cavalcante, que não recebeu script e teve liberdade para improvisar à vontade, ao participar do quadro do pastel. A pedido da plateia, relembrou ainda João Canabrava, seu personagem mais famoso.
Anitta, a funkeira, é outra convidada dessa temporada. Seu personal trainer recebe um trote de Tatá, durante o programa, em tom de Teste de Fidelidade. Danilo Gentili está em outro episódio. Sendo ele do SBT e Tatá, da Globo, Porchat sugere que ele a entreviste ali mesmo, já que isso não será possível na TV de Silvio Santos. Improvisa-se então o cenário do The Noite.
Quase todos os convidados, e nessa lista está ainda outra apresentadora do SBT, Eliana, não escapam do quadro Kama Surta, em que o propósito, lógico, é falar de sexo.
Ao vivo
O auditório é um componente à parte e representa muito nas tendências de programação do Multishow. Composta apenas de “classe C”, como a dupla de apresentadores gosta de ressaltar durante o programa, a plateia passa a ser uma personagem mais frequente, e bem reverenciada, nos programas do canal, como explica ao Estado o diretor-geral Guilherme Zattar.
“Um auditório sempre torna mais quente um programa de humor, você tem a sensibilidade da piada testada ali, na hora, como se fosse uma claque ao vivo, espontânea. Isso dá outra temperatura ao programa”, aposta.
Para aquecer ainda mais a proposta, Tatá e Porchat farão o último episódio do novo programa ao vivo, no dia 11 de agosto. Até lá, os dois levam como vantagem a possibilidade de avaliar a recepção de suas piadas também junto à audiência que está em casa. A ocasião também pode inspirar outras edições ao vivo na 2ª temporada, e fazer TV em tempo real, anuncia Zattar, faz parte das prioridades da casa - de preferência somando música, um dos pilares do canal, e humor, nicho que vem ganhando mais e mais espaço lá.
A primeira experiência do Multishow com plateia de humor vem do 'Vai que Cola', sitcom que arrebatou os maiores índices do Ibope que o canal já viu em um programa de linha da casa - e aí não se incluem BBB e shows de grandes festivais.
Em novembro, o canal abrirá espaço para mais um programa de humor com auditório, numa versão da tradicional peça teatral 'Trair e Coçar, É Só Começar', de Marcos Caruso, para a TV. Zattar está certo de que o público, em casos como esse, é essencial para a fórmula dar certo. Se a coisa vingar, pode ganhar outras safras, assim como o 'Vai que Cola', que terá sua 2ª temporada estreando também em versão ao vivo, no dia 1º de setembro, e o próprio 'Tudo Pela Audiência'.
“Gosto de coisas subversivas, acho que a TV está precisado disso. Podemos acertar 1% das vezes, mas se a gente não tentar, não chega lá. O 'Tudo Pela Audiência' é exatamente isso. A plateia é sensacional, estive lá por três ou quatro vezes e pude constatar a diferença que ela faz numa proposta como essa”, diz o diretor.
A incumbência de encontrar a plateia local coube à produtora Floresta, responsável pelo programa, que foi todo gravado no Rio. Diferentemente dos auditórios que se levam a sério, onde a primeira fila é toda composta por mulheres que parecem vir da Suécia, o público do novo humorístico promete prozar mais “gente como a gente”.
Oxalá o humorístico sirva de espelho a auditórios de verdade da TV aberta e inspire melhor repertório por lá.