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PANDEMIA

Ivo Faria lamenta o fim do Vecchio Sogno: 'Momento de muita tristeza'

- Foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press - 29/4/15Ivo Faria é o tipo de chef que sempre recebia as pessoas com um sorriso largo. Seja no salão de seu restaurante, o Vecchio Sogno, criado há 25 anos em Belo Horizonte, ou nos eventos de gastronomia nos quais ele costuma ser presença das mais festejadas. E com toda razão.



Em 1996, Ivo e o sócio Memmo Biadi abriram o Vecchio Sogno. Em pouco tempo, o chef e a casa ganharam as páginas dos jornais, tornando-se referência dentro e fora de Minas Gerais. A sociedade da dupla terminou em 2001.

“O respeito adquirido ao longo dos anos, o trabalho digno, a formação de equipes e chefs no Vecchio – com carreira aqui, nos Estados Unidos e no Rio de Janeiro – é uma das grandes alegrias que tenho em minha vida”, afirma Ivo.

Com prazer, ele relembra as barreiras quebradas pelo empreendimento. “O Vecchio Sogno foi a primeira casa com presença marcante do cozinheiro no salão. Foi o primeiro restaurante a ter sommerlier”, enumerou nesta terça-feira (19/01), ao conversar com a reportagem por telefone, depois da reunião com 40 funcionários. O ponto no Santo Agostinho, que pertence à Assembleia Legislativa, será entregue até o fim de janeiro.



Ivo informou à equipe que as atividades serão suspensas a partir da próxima semana. “Quando você começa a acumular despesas e dívidas, tem de ser inteligente para dar pausa. Resolvi fazer tudo às claras, comuniquei à mídia para evitar especulações”, diz.

O jeitão alegre e festeiro desse chef, que é parte da história da gastronomia brasileira, parece ter se apagado. Em pouco mais de 20 minutos, a entrevista foi interrompida por várias pausas. Silêncio emocionado.

“Se o Memmo estiver vendo tudo isso, deve estar tão triste quanto eu”, diz Ivo, lembrando o parceiro, que morreu no ano passado. “São 60 famílias sem renda”, afirma, preocupado com a situação dos funcionários, contando que dispensou 20 funcionários em 2020.



Ao citar o encontro com os empregados, o chef faz outra pausa para tomar fôlego. Revela que recebeu o apoio deles, que lhe desejaram força. “Foi um momento de muita tristeza, mas também de demonstração da forte amizade deles comigo. Neste momento, estão comigo, me apoiando. Saíram me agradecendo.”

Ivo revela que foi a decisão mais difícil de tomar em 25 anos de Vecchio Sogno. E faz mais uma pausa.


ON-LINE

No sábado, 23 de janeiro, o Vecchio Sogno vai se despedir dos clientes. Nestes tempos de pandemia, isolamento social e interrupção do funcionamento de bares e restaurantes devido ao decreto da prefeitura de BH, o adeus será marcado por um jantar finalizado por Ivo, durante live fechada na plataforma Zoom.

As encomendas poderão ser feitas até sexta-feira (22/1), ao meio-dia. Cada caixa, para duas pessoas, custa R$ 320.

Depois do fim do Vecchio Sogno, Ivo Faria vai levar sua experiência para a internet. Com apoio técnico do filho, Bruno, e da nora, Mayra, ele desenvolve um curso sobre queijos e como fazer o laticínio em casa (parceria com Renata de Paoli). Também anuncia aulas sobre técnicas de cozinha e molhos.



Futuramente, o chef deve abrir outro restaurante. Já existem conversas com investidores sobre uma casa no Belvedere ou na Vila da Serra. “Mas é preciso esperar. Sem pressa, sem atropelos. Não sabemos o que vai acontecer”, conclui.

OUTRO ADEUS

O restaurante francês Au Bon Vivant, que funcionou durante oito anos em BH, chega ao fim em 31 de janeiro. Comandada pela chef Silvana Watel e por Phillipe Watel (foto), a casa anunciou o encerramento das atividades no Instagram. “Termos desfrutado da companhia de vocês nesses quase oito anos de vida foi uma linda escola, um enorme prazer, uma inesquecível aventura”, diz o texto postado pelo casal.

“Se o restaurante e o delivery vão parar de existir, o local se transformará, ainda com a chef Silvana, para fazer desabrochar outros sabores numa história bem diferente. Prometemos novidades em breve”, afirma o comunicado. Silvana e Phillipe convidam: “Antes da despedida final em 31/1, aproveitem os pratos mais amados do legítimo francês de BH”.