Madonna é capa da revista norte-americana Harper's Bazaar na edição de novembro. Em ensaio fotográfico assinado por Terry Richardson, a popstar veste máscaras de metal, empunha espadas e se prepara como uma guerreira. "Se eu não posso ser desafiadora em meu trabalho ou no modo como vivo minha vida, então não vejo motivo para existir neste planeta", afirma a cantora no texto que acompanha as imagens.
Veja fotos de Madonna por Terry Richardson para Harper's Bazaar
Composta como uma espécie de manifesto autobiográfico, a declaração de Madonna nas páginas da publicação tem em foco sua vida pessoal. A artista relembra histórias desde quando, na adolescência, partiu do subúrbio de Michigan, estado de Detroit, rumo à gigantesca Nova York, em busca de uma oportunidade como dançarina."No primeiro ano, fui mantida sob a mira de um revólver. Estuprada no telhado de um prédio, fui ameaçada com uma faca encostada em minhas costas, e tive o apartamento invadido por três vezes. Eu nem sei o porquê; não tinha mais nada de valor depois que levaram meu rádio, na primeira vez", relata.
No texto, Madonna revisita cinco momentos de sua trajetória, e explora conflitos pessoais de cada fase como motivo para tornar-se mais guerreira. Aos 15, a sensação de inadequação era combustível para questionamentos e rebeldia. "Achei que seria mais legal se eu não raspasse minhas pernas ou debaixo dos braços. Quer dizer, por que Deus nos deu pelos ali? Por que os garotos não precisavam se raspar nestes locais?", ela conta. "A maioria das pessoas me achava estranha. Eu não tinha muitos amigos; talvez não tenha tido nenhum amigo. Mas tudo ficou bem no final, porque quando você não é popular e não tem uma vida social, ganha mais tempo para se concentrar no futuro", reflete.
Mesmo depois de dedicar-se ao futuro e tornar-se estrela pop ainda antes dos 30 anos, Madonna continou enfrentando obstáculos, que ela aponta como motivadores. "Aos 35, eu estava divorciada e procurando por amor em todos os lugares errados. Decidi que precisava ser mais do que uma garota com dentes de ouro e namorados marginais", explica. "Comecei a procurar por significado e um propósito real para a vida. Eu queria ser mãe, mas percebi que o simples fato de eu lutar pela liberdade não significava que eu estava qualificada para criar uma criança. Decidi que eu precisava de uma vida espiritual. Foi quando eu descobri a Cabala", recorda a cantora.
"Quando eu tinha 45, estava casada novamente, com dois filhos e morando na Inglaterra", continua a popstar em suas memórias. "Então eu concluí que havia crianças demais no mundo sem pais ou famílias para amá-los. Me inscrevi em uma agência internacional de adoção e passei por toda a burocracia, testes e espera que todo mundo enfrenta quando adota", ela garante. Neste trecho, Madonna trata da adoção de seus dois filhos mais novos, David e Mercy, ambos nascidos no Malawi. Enquanto ainda estava na lista de espera da agência, ela foi abordada por alguém que lhe contou sobre a situação das crianças no país africano. Ao visitar um orfanato local, a artista conheceu o pequeno David e decidiu integrá-lo à família.
Conheça projeto de Madonna pela liberdade de expressão
"Este foi o começo de outro capítulo desafiador em minha vida", ela ressalta. "Fui acusada de sequestro, tráfico de criança, de usar meus músculos de celebridade para furar a fila, subornar oficiais do governo, bruxaria", relata Madonna. "Eu consegui lidar com as pessoas me julgando por simular masturbação no palco, por publicar meu livro 'Sex' ou mesmo por beijar Britney Spears em uma premiação, mas tentar salvar a vida de uma criança não era algo pelo que eu imaginava que seria punida", desabafa a cantora à Harper's Bazaar.
Agora aos 55, divorciada e de volta a Nova York, ela se declara ainda compromissada com o desafio. "Fui abençoada com quatro filhos maravilhosos. Tento educá-los para pensarem além do esperado. Para que se desafiem. Para que escolham fazer algo porque é a coisa certa a se fazer, e não porque todo mundo está fazendo", declara Madonna. "À medida em que a vida passa, a ideia de ser desafiadora tornou-se uma regra para mim", especifica a artista no texto.