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Gastronomia argentina faz gol de placa em BH

Gastón Almada comanda o Massa Madre, no Lourdes - Foto: Tulio Santos/EM/D.A PressÉ possível viajar até a Argentina sem sair de Belo Horizonte. Pelo menos numa “excursão” de sabores. Casas na cidade oferecem iguarias típicas dos hermanos, como empanada, locro, papa (batata) e alfajor. A mais recente delas é a Massa Madre, que abriu as portas em setembro do ano passado na Avenida Álvares Cabral, perto da Praça da Assembleia.

A especialidade da Massa Madre são as famosas empanadas, que fizeram a fama de nossos vizinhos, apesar de não serem originalmente argentinas. “É a mesma coisa do macarrão, que é chinês, mas acabou associado à Itália. A empanada veio do Oriente e é produzida em vários países da América do Sul”, explica Gastón Almada, de 37 anos, proprietário da casa.

“Quem conhece o nosso país sabe que em cada esquina tem uma pizzaria, influência da colonização italiana, e uma casa de empanadas. A gente as come todos os dias, em qualquer ocasião”, ressalta Gastón, que é natural de Morón, cidade na província de Buenos Aires.

Morando há três anos em Belo Horizonte, o chef se formou em gastronomia, administração e publicidade, mas só recentemente se dedicou integralmente à culinária. “Por ser de família de descendência italiana, sempre gostei de cozinhar.
Cheguei a ter um restaurante que fazia eventos menores em Buenos Aires, atendia meio que de portas fechadas. Quando vim para o Brasil – primeiro, Brasília; depois, BH – é que a coisa engrenou”, explica.

O pequeno negócio, com capacidade para atender 16 pessoas, tem prosperado. Massa Madre – nome de um fermento natural utilizado em pães – é também homenagem a Marta, mãe de Gastón, que faleceu em 2015. “Ela fazia as melhores empanadas do mundo. Aliás, a receita que uso é dela.” No entanto, Gastón fez adaptações. Em sua terra natal, a massa leva banha de boi, produto que não é facilmente encontrado no Brasil. “Aqui, é mais comum a banha de porco, mas a consistência da massa fica diferente.
Então, até para conquistar veganos e vegetarianos, estou utilizando óleo vegetal”, revela.

O cardápio tem 13 sabores. Os clássicos são carne criolla (carne bovina, alho, ovo cozido, azeitonas verdes e cominho), humita (molho bechamel, noz-moscada, cebola, milho-verde e pimenta calabresa) e Fugazzeta (cebola, orégano, alho e muçarela). Há várias criações de Gastón: mineira (linguiça na cachaça, muçarela e ovo de codorna), caponata (berinjela, abobrinha, cebola, alho, azeitona preta e pimenta calabresa), frango com curry (frango desfiado, manteiga, leite e curry especial) e pera com gorgonzola (pera cozida em vinho branco e açúcar com gorgonzola e muçarela). A unidade custa R$ 7. Duas promoções fazem sucesso: três unidades por R$ 20 e seis por R$ 35.
Empanadas conquistaram o paladar mineiro - Foto: Tulio Santos/EM/D.A Press
 
CHORIPÁN 

Gastón Almada também prepara sanduíches. O tradicional choripán (pão francês, linguiça artesanal, chimichurri da casa, vinagrete com salsa, cebola e tomate) custa R$ 10. O chori luxo (pão de leite, muçarela, linguiça artesanal, chimichurri da casa, maionese de manjericão e picles de cebola) custa R$ 15.

“Sou chef, dono, garçom, faxineiro”, conta Gastón, aos risos. “A gente faz de tudo.
Como a receptividade tem aumentado, decidi incluir novidades no menu. Agora tenho a colaboração de um compatriota”, comenta. Gabriel Baranda prepara os alfajores de maisena e doce de leite (R$ 3,50) e o artesanal triple chocolate (R$ 6,50). Outra opção de sobremesa é a empanada de doce de leite e queijo canastra (R$ 7).

O Massa Madre oferece massas frescas, outro legado de dona Marta. Entre elas, nhoque de batata-baroa (R$ 20), ravióli de queijo brie e damasco (R$ 23) e fagotine de muçarela e alho-poró (R$ 20). Os molhos são especiais: ragu de linguiça de porco (linguiça, cebola, alho, tomate, vinho tinto, orégano e manjericão), do chef (tomates naturais, azeitonas pretas, cebola, alho e manjericão) e pesto de castanha verde (castanha-do-pará, manjericão, rúcula e maria-gondó).

Para acompanhar as iguarias, há cervejas e vinhos argentinos e o famoso Fernet, aperitivo muito consumido pelos hermanos. “Nem sempre consigo produtos legítimos argentinos, então compro muita coisa no Mercado Central. Aquele lugar é a Disney pra mim”, revela Gastón. “A comida mineira mudou a minha relação com a gastronomia. Minas tem uma identidade culinária que não há em nenhum outro lugar do Brasil.
Amo tutu, tropeiro, todos os pratos”, ressalta.



A casa do Che

Outro hermano que aposta no mercado gastronômico de BH é Nicolás Pecchio, de 46 anos, que mora há quase 20 no Brasil. Em 2013, ele abriu o Che Nico – Sabores Argentinos no então Mercado das Borboletas, no Mercado Novo, onde funcionou durante três anos.

“Saímos de lá, mas continuamos fazendo eventos como churrascos e distribuindo nossas iguarias em outros espaços de Belo Horizonte”, conta. Ao lado de dois sócios – o argentino Marcelo Alejandro Gomez e a brasileira Pollyanna dos Santos –, ele abriu, no começo de julho, a nova sede do bistrô, no Carmo, com capacidade para 40 pessoas.

O prédio do restaurante abriga uma escola de tango e o Centro Cultural Minas Argentina. Trilha sonora, fotos e painéis com personalidades argentinas – Messi, papa Francisco, Evita, Ricardo Darín, Jorge Luis Borges, Astor Piazzolla e Mercedes Sosa – deixam o espaço com aquele jeito típico de Buenos Aires.

O menu traz o carro-chefe da casa, empanadas de vários sabores (R$ 7), e o choripán Che Nico, pão francês, linguiça calabresa, vinagrete e chimichurri (R$ 18), além do molho chimichurri artesanal, vendido lá e no Mercado Central por R$ 25.

As carnes fazem sucesso. O bife de chorizo (350 g de contrafilé) com fritas e molho a escolher (al verdeo, cheddar e bacon e tomate picante) custa R$ 55 e é uma boa pedida para tira-gosto. Se a mesa for grande, a sugestão é a parrillada mixta (1kg de mix bovino, suíno, frango ao limão e linguiça calabresa com batatas assadas e molhos variados). O preço é R$ 110.

Argentinos adoram batatas. Entre as sugestões estão a porção de batatas bravas (batatas assadas com molho de tomate picante; R$ 28) e a tortilla de papas (torta de batata, ovos, queijo e tomate; R$ 30). Outro prato típico é o locro completo, uma espécie de feijoada argentina, porém bem mais leve, com cozido de carnes, linguiças, feijão-branco, canjica, abóbora e molho picante de cebolinha (R$ 18).

Entre as postres – ou melhor, sobremesas –, a panqueca recheada com doce de leite argentino quente vem com sorvete de creme. As peras al malbec são cozidas no vinho tinto e também vêm com sorvete de creme.
Ambas custam R$ 16. Para acompanhar, há a cerveja hermana Patagonia (R$ 25, garrafa grande). O cliente encontra vinhos argentinos (de R$ 70 a R$ 80 a garrafa) e drinques como a sangria (coquetel de vinho tinto, conhaque, suco de laranja, refrigerante de limão e gelo; R$ 10) e o fernet com cola (licor argentino fernet branco com coca; R$ 25).

PIONEIRO

Em 2004, BH estreitou sua relação com a culinária argentina graças ao Pizza Sur, casa comandada pelo chef hermano Gustavo Roman. A primeira sede funcionou na Rua Cláudio Manoel, na Savassi, sempre focando na pizza retangular de massa fininha, que caiu no gosto do mineiro. Atualmente, o restaurante conta com três unidades: na Rua da Bahia, em Lourdes, na Rua Levindo Lopes, na Savassi, e na Rua Major Lopes, no São Pedro, dentro da Casa Falke. O cardápio especial harmoniza com as bebidas da Falke, oferecendo tábuas de frios, empanadas, pizzas e finger foods. O preço das pizzas varia de R$ 28 a R$ 60 e o das empanadas de R$ 8 a R$ 9,50.



Os hermanos

CHE NICO SABORES ARGENTINOS
. Rua Grão Mogol, 531, Carmo. (31) 99118-2456. Abre de quarta a sábado, das 18h à meia-noite.

MASSA MADRE
. Av. Álvares Cabral, 1.411, Lourdes. (31) 98236-4763. Abre segunda, das 11h às 19h; de terça a sexta, das 11h às 20h; e sábado, das 12h às 17h. Tem delivery.

PIZZA SUR
. Rua da Bahia, 1.764, Lourdes. (31) 3222-8077. Abre diariamente, das 11h30 à meia-noite.
. Rua Levindo Lopes, 96, Savassi. (31) 2515-9696. Abre de domingo a sexta, das 11h à meia-noite; sábado, das 16h30 à meia-noite.
. Rua Major Lopes, 623, São Pedro (31) 2551-4300. Abre diariamente, das 16h às 23h. Funciona dentro da Casa Falke.
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