Não é exagero dizer que muitos telespectadores esperam a hora de Juliano Cazarré entrar em cena na novela Avenida Brasil para dar boas risadas. A ingenuidade do ex-gari Adauto, que vive trocando as palavras – amnésia por magnésia, por exemplo –, atrai principalmente as mulheres, que veem nele um tipo de príncipe encantado às avessas.
O tipo físico dele também deixa o mulherio alvoroçado, a exemplo do que já havia acontecido com o seu primeiro trabalho de destaque na TV, como o Ismael de Insensato coração – na trama, ele era o capanga da vingativa Norma (Glória Pires) e amante da ambiciosa Eunice (Deborah Evelyn).
Avenida Brasil é a segunda novela de Cazarré, que, no entanto, acumula um vasto currículo no cinema. Além de participar com destaque do filme A festa da menina morta, integrou o elenco de grandes produções, como Tropa de elite, Bruna Surfistinha e Assalto ao Banco Central e atualmente está em cartaz no longa Febre do rato. São 16 filmes no total.
Com 32 anos, uma outra faceta de Cazarré é o lado poeta. Seu primeiro livro, Pelas janelas, será publicado em breve pela Editora Dublinense. “Todos os poemas falam, de alguma maneira, de janelas, físicas ou metafóricas”, explica o ator/escritor, que curte o bom momento profissional mas lamenta não ter tempo para escrever. “Infelizmente, tenho escrito menos do que gostaria”, diz.
Sobre suas fontes de inspiração, ele comenta: “Escrevo poemas curtos que se comunicam com um possível e eventual leitor. Escrevo sobre uma coisa bonita que vejo, um momento singelo. Trabalho com o humor e a ironia”. Já sobre a estreia tardia na TV e o sucesso de Adauto, ele é modesto: “Foi bom poder amadurecer como ator antes de encarar a televisão”.
Você já tem no currículo 16 filmes, mas em televisão é seu segundo trabalho. Você relutou em fazer televisão?
Não, eu simplesmente fui fazendo o que aparecia, e um filme foi puxando o outro até que um dia fui convidado para a minha primeira novela. E foi bom poder amadurecer como ator antes de encarar a televisão.
O cinema exige mais do ator do que a televisão?
Não. Para atuar há sempre exigências. Tem que estar ali, presente, concentrado e criativo. E mesmo nos dias em que tenho poucas cenas ou poucas falas, chego em casa cansado, porque atuar demanda muita energia.
Cinema era prioridade na sua vida?
Como disse antes, eu nunca fiz planos, fui trabalhando conforme surgiam convites, conforme passava nos testes. É claro que amo o cinema e estou louco para fazer um filme assim que der, mas estou feliz na televisão e espero que consiga fazer outros bons trabalhos ali.
Você acha que a pressão é maior para um ator quando o trabalho é em horário nobre da Globo?
Nunca parei para pensar sobre isso, pois é o tipo de pensamento que poderia trazer um medo ou uma tensão que dificultaria o trabalho. Sempre me concentrei em atuar, em fazer boas cenas, não importava se era na novela, ou se era com um grande ator, como Glória Pires ou Wagner Moura.
O Adauto tem provocado boas risadas no público. Foi amor à primeira vista por esse personagem?
Foi. As minhas primeiras cenas já foram com o Adauto surtando, jogando dinheiro para o alto, e foi muito divertido fazer. E conforme foram chegando mais cenas e os atores foram se entrosando, ficou mais legal ainda.
As cenas com o quarteto amoroso Adauto, Muricy (Eliane Giardini), Leleco (Marcos Caruso) e Tessália (Débora Nascimento) ainda vão render muito?
Sim, vem muita coisa boa e divertida por aí.
O que você poderia nos contar?
Não posso contar nada, estamos em um momento de sigilo. (risos)
O que você mais preza em sua carreira profissional?
Eu prezo la qualidade do meu trabalho. Tento chegar sempre com o texto bem ensaiado, dormir bem, me alimentar direito. Enfim, estar sempre bem disposto para ter energia e criatividade para trabalhar direito.
Além de ator, você é também poeta? Sobre o que costuma escrever?
Poemas curtos e que se comuniquem com um possível e eventual leitor. Escrevo sobre uma coisa bonita que vejo, um momento singelo, trabalho com certo humor e ironia.
Com a correria da vida, ainda tem tempo para fazer poesia?
Tenho escrito muito menos do que gostaria.
Pensa em publicar um livro?
Sim, em breve sairá meu primeiro livro, Pelas janelas, pela Editora Dublinense. Todos os poemas falam, de alguma maneira, de janelas, físicas ou metafóricas. O cinema pode ser uma janela, ou janelinha de avião, as janelas do pintor Hoper (Edward Hoper), ou como o poeta Mário Quintana nos descreveria, uma janelinha, e assim por diante...
Quais os planos profissionais para depois de Avenida Brasil?
Meu único plano é poder descansar um pouco ao lado da minha mulher e dos filhos.