'House of cards' estreou em 1º de fevereiro de 2013 no Netflix, o mais popular serviço de streaming do mundo. Primeira produção original da empresa norte-americana de TV por internet – que chegou ao Brasil em setembro de 2011 –, deu um nó no formato convencional. Ninguém mais precisa esperar uma semana para assistir a um novo episódio. Ou seja, hoje, amanhã ou daqui a um mês, quando for mais conveniente para o espectador, os desvarios de poder do congressista Frank Underwood podem ser assistidos de uma vez só, ou em suaves prestações. E sem interrupção publicitária.
Para iniciantes, House of cards, inspirada em trilogia que o escritor e político britânico Michael Dobbs lançou a partir de 1989 (a primeira adaptação ocorreu em 1990, pela BBC), mostra os bastidores de Washington sob o olhar cínico e inescrupuloso de Frank Underwood (Kevin Spacey, em mais um grande momento).
Criada por David Fincher ('A rede social', 'Millennium' – 'Os homens que não amavam as mulheres'), mostra as intrigas do congressista e sua mulher, Claire (Robin Wright, que levou o Globo de Ouro), para chegar à linha de frente do poder. Depois de perder o posto de secretário de Estado, Underwood maquina o quanto pode – aí incluídas mentiras, chantagem e até assassinato – para chegar ao primeiro time.
Alcança a vice-presidência, e é nesse posto que a segunda temporada estreia, em ritmo de thriller e boas surpresas. Spacey e Wright não brilham sozinhos. É Kate Mara quem vive a principal antagonista do personagem. Jornalista em início de carreira, sua Zoe Barnes não se furta a nada para conseguir as manchetes. De amante de Underwood da primeira temporada, vira a principal algoz do agora vice-presidente, indo atrás de todas as maquinações (boa parte delas criminosas) em que ele se envolveu para alcançar o poder.
INVESTIMENTOS
Com o prestígio em alta, os novos episódios tiveram a assinatura, na direção, de Jodie Foster, Robin Wright, Carl Franklin (de Homeland, outra das preferidas de Obama), James Foley (de Glengarry Glen Ross) e John David Coles (de Justified) na direção. A Netflix investiu US$ 100 milhões na produção dos 26 episódios de suas duas primeiras temporadas. O retorno foi em igual proporção. Após o lançamento de House of cards, o serviço ganhou mais dois milhões de assinantes nos EUA. Um ano após a estreia da série, superou a HBO em número de assinaturas – na América Latina, já conta com um milhão.
Para o espectador, notícia ainda melhor foi que a partir da repercussão dessa primeira série houve outras iniciativas do gênero: o suspense Hemlock grove, um genérico de Twin peaks; a comédia dramática Orange is the new black; e a animação Turbo fast. Foi lançada recentemente a primeira experiência brasileira bancada pela Netflix: A toca, uma comédia em tom de falso documentário. E não para por aí: parceria com a Disney vai render, a partir de 2015, quatro séries sobre os personagens Marvel Demolidor, Safira, Poderoso e Punho de Ferro.