'Filhos da anarquia', 'Como conheci sua mãe', 'Uma história de horror americana', 'O mentalista', 'Pessoa de interesse'. Uma parcela do telespectador brasileiro tem passando suas noites, quando não as madrugadas, assistindo aos títulos acima. Essas séries, todas produções norte-americanas que fazem sucesso entre o público da TV paga, Netflix ou então dos downloads (ilegais e gratuitos), estão sendo exibidas nos canais de TV aberta. Na terça-feira, as rivais Globo e Record estreiam duas das séries mais comentadas dos últimos anos: 'Homeland' e 'Breaking bad', respectivamente. Dubladas, mas pelo menos com os títulos originais.
Há décadas os então chamados enlatados têm seu espaço garantido na TV convencional – atire a primeira pedra quem nunca assistiu a 'Agente 86', 'Barrados no baile' ou 'Jornada nas estrelas'. No entanto, a produção destinada à televisão, salvo exceções, era mais voltada para comédias de situação e dramalhões novelescos repetitivos. Houve uma salto qualitativo nas séries, tanto que hoje o grande celeiro de talentos, outrora exclusivo do cinema, reside na televisão. Existe também outra razão para a TV convencional tentar diminuir o prejuízo.
Com a segmentação cada vez maior do produto audiovisual – e a possibilidade de o telespectador assistir em sequência, na versão original com legendas, sem os intervalos comerciais e no horário que escolher –, a migração do público para outros meios (ou telas) é enorme. Mesmo assim, o número de resistentes é grande. “Não fico procurando série, é ela que vem até a mim”, afirma a psicóloga Elisa Sousa. Também assinante de TV paga e Netflix, ela assistiu a 'Lost', 'Revenge' e '24 horas na Globo. Está aguardando a estreia de Homeland, no mesmo canal. Ela assistiu às séries principalmente por causa da propaganda. “No caso de Revenge, principalmente. A propaganda contava uma história, era muito mais apelativa do que a de um canal fechado.” 'Lost' e '24 horas' ela assistiu durante o verão, na praia, e quando voltou para casa passou a acompanhá-las pelos canais pagos.
Uma questão que por vezes afugenta os telespectadores da TV aberta é o horário. O SBT/Alterosa, por exemplo, concentra boas produções, como 'Fringe' e 'True blood', nas madrugadas. 'Homeland' vai entrar no ar depois do Jornal da Globo, ou seja, entre meia-noite e 1h. “Foi por isso que desisti de assistir a 'Revenge', pois ia ao ar só depois do Fantástico”, comenta Glauber Silva Teixeira, funcionário de uma locadora de carros, que vai terminar de assistir ao segundo ano com DVDs. “Acho que os canais perdem muito ao transmitir as séries de madrugada”, comenta o estudante Manuel da Costa Simões, que sofre para acompanhar as produções na TV aberta. “Às vezes, as séries não são dubladas direito, e isso incomoda um pouco”, acrescenta ele, que, apesar disso, já reservou a próxima semana para assistir às tramas de 'Homeland' e 'Breaking bad'.
Mas há quem não se importe com a dublagem. A enfermeira Glausse Tavares se divide entre TV aberta e fechada. “Não faz diferença, até que gosto. Tanto que assisto às séries mais pela TV aberta.” E o blogueiro Luide de Matos Júnior só abandonou a telinha quando passou a ter banda larga. “Não acredito que seja um problema, quem reclama de dublagem são as pessoas que não assistem às séries dubladas. Tem quem goste. Sou totalmente a favor de dublar, e se a pessoa se interessar mesmo pela série ela pode buscar a versão original”, diz.
A favorita de Obama
Barack Obama não perde um capítulo de 'Homeland'. O presidente dos Estados Unidos, nos momentos de lazer, acompanha os dramas da oficial de operações da CIA Carrie Mathison e do fuzileiro Nicholas Brody, cuja história pessoal se mistura com a política externa dos EUA e atos de terrorismo. Brody, prisioneiro de guerra da Al-Qaeda, passou para o lado inimigo e representa um risco para a segurança nacional? É o que Carrie crê – e no início da narrativa muitos a acusam de insanidade por isso. Só que não existe preto no branco na narrativa (esse é um dos seus méritos), inspirada na atração israelense 'Hatufim'.
Nas duas primeiras temporadas, que a Globo exibe a partir da próxima semana, o mal encarnado é Abu Nazir, terrorista de origem paquistanesa que teria cooptado Brody. Há anos ele está na lista dos mais procurados. Nos EUA, a terceira temporada de 'Homeland' terminou em meados de dezembro. É este terceiro ano que o canal pago FX exibe a partir deste domingo, às 23h, em versão dublada. Ainda que os protagonistas sejam os mesmos, o inimigo é outro: o Irã e a ameaça nuclear que o país representa.
Para aqueles que já assistiram aos dois primeiros anos da série, vale dizer, sem entregar muito, que o terceiro ano só engata a partir do quarto episódio (os três anteriores são quase soporíferos) e que o final é dramático. O quarto ano, que só começa em setembro na TV americana, vai representar um novo começo para os personagens. Terá ainda, se seguir a narrativa do último episódio, um novo cenário: o Líbano, atualíssimo para a trama da série.
É nesse país, por sinal, que a personagem de Carrie aparece na primeira cena do livro 'Homeland' – como tudo começou, de Andrew Kaplan, que a Editora Intrínseca lança nas livrarias também na próxima semana. Ex-correspondente de guerra – também serviu no Exército, tanto no americano quanto no israelense, quando combateu na Guerra dos Seis Dias, em 1967 – o autor é hoje especialista em romances de espionagem.
O livro apresenta os personagens antes dos acontecimentos da série. O ano é 2006, e Carrie consegue, por pouco, escapar de uma emboscada em Beirute. Informada de um ataque terrorista iminente nos EUA, é enviada de volta a Langley (seda da CIA), na Virgínia. Só que, impedida de investigar o ataque, Carrie começa uma investigação independente. Ou seja, algo muito semelhante ao que ocorre com a personagem de Claire Danes na televisão. Quem ainda não viu, verá.
Na TV aberta
Band
'Justiça implacável' ('True justice'), terças, 22h30; 'Uma história de horror americana' ('American horror story' - foto), terças, 23h30; 'Filhos da anarquia' ('Sons of anarchy'), quartas, 23h30; 'Como conheci sua mãe' ('How I met your mother'), quintas, 21h30; e 'The walking dead', quintas, 22h30
Globo
'Homeland' – Segurança nacional estreia terça, depois do Jornal da Globo (entre 0h30 e 1h)
Record
'Breaking bad' estreia terça, às 23h15
SBT/Alterosa
Novos episódios das séries 'Pessoa de interesse' ('Person of interest', primeira temporada, quartas, 3h); 'Supernatural' (sexta temporada, sextas, 3h); 'Crimes graves' ('Major crimes', primeira temporada, domingos, 2h); 'True blood' (quinta temporada, domingos, 1h)
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Com a segmentação cada vez maior do produto audiovisual – e a possibilidade de o telespectador assistir em sequência, na versão original com legendas, sem os intervalos comerciais e no horário que escolher –, a migração do público para outros meios (ou telas) é enorme. Mesmo assim, o número de resistentes é grande. “Não fico procurando série, é ela que vem até a mim”, afirma a psicóloga Elisa Sousa. Também assinante de TV paga e Netflix, ela assistiu a 'Lost', 'Revenge' e '24 horas na Globo. Está aguardando a estreia de Homeland, no mesmo canal. Ela assistiu às séries principalmente por causa da propaganda. “No caso de Revenge, principalmente. A propaganda contava uma história, era muito mais apelativa do que a de um canal fechado.” 'Lost' e '24 horas' ela assistiu durante o verão, na praia, e quando voltou para casa passou a acompanhá-las pelos canais pagos.
Uma questão que por vezes afugenta os telespectadores da TV aberta é o horário. O SBT/Alterosa, por exemplo, concentra boas produções, como 'Fringe' e 'True blood', nas madrugadas. 'Homeland' vai entrar no ar depois do Jornal da Globo, ou seja, entre meia-noite e 1h. “Foi por isso que desisti de assistir a 'Revenge', pois ia ao ar só depois do Fantástico”, comenta Glauber Silva Teixeira, funcionário de uma locadora de carros, que vai terminar de assistir ao segundo ano com DVDs. “Acho que os canais perdem muito ao transmitir as séries de madrugada”, comenta o estudante Manuel da Costa Simões, que sofre para acompanhar as produções na TV aberta. “Às vezes, as séries não são dubladas direito, e isso incomoda um pouco”, acrescenta ele, que, apesar disso, já reservou a próxima semana para assistir às tramas de 'Homeland' e 'Breaking bad'.
Mas há quem não se importe com a dublagem. A enfermeira Glausse Tavares se divide entre TV aberta e fechada. “Não faz diferença, até que gosto. Tanto que assisto às séries mais pela TV aberta.” E o blogueiro Luide de Matos Júnior só abandonou a telinha quando passou a ter banda larga. “Não acredito que seja um problema, quem reclama de dublagem são as pessoas que não assistem às séries dubladas. Tem quem goste. Sou totalmente a favor de dublar, e se a pessoa se interessar mesmo pela série ela pode buscar a versão original”, diz.
A favorita de Obama
Barack Obama não perde um capítulo de 'Homeland'. O presidente dos Estados Unidos, nos momentos de lazer, acompanha os dramas da oficial de operações da CIA Carrie Mathison e do fuzileiro Nicholas Brody, cuja história pessoal se mistura com a política externa dos EUA e atos de terrorismo. Brody, prisioneiro de guerra da Al-Qaeda, passou para o lado inimigo e representa um risco para a segurança nacional? É o que Carrie crê – e no início da narrativa muitos a acusam de insanidade por isso. Só que não existe preto no branco na narrativa (esse é um dos seus méritos), inspirada na atração israelense 'Hatufim'.
Nas duas primeiras temporadas, que a Globo exibe a partir da próxima semana, o mal encarnado é Abu Nazir, terrorista de origem paquistanesa que teria cooptado Brody. Há anos ele está na lista dos mais procurados. Nos EUA, a terceira temporada de 'Homeland' terminou em meados de dezembro. É este terceiro ano que o canal pago FX exibe a partir deste domingo, às 23h, em versão dublada. Ainda que os protagonistas sejam os mesmos, o inimigo é outro: o Irã e a ameaça nuclear que o país representa.
Para aqueles que já assistiram aos dois primeiros anos da série, vale dizer, sem entregar muito, que o terceiro ano só engata a partir do quarto episódio (os três anteriores são quase soporíferos) e que o final é dramático. O quarto ano, que só começa em setembro na TV americana, vai representar um novo começo para os personagens. Terá ainda, se seguir a narrativa do último episódio, um novo cenário: o Líbano, atualíssimo para a trama da série.
É nesse país, por sinal, que a personagem de Carrie aparece na primeira cena do livro 'Homeland' – como tudo começou, de Andrew Kaplan, que a Editora Intrínseca lança nas livrarias também na próxima semana. Ex-correspondente de guerra – também serviu no Exército, tanto no americano quanto no israelense, quando combateu na Guerra dos Seis Dias, em 1967 – o autor é hoje especialista em romances de espionagem.
O livro apresenta os personagens antes dos acontecimentos da série. O ano é 2006, e Carrie consegue, por pouco, escapar de uma emboscada em Beirute. Informada de um ataque terrorista iminente nos EUA, é enviada de volta a Langley (seda da CIA), na Virgínia. Só que, impedida de investigar o ataque, Carrie começa uma investigação independente. Ou seja, algo muito semelhante ao que ocorre com a personagem de Claire Danes na televisão. Quem ainda não viu, verá.
Na TV aberta
Band
'Justiça implacável' ('True justice'), terças, 22h30; 'Uma história de horror americana' ('American horror story' - foto), terças, 23h30; 'Filhos da anarquia' ('Sons of anarchy'), quartas, 23h30; 'Como conheci sua mãe' ('How I met your mother'), quintas, 21h30; e 'The walking dead', quintas, 22h30
Globo
'Homeland' – Segurança nacional estreia terça, depois do Jornal da Globo (entre 0h30 e 1h)
Record
'Breaking bad' estreia terça, às 23h15
SBT/Alterosa
Novos episódios das séries 'Pessoa de interesse' ('Person of interest', primeira temporada, quartas, 3h); 'Supernatural' (sexta temporada, sextas, 3h); 'Crimes graves' ('Major crimes', primeira temporada, domingos, 2h); 'True blood' (quinta temporada, domingos, 1h)