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REINVENÇÃO

Famoso na noite de BH, Paco Pigalle lança Prato Pigalle na pandemia

A casa Paco Pigalle, hoje instalada no Floresta (em registro fotográfico de 2017), já teve 12 endereços na capital mineira - Foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press

Paco Pigalle está há 56 anos neste mundo. Cidadão francês nascido em Casablanca, filho de marroquino com espanhola, chegou ao Brasil nos anos 1980 e aportou em Belo Horizonte em 1989. Sempre com um pé lá, outro cá, há mais de 30 anos o DJ e produtor cultural é referência de noite, boa música e bom papo na capital mineira.



O bar dançante que leva seu nome, a partir do primeiro local, na Avenida João Pinheiro com Rua Bernardo Guimarães, já teve 12 endereços na cidade. Mas, desde 2003, ele sentou o pé no número 2.314 da Avenida do Contorno, no Floresta. 

“A nossa profissão não teve chance de adaptação. Você pode entregar pizza, jornal, mas não pode fazer festa. E aglomeração é a essência da nossa atividade”, diz ele, que está com o Paco Pigalle, obviamente, fechado desde março.

Pois como tanta gente, Paco também vem se reinventando na pandemia. Leva o nome de Prato Pigalle o serviço de entrega de pratos criados sob influência da cultura mediterrânea. Foram concebidos em parceria com o chef Alain Patrick Ducasse, francês radicado em BH, que vem de uma experiência de mais de uma década com o Taste Vin – e não tem, diga-se de passagem, parentesco algum com seu homônimo, célebre papa da cozinha.


MOUSSAKAS

Entre as opções estão as moussakas (R$ 33, para uma pessoa), tradicionais na culinária do Oriente Médio, à base de berinjela, molhos branco e de tomate. Há duas versões: a clássica (berinjela, molho bechamel, molho de tomate e carne moída) e a vegetariana (troca-se a carne pelo tofu).

Já a espanhola paella tem três opções, com porções também para uma pessoa: Hueartana (arroz condimentado e cozido com pimentão vermelho, ervilha, vagem, cenoura, champignon e brócolis, R$ 33), Campesina (arroz condimentado e cozido com linguiça de paio, cortes de frango e porco, R$ 38), Valenciana (arroz condimentado e cozido com frutos do mar, R$ 45). O cardápio ainda abriga quiches e pratos executivos. 

Os pratos saem de uma casa em frente ao bar. Antes da pandemia, Paco havia alugado a casa de número 2.419 na Contorno. Faria ali o Pigallossaurus. “Eu, com a minha idade, estava achando menos graça na discoteca. Vou lá a trabalho para tocar para os filhos da galera. A ideia é fazer o Pigallossaurus para o pessoal do milênio passado, os ‘pigallianos’ das antigas”, ele diz.




Mesmo que o projeto do bar tenha sido interrompido, assim que as coisas se normalizarem ele planeja reabrir a antiga casa e inaugurar a nova. “A estrutura estava pronta, com cozinha e tudo. Mas, pela primeira vez na minha vida, todas as portas se fecharam e os projetos caíram (ele tinha contratos para tocar em festas em outros países)”, comenta.

Viver da noite por tantas décadas nem sempre é fácil. “Vivo bem. Mas quando vejo novos bares abrindo e fechando, vejo que tive sorte. Meus pais tinham um restaurante em Pigalle (bairro boêmio de Paris), mas nunca trabalhei nele. Quando cheguei aqui e abri meu bar, fui extremamente amador. Acho que o sucesso veio do amadorismo, pois não entendia a profissão. Por isso nunca fiz igual aos outros. Toco samba, mas não no carnaval, posso tocar Fernanda Abreu em 2020, mas não em 1995 (quando ela estava no auge). Estou sempre na contramão.”



Uma das opções de moussaka oferecidas no cardápio do serviço de entrega - Foto: Paco PIgalle/Divulgação

PERIFERIA

A música do mundo, o que se ouve nas festas e nos bares de Paco – por anos ele teve o programa de rádio Nômade – é algo que vem de sua própria trajetória. “Cresci na periferia de Paris, morava em um prédio de 12 andares, com 10 apartamentos por andar. Nesses prédios da periferia, nem sempre o elevador funciona. Pela escada, quando passava no sétimo andar, eram só moradores dos Andes; no sexto, da antiga Iugoslávia; no quinto, só africanos. No meu prédio havia umas 20 nacionalidades. Quando saía do meu apartamento no 11º andar, eu passava pelos quatro continentes.”

E música e comida são os primeiros passos para a descoberta de uma nova cultura. “Virei mineiro, então sou desconfiado. Só vamos reabrir quando liberarem mesmo. Não tenho pressa, não vou fazer adaptação da famosa fita de dois metros (entre uma mesa e outra). Como cortaram a corda da música, da aglomeração, do show, agora a viagem tem que ser gustativa”, diz.
   
PRATO PIGALLE
• Pedidos devem ser feitos pelo aplicativo iFood de segunda a sexta, das 11h às 15h. Informações: (31) 98313-7980.