Honrada com a presença ilustre, a dona da barraca se gaba de já conhecer o Beiçola pessoalmente. “Em toda eleição, eu monto uma barraca no Mackenzie, e ele já havia comido lá”, lembra dona Maria. De fato, o hábito de consumir pastel na feira começou em São Paulo, onde o artista nasceu, em 1956, e continuou no Rio de Janeiro, cidade onde ele mora desde 1987. “Vou a uma feira em Botafogo, mas os pastéis de lá não são como os de São Paulo.”
TRAJETÓRIA
Nascido no Ipiranga, Marcos Oliveira diz sentir falta da gastronomia local, não queria mais morar na capital paulista. “Estava triste em São Paulo. Perdi muitos amigos para a aids. Estava difícil acreditar em mim como ator. Resolvi procurar uma nova realidade no Rio.” E encontrou: hoje, é chamado de Beiçola por onde passa. Inclusive na feira em frente ao Pacaembu. “O Beiçola tem ingenuidade e simplicidade”, diz Oliveira, sobre a abordagem carinhosa. “Para divulgar meus trabalhos sempre dou essa referência. Sou um ator que tem nome, sobrenome e apelido.”
Entre pastéis de carne e palmito na feira, ele ouvia provocações como “quando você vai pegar dona Nenê?” ou “hoje o Beiçola vai pagar pastel para todo mundo”. Genuinamente engraçado, Oliveira mostra ser bom de papo – e de garfo. Colecionador compulsivo de Tupperwares, aprendeu a rir das próprias manias. “Tenho quase 200 potes, guardo até debaixo da cama. É uma coisa doentia.” Ele só não gosta de badalação, apesar de ser solteiro, assim como Beiçola. “A coisa afetiva não deu muito certo para mim”, afirma.
Marcos Oliveira tem 50 anos de idade e 30 de carreira. Seu próximo plano, além do teatro e de A grande família – seriado que grava pelo menos três vezes por semana –, é cantar para a terceira idade, com mais cinco músicos. “Quero ser crooner. Não quero cantar para vender CD.”