Finalmente, o humor de Luís Miranda chegou à telenovela. O ator de 44 anos, nascido no município de Santo Antônio de Jesus, na Bahia, com uma longa trajetória no teatro, inaugura com a protetora e elegante transexual Dorothy Benson, da novela 'Geração Brasil', da Globo, uma fase nova de uma carreira artística que passa, também, pelo balé, pelo cinema, e que alcançou o sucesso na TV com o aloprado Moreno do seriado Sob nova direção, da mesma emissora.
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Em 'Geração Brasil', sua primeira novela, Miranda continua dando show de versatilidade, de conhecimento da personagem, dando-lhe personalidade com base em posturas, sutilezas, reticências e atitudes. Milionária e transexual, convivendo com uma família de empresários da tecnologia de informática, mãe orgulhosa do guru Brian Benson (Lázaro Ramos), Dorothy Benson é – como se diz – uma mulher assumida e liberada. “É um personagem incrível, inserido com naturalidade no meio em que vive. Espero que a novela ajude as pessoas a entenderem que, acima de tudo, somos todos seres humanos iguais e, ao mesmo tempo, diferentes. Aceitar as diferenças e respeitá-las é essencial”, defende o ator.
Terça insana
Luís Miranda fez o maior sucesso no teatro interpretando a dondoca esnobe e politicamente incorreta Madame Sheila, no show de humor 'Terça insana'. Dorothy, porém, ao contrário da canastrona preconceituosa personagem do teatro, é uma graça de pessoa e, no fim das contas, muito mais fina do que Sheila, que geralmente ficava bêbada, até mesmo quando deu “entrevista” a Regina Casé no programa 'Esquenta!', em 2011.
“Trouxe minha experiência do teatro com a Madame Sheila”, diz o ator. “Mesmo sendo personagens diferentes, pude aperfeiçoar com a Sheila os trejeitos femininos que usei na Dorothy também. Mas ela é uma mulher elegante. A produção e caracterização me ajudaram a entrar no personagem. Empresto meu corpo para a Dorothy e ela ganha vida.” Outras inspirações? “Tivemos muitas referências, uma delas foi a Michelle Obama, primeira-dama dos Estados Unidos.”
Dorothy é rica, bonita e inteligente. Mas é sozinha – você acha que ela é feliz?
Ela ocupou o lugar da referência feminina deixada pela mãe de Pamela (Cláudia Abreu). Foi muito amiga de Jack (Luís Carlos Miele) e se dedicou àquela família. Acho que estar naquele ambiente, se relacionando com a família Parker, é a alegria de Dorothy. Ela também tem o Brian (Lázaro Ramos), que ama muito.
Mas há uma virada reservada para a personagem – ao menos que você deseja que aconteça?
Isso só os autores sabem dizer. Torço muito pela felicidade dela.
O humor define sua trajetória no teatro, na TV, no cinema. Dorothy é engraçada, mas tem um componente dramático forte. Ela esconde alguma coisa, não?
A Dorothy, na verdade, não tem grandes segredos. A vida dela já foi até exposta em um documentário sobre o Brian Benson, transmitido pela Parker TV. Hoje, ela é uma mulher segura de si e feliz.
Provavelmente, há muito drama nela...
Com todos os personagens, buscamos trazer reflexões e com a Dorothy não é diferente. A relação dela com Brian, a relação maternal que ela tem com a Pamela, entre outros assuntos, são todas discutidas. Mas, acima de tudo, a Dorothy é um personagem leve, que vai continuar arrancando boas gargalhadas dos telespectadores.
O que você pode falar do passado dessa mulher que já foi um homem?
Deixo esses detalhes para os autores, que têm mais conhecimento nesse sentido. Dei vida a Dorothy já em seu lado feminino. E se precisar de mais informações, temos o documentário da Parker TV! (risos)
Até aqui, Dorothy é uma dondoca transexual, preocupada com o casamento do filho, desejando um neto...
Ela é uma mulher chique, a referência de figura feminina na casa dos Parker. Como toda mulher, sonha com o melhor para o filho. A relação dos dois com o tema é um pouco conflituosa, mas bastante divertida.
Ela já trabalhou em teatro, boate? Não foi assim rica e fina sempre, não é?
Na verdade, não. Dorothy foi secretária da mãe de Pamela, de quem ficou muito amiga, e batalhou para ter a vida que sempre sonhou. E conseguiu alcançar seu objetivo na família Parker, em que é muito querida.
Talvez ela tenha vocação para a política – o visual já é inspirado em Michelle Obama...
Tivemos muitas referências, uma delas foi a Michelle Obama, primeira-dama dos Estados Unidos – mais para compor a postura de Dorothy. Sem dúvida, foi uma referência importante para que eu desenvolvesse a personagem, assim como as referências que recebi dos autores. Mas não acho que ela tenha vocação para a política. E, nesse caso, a Michelle Obama admiraria a Dorothy, referência de moda e elegância nos Estados Unidos.
Você falou em muitas entrevistas sobre os enchimentos e próteses que dão forma à personagem. Mas o que é e onde você põe cada coisa?
Uso enchimento apenas para os seios e para o quadril.
Ainda demora uma hora e meia para “se montar” ou diminuiu esse tempo com a prática?
Chego à Central Globo de Produção (no Rio de Janeiro), faço maquiagem, cabelo, coloco a roupa da Dorothy, alguns enchimentos. Às vezes, o processo dura uma hora e meia, mas cada vez é mais rápido, estamos pegando o ritmo da composição da personagem.
Digamos que você tem cancha para fazer personagens femininos...
Durante muito tempo interpretei a Madame Sheila no Terça insana, que me fez adquirir prática de usar salto e dar trejeitos mais femininos para a personagem, que uso atualmente em Dorothy.
Cláudia Abreu diz que chora de rir contracenando com você...
O núcleo da Dorothy na novela é muito divertido! Contracenar com Cláudia Abreu, Isabelle Drummond, Murilo Benício, Miele e Lázaro Ramos me rende muitas alegrias e prazer.
Quem ri mais de quem?
Todos nos divertimos muito. Temos nossos momentos de fazer graça e de rir da graça do outro.