Mexerico

Madonna se veste de escoteiro para criticar política anti-gay do movimento em entrega de prêmio LGBT

Popstar entregou troféu de destaque LGBT na mídia ao jornalista Anderson Cooper, da CNN

Bossuet Alvim

"Eu queria ser um escoteiro mas não me deixaram entrar", brincou a popstar nos Glaad Awards
Vestir-se como um jovem escoteiro foi a forma que Madonna encontrou para protestar contra o preconceito na entrega dos prêmios Glaad Media Awards, apresentados na madrugada do último sábado, 17, nos EUA. A cantora premiou o jornalista Anderson Cooper, do canal norte-americano CNN, que foi escolhido como destaque da mídia pelos direitos dos homossexuais, bissexuais e transgêneros. A roupa e o discurso da artista serviram de recado à organização mundial, que é acusada pela organização do evento de discriminar membros que não são heterossexuais.

 

"Quando penso sobre as crianças de hoje da América, que estão sofrendo bullying e sendo torturadas, que estão se matando porque sentem-se sozinhas e julgadas, excluídas e incompreendidas, eu sinto vontade de me sentar e chorar um rio de lágrimas", declarou Madonna em seu discurso. Um vídeo sobre diversas formas de preconceito, extraído da última turnê da popstar, foi exibido durante a cerimônia. Nele são relacionados fotos e nomes de jovens norte-americanos que cometeram suicídio após serem vítimas de discriminação sexual.  

 

A cantora ainda comparou os efeitos trágicos do bullying a outras formas de segregação social, como os conflitos de origem política e racial. "Não é diferente de um supremacista branco enforcando um negro em uma árvore antes do movimento pelos direitos civis. Não é diferente de um membro do Talibã atirando na cabeça de uma garotinha que escrevia um blog sobre a importância de se receber educação", exemplificou Madonna.

 

O problema dos escoteiros

Há cerca de um ano, a Aliança Gay e Lésbica Contra Difamação (Glaad) iniciou uma campanha midiática para chamar atenção sobre os casos de discriminação ocorridos no Movimento Escoteiro dos EUA. Em abril de 2012, a chefe escoteiro Jennifer Tyrrell foi excluída da corporação por ser lésbica e revelou que a organização possui uma política interna de rejeição a membros com manifestações homossexuais. Líderes e membros em vários postos da organização demitiram-se em apoio à jovem.

 

Uma campanha da Glaad iniciada no mês seguinte chegou a reunir 300 mil assinaturas entregues no Encontro Anual dos Escoteiros na Flórida, com pedidos para que o grupo pusesse fim ao histórico de discriminação contra homossexuais e pela readmissão de Jennifer. Até o momento, depois de perder patrocínios e acordos de cooperação com diversas entidades em sinal de repúdio, o Movimento Escoteiro ainda não se manifestou sobre a suspensão da política interna.

 

Jornalista dono de 5 Emmys pretende se casar com companheiro em Nova Iorque
 

Homenageado da noite

Anderson Cooper, âncora e repórter da CNN, foi homenageado pela Glaad na promoção dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros por sua proeminência como homossexual assumido em posição de destaque na mídia norte-americana. Aos 45 anos e com uma carreira de duas décadas, suas reportagens já conquistaram 5 Emmys, o grande prêmio da TV estadunidense.

 

O trofeú da Glaad entregue a Cooper leva o nome de Vito Russo, pesquisador de cinema e escritor que dedicou-se a analisar o modo como a imprensa e o cinema retratavam os homossexuais nos anos 80. A lista de celebridades que já receberam a estatueta inclui a cantora k.d. lang, a comediante Rosie O'Donnell, o ator Allan Cumming, o designer Tom Ford, o fotógrafo David LaChapelle e o cantor Ricky Martin.