Não é segredo: na “capital dos botecos”, Santa Tereza é um dos principais redutos da celebrada boemia mineira. Porém, uma das ruas do bairro se destaca pela concentração de bares. Ao longo de 900 metros, a Mármore é o endereço de pelo menos 16 deles. Além da variedade de opções para o público, que pode passar o dia e depois varar a madrugada de porta em porta, por ali o antigo e o novo se encontram.
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“Coincidentemente, meu pai se chama Walter e meu irmão Walter Júnior. Então ficou assim, mudando apenas para Butiquim. Nossa ideia é manter o público tradicional e, ao mesmo tempo, trazer algo novo”, diz. O carro-chefe são as marcas de cerveja nacionais populares e clássicos da botecagem mineira, como a porção de torresmo de barriga (R$ 24) e a almôndega recheada com queijo (R$ 10 a unidade). Tudo devidamente harmonizado com o samba.
CHORO
Mesmo com espaço interno diminuto, o bar recebe três eventos musicais por semana. Terça-feira é o dia do chorinho, com o grupo Choro da Mercearia. Às quintas e sábados, tem samba, com grupos convidados. Sempre animados, os eventos não passam das 22h30, garante Daniel.
“Prezo muito a vizinhança, até porque também sou morador da rua. Temos muitos bares, mas é uma região residencial, com muitas pessoas mais velhas”, afirma ele, que leva a política da boa vizinhança ao pé da letra também com outros estabelecimentos.
Alguns metros abaixo, na esquina da Mármore com a Praça Duque de Caxias, fica um dos caçulas da rua, que já se tornou point badalado. O Santa Maloca se estabeleceu há menos de um ano no casarão erguido em 1927, onde antes funcionava um antigo mercado. O amplo espaço permitiu ao músico Leandro Morais realizar o sonho de montar um bar dedicado à música ao vivo.
“Santa Tereza é um bairro musical, como é a Lapa carioca. As pessoas passam, veem a roda de samba e entram. A ideia era fazer algo parecido”, explica.
O samba ganha destaque às sextas, aos domingos e até na segunda-feira, dia do Bloco dos Pescadores. Porém, a programação eclética guarda espaço para o forró, às terças, além de MPB, reggae e jazz, nas quintas e sábados.
A casa não cobra entrada, apenas couvert artístico opcional. “Nossa ideologia é democratizar a música”, diz Leandro, que administra o bar com os sócios Gustavo Camargo e Thiago Guedes. Para a freguesia acompanhar o ritmo, o foco são os chopes artesanais de marcas mineiras (a partir de R$ 5; 300ml) e petiscos em porções individuais – batata rústica, pastel de angu ou costelinha com molho de goiabada; R$ 25, em média. Tudo pode ser adquirido no balcão.
Santa Maloca virou o destino de quem está em outros bares da Mármore e deseja estender a noite. “No começo, foi difícil, mas investimos na acústica. Nossa programação musical não rouba a cena de ninguém. Pelo contrário, muitas casas fecham às 22h e o pessoal vem para cá. Temos uma relação muito boa com os outros bares”, diz Leandro. “Nossos bares se complementam. Meus eventos não passam das 22h30, então muita gente se reúne e desce para o Santa Maloca, pois os shows deles vão até mais tarde. Não há concorrência, é união”, concorda Daniel Leite, do Butiquim do Walter.
Rua Mármore, 181. De terça a domingo, das 16h à meia-noite. Informações: www.instagram.com/butiquimdowalter
SANTA MALOCA
Rua Mármore, 418. Segunda e terça, das 18h à meia-noite; quinta a sábado, das 18h à meia-noite; domingo, das 13h à meia-noite. Informações: www.instagram.com/santamaloca
Desce a saideira!
A conexão boêmia se estende por vários quarteirões da Mármore. “Quando o Santa Maloca fecha, por volta de meia-noite, muita gente desce pra cá para tomar a saideira e comer uma almôndega”, conta Nivaldo Benedito Bicalho, dono da Mercearia do Nivaldo, que compartilha a calçada com o bar Santa Boemia e com a igreja de Santa Tereza.
Comerciante no bairro há 35 anos, Nivaldo montou sua pequena venda no local em 1999. Com o tempo – e quase por acaso –, o negócio se diversificou. Hoje, é um dos destinos gastronômicos mais procurados de Santa Tereza. “As pessoas vinham fazer compras na mercearia e acabavam bebendo uma cerveja. Comecei a fazer tira-gostos no improviso, sempre variando. Deu certo. Hoje, muita gente vem só por isso”, conta ele. A casa também comercializa produtos de limpeza, velas e outros artigos de mercearia, mas chega a vender cerca de 100 almôndegas nos dias mais agitados.
Preferida
A almôndega custa R$ 10 e vem no prato como molho, queijo, batata e pão. É a preferida dos clientes, que se acomodam em banquetas na estreita calçada ou nos balcões. Outros petiscos preparados e servidos pessoalmente por Nivaldo são o bolinho de carne empanado (R$ 10), a porção de torresmo de barriga (R$ 10; 100g) e a iguaria do dia, que pode ser pé de porco ou rabada. O dono diz que “precisa de umas férias”, mas comemora o movimento. “Santa Tereza tem essa tradição de bares e nossa localização na Mármore é muito boa, perto da praça. Lá sempre tem algum evento e as pessoas acabam circulando por aqui.”Até a esquina com a Rua Dores do Indaiá, onde a Mármore termina, a “via-sacra” de bares inclui alguns queridinhos da boemia local, como o Desde 1999, cujo nome indica o tempo de funcionamento, e o 1000Ton, que segue a linha simples e tradicional. Entre os novatos estão o Mundim Santê e o Dejavú, vizinho de porta e parceiro do Santa Maloca. Lá também está o lendário Bolão, com a filial que funciona apenas para almoço entre as ruas Estrela do Sul e Tenente Durval, e o salão do bar original, na Praça Duque de Caxias.
MERCEARIA DO NIVALDO
Rua Mármore, 120. Diariamente, das 12h à meia-noite. Informações: www.instagram.com/mercearia.nivaldo
VIA-SACRA
» Ethanol
. Rua Mármore, 30
» Eskina Colombo
. Rua Mármore, 42
» Mercearia do Nivaldo
. Rua Mármore, 120
» Butiquim do Walter
. Rua Mármore, 181
» Mundim Santê
. Rua Mármore, 224
» Dejavú
. Rua Mármore, 418
» Santa Maloca
. Rua Mármore, 418
» Mármore 450
. Rua Mármore, 450
» Santa Boemia
. Praça Duque de Caixias, 143
» Western House
. Rua Mármore, 593
» Felinos
. Rua Mármore, 626
» Caçapa's
. Rua Mármore, 644
» Bolão II
. Rua Mármore, 681
» Bar do Jairo
. Rua Mármore, 689
» Desde 1999
. Rua Mármore, 758
» 1000Ton
. Rua Mármore, 825