Quando se mudaram da Síria para o Brasil, em 2014, refugiados, os amigos John Eshak e Elyan Sokkar não imaginavam que em apenas cinco anos criariam um dos estabelecimentos alimentícios de sucesso em Belo Horizonte. O Sítio Sírio, especializado em gastronomia árabe – que começou, literalmente, pequeno na Rua Paraíba, na Savassi –, não só expandiu a matriz como acaba de abrir uma unidade no Funcionários e vai inaugurar outra, em junho, no Vila da Serra. Esta última funcionando num contâiner. O segredo do sucesso? “Além da comida de qualidade e do atendimento, a gente rala muito, cerca de 14 horas por dia, e de segunda a sábado. Para quem quer trabalhar não existe crise”, ressalta John.
Agora eles contam com um novo sócio, Alaa Sokkar, irmão de Elyan, que chegou há oito meses a BH. O trio vai se revezar nas três casas. “É como diz aquele velho ditado de vocês: ‘o olho do dono é que engorda o gado’. Por enquanto, estamos ficando muito no Funcionários, porque é mais recente, e na Savassi já está mais consolidado e contamos com uma clientela fiel. Mas temos de nos revezar ainda mais com a nova loja que está chegando no Vila da Serra”, comenta Elyan. Há novas atrações para além de todos os quitutes que conquistaram o paladar dos belo-horizontinos. Destaques para o quibe (R$ 6,50), o bolinho de falafel, feito de grão de bico (R$ 2,50), e o carro-chefe, o sanduíche de shawarma (kebab), seja o de frango, servido todos os dias (o grande custa R$ 22, e o pequeno, R$ 12) ou o de cordeiro, só às sextas (o grande a R$ 26,90, e o pequeno, R$ 16,90).
A principal novidade da filial que fica na Getúlio Vargas, em frente à Praça ABC, são os pratos executivos montados ao gosto do freguês, a R$ 25. O cliente pode escolher entre três tipos de arroz: o oriental (amêndoa e ervilhas), de lentilhas ou com berinjela; duas opções de carne (kafta com batata ao forno ou coxa com sobrecoxa e batata ao forno) ou vagem à moda síria para os veganos. A guarnição tem como acompanhamento uma salada que pode ser o tradicional tabule (triguilho, tomate, cebola, salsa, hortelã e outras ervas) ou o fattoush (alface, tomate, pepino e pão sírio torrado).
A entrada é uma sopa de lentilhas que até o dia 24 de junho sairá de graça. “Percebemos que o público aqui é mais família, quer se sentar, almoçar. Lá na Savassi as pessoas fazem um lanche mais rápido ou aproveitam para levar pra casa. A ideia desse novo empreendimento é mostrar o nosso potencial, a nossa diversidade”, frisa John Eshak, que credita o sucesso do Sítio Sírio ao fato de o mineiro valorizar a cozinha familiar e também por haver muitos descendentes de sírios e libaneses na cidade. “E a nossa comida tem essa questão afetiva. Aprendemos a cozinhar com a nossa família. Vira e mexe, a gente escuta alguém falando que quando vem aqui, lembra da comida da avó”, relata.
Juntas, as três casas vão empregar 50 funcionários. John acredita que eles não deixam de ser um exemplo de como o refugiado pode também ser sinônimo de sucesso. “O Brasil nos ajudou muito no nosso começo e então é a hora de retribuir, contratando brasileiros para trabalhar conosco. Refugiado não é um coitadinho, algo negativo. É importante as pessoas conhecerem esse outro lado da gente, ou seja, de que demos certo e estamos felizes e realizados”, destaca.
COLADINHO NA MATRIZ
Na contramão da crise, outros bares e restaurantes da capital estão se expandindo. É assim com o Bitaca da Capetinga, no Anchieta. Há cerca de cinco anos, Felipe Faleiros, morador do bairro, decidiu inaugurar uma espécie de empório em parceria com os pais. Daí veio o nome bitaca. O Capetinga homenageia a cidade natal, no Sudoeste do estado. Pouco tempo depois, Valéria Profeta e Guilherme Lopes se associaram aos vizinhos. O empreendimento deu tão certo que ganhou neste ano uma nova unidade e a poucos metros da matriz, na Rua Francisco Deslandes. “Decidimos abrir mais um não só porque o outro não está comportando tanta gente, como quisemos fazer algo diferenciado também. O novo tem muita coisa do cardápio do primeiro, mas o foco é a comida de vitrine, do boteco tradicional”, conta Valéria.
Muitos dos petiscos levam frutos do mar, como o vinagrete de polvo e a salada de bacalhau, mas não faltam os tradicionais de boteco, como carne de panela, pé de porco, língua e almôndega. “É para consumo imediato. E a pessoa serve a quantidade que quiser, a partir de 100g, já que é no peso. Pode consumir tanto aqui no bar como levar pra casa. Nós também oferecemos almoço nos fins de semana”, observa. A proximidade entre as duas casas é por uma questão de logística. A cozinha que atende os estabelecimentos fica ao lado da filial. “Aqui já tinha uma cozinha industrial porque havia um restaurante nesse espaço. A central de produção é concentrada toda aqui”, conta. Valéria Profeta acrescenta que a Bitaca mais recente traz ainda o chope Albanos, que varia entre R$ 7 e R$ 10, mas os drinques e as cervejas tradicionais também estão no menu. “Aqui é menor, tem alguns vantagens como o fato de fazer reserva, o banheiro é mais acessível. Aos poucos, as pessoas estão nos descobrindo”, diz.
União de preço e diversificação
Foi apostando na dobradinha porco e chope artesanal que no fim de 2017 os sócios Diogo Manfredini Araújo e José Araújo Netto decidiram criar o Porks, no São Pedro. Mesmo sendo do Paraná, eles não pensaram duas vezes em abrir a primeira unidade na capital mineira justamente por causa da aceitação da carne suína e da cerveja por aqui. “Deu tão certo que um tempo depois acabamos abrindo um em Curitiba, de onde somos. Lá já temos quatro, e BH ganhou recentemente o terceiro”, celebra Diogo. Inaugurado há dois meses, o Porks da Rua Tomé de Souza, próximo ao Tobogã da Contorno, traz a mesma tônica das demais casas: música ao vivo sem couvert e os tira-gostos no estilo comida de rua. Um dos que mais fazem sucesso é a costelinha ao molho barbecue servida num copinho térmico, que sai a R$ 15. Os sanduíches também costumam agradar bastante à clientela, como o Porks bacon burguer, feito com blend de costelinha, bacon em fatias e queijo cheddar, e que custa R$ 10. Para acompanhar, os chopes – sobretudo os mineiros – que variam de R$ 5 a R$ 20. “É um projeto que possibilita a abertura de outras lojas porque tem uma comida e uma bebida a preço acessível e de qualidade, atendimento no balcão, sem garçom, o que é mais prático e mais barato. Nós também usamos louça descartável, o que diminui o custo”, explica Diogo.
Um outro grupo que vem crescendo é o Almanaque. O primeiro foi aberto em 2008, no Minas Shopping. Dois anos depois, veio a do Shopping Cidade e, em 2011, a decisão de sair para a rua. A unidade da Pium-í, uma das ruas mais badaladas da cidade, fez com que o bar e restaurante se tornasse mais conhecido. No fim do ano passado, nasceu o filho caçula, o da Savassi. “Graças a Deus, estamos bem estabelecidos no mercado, com muitos clientes fidelizados e bons parceiros”, celebra um dos sócios, Vando Fontes. A nova filial traz novidades, como growleria de chopes artesanais, adega com cerca de 100 rótulos de vinho e carnes nobres. “Você escolhe o corte que quer, qual a carne, quanto quer. Como são carnes importadas, o preço varia entre R$ 70 e R$ 90 (500g). Os vinhos fizeram tanto sucesso que acabaram sendo replicados para as outras unidades”, afirma.
O empresário diz que já há algum tempo eles estavam de olho na Savassi, região que atrai, sobretudo, turistas de negócio. “O público acaba sendo esse e também de quem mora ou estuda ali perto. Temos bufê a quilo todos os dias, o que é outro diferencial. Acredito que o belo-horizontino comprou a nossa ideia, gosta do que oferecemos e por isso temos tido muito êxito. Não temos do que reclamar”, ressalta.
Em expansão
» ALMANAQUE (foto)
Av. Cristiano Machado, 4.000, União, Minas Shopping.
(31) 3425-7233. De segunda a domingo, das 12h às 2h. Rua Rio de Janeiro, 910, Centro. Shopping Cidade (31) 3214-4983. De segunda a segunda, das 12h às 23h.Rua Pium-í, 675, Anchieta.
(31) 3287-9044. De segunda a segunda das 17h à 1h. Sábado, domingo e feriado: das 12h à 1h.Rua Alagoas, 626, Savassi (31) 3047-2759. Todos os dias 12h à 1h.
» BITACA DA CAPETINGA
Rua Francisco Deslandes, 529 e Francisco Deslandes, 104, Anchieta. (31) 97118-3911. De terça a
quinta-feira, das 15h às 22h. Sexta, das 12h às 23h. Sábado, domingo e feriado, das 12h às 17h.
» PORK’S
Avenida Nossa Senhora do Carmo, 550, São Pedro. Avenida Brasil, 1.348, Funcionários. (Praça Tiradentes). Rua Tomé de Souza, 28, Funcionários. Aberto de terça a quinta, das 17h à 0h; sexta e sábado, das 17h30 à 1h; e domingo, das 16h às 0h.
» SÍTIO SÍRIO
Rua Paraíba, 1.378, Savassi.
(31) 3654-4222. De segunda a sábado, das 9h à 0h
Avenida Getúlio Vargas, 498, Funcionários. De segunda a sábado, das 7h às 23h
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A principal novidade da filial que fica na Getúlio Vargas, em frente à Praça ABC, são os pratos executivos montados ao gosto do freguês, a R$ 25. O cliente pode escolher entre três tipos de arroz: o oriental (amêndoa e ervilhas), de lentilhas ou com berinjela; duas opções de carne (kafta com batata ao forno ou coxa com sobrecoxa e batata ao forno) ou vagem à moda síria para os veganos. A guarnição tem como acompanhamento uma salada que pode ser o tradicional tabule (triguilho, tomate, cebola, salsa, hortelã e outras ervas) ou o fattoush (alface, tomate, pepino e pão sírio torrado).
A entrada é uma sopa de lentilhas que até o dia 24 de junho sairá de graça. “Percebemos que o público aqui é mais família, quer se sentar, almoçar. Lá na Savassi as pessoas fazem um lanche mais rápido ou aproveitam para levar pra casa. A ideia desse novo empreendimento é mostrar o nosso potencial, a nossa diversidade”, frisa John Eshak, que credita o sucesso do Sítio Sírio ao fato de o mineiro valorizar a cozinha familiar e também por haver muitos descendentes de sírios e libaneses na cidade. “E a nossa comida tem essa questão afetiva. Aprendemos a cozinhar com a nossa família. Vira e mexe, a gente escuta alguém falando que quando vem aqui, lembra da comida da avó”, relata.
Juntas, as três casas vão empregar 50 funcionários. John acredita que eles não deixam de ser um exemplo de como o refugiado pode também ser sinônimo de sucesso. “O Brasil nos ajudou muito no nosso começo e então é a hora de retribuir, contratando brasileiros para trabalhar conosco. Refugiado não é um coitadinho, algo negativo. É importante as pessoas conhecerem esse outro lado da gente, ou seja, de que demos certo e estamos felizes e realizados”, destaca.
COLADINHO NA MATRIZ
Na contramão da crise, outros bares e restaurantes da capital estão se expandindo. É assim com o Bitaca da Capetinga, no Anchieta. Há cerca de cinco anos, Felipe Faleiros, morador do bairro, decidiu inaugurar uma espécie de empório em parceria com os pais. Daí veio o nome bitaca. O Capetinga homenageia a cidade natal, no Sudoeste do estado. Pouco tempo depois, Valéria Profeta e Guilherme Lopes se associaram aos vizinhos. O empreendimento deu tão certo que ganhou neste ano uma nova unidade e a poucos metros da matriz, na Rua Francisco Deslandes. “Decidimos abrir mais um não só porque o outro não está comportando tanta gente, como quisemos fazer algo diferenciado também. O novo tem muita coisa do cardápio do primeiro, mas o foco é a comida de vitrine, do boteco tradicional”, conta Valéria.
Muitos dos petiscos levam frutos do mar, como o vinagrete de polvo e a salada de bacalhau, mas não faltam os tradicionais de boteco, como carne de panela, pé de porco, língua e almôndega. “É para consumo imediato. E a pessoa serve a quantidade que quiser, a partir de 100g, já que é no peso. Pode consumir tanto aqui no bar como levar pra casa. Nós também oferecemos almoço nos fins de semana”, observa. A proximidade entre as duas casas é por uma questão de logística. A cozinha que atende os estabelecimentos fica ao lado da filial. “Aqui já tinha uma cozinha industrial porque havia um restaurante nesse espaço. A central de produção é concentrada toda aqui”, conta. Valéria Profeta acrescenta que a Bitaca mais recente traz ainda o chope Albanos, que varia entre R$ 7 e R$ 10, mas os drinques e as cervejas tradicionais também estão no menu. “Aqui é menor, tem alguns vantagens como o fato de fazer reserva, o banheiro é mais acessível. Aos poucos, as pessoas estão nos descobrindo”, diz.
União de preço e diversificação
Foi apostando na dobradinha porco e chope artesanal que no fim de 2017 os sócios Diogo Manfredini Araújo e José Araújo Netto decidiram criar o Porks, no São Pedro. Mesmo sendo do Paraná, eles não pensaram duas vezes em abrir a primeira unidade na capital mineira justamente por causa da aceitação da carne suína e da cerveja por aqui. “Deu tão certo que um tempo depois acabamos abrindo um em Curitiba, de onde somos. Lá já temos quatro, e BH ganhou recentemente o terceiro”, celebra Diogo. Inaugurado há dois meses, o Porks da Rua Tomé de Souza, próximo ao Tobogã da Contorno, traz a mesma tônica das demais casas: música ao vivo sem couvert e os tira-gostos no estilo comida de rua. Um dos que mais fazem sucesso é a costelinha ao molho barbecue servida num copinho térmico, que sai a R$ 15. Os sanduíches também costumam agradar bastante à clientela, como o Porks bacon burguer, feito com blend de costelinha, bacon em fatias e queijo cheddar, e que custa R$ 10. Para acompanhar, os chopes – sobretudo os mineiros – que variam de R$ 5 a R$ 20. “É um projeto que possibilita a abertura de outras lojas porque tem uma comida e uma bebida a preço acessível e de qualidade, atendimento no balcão, sem garçom, o que é mais prático e mais barato. Nós também usamos louça descartável, o que diminui o custo”, explica Diogo.
Um outro grupo que vem crescendo é o Almanaque. O primeiro foi aberto em 2008, no Minas Shopping. Dois anos depois, veio a do Shopping Cidade e, em 2011, a decisão de sair para a rua. A unidade da Pium-í, uma das ruas mais badaladas da cidade, fez com que o bar e restaurante se tornasse mais conhecido. No fim do ano passado, nasceu o filho caçula, o da Savassi. “Graças a Deus, estamos bem estabelecidos no mercado, com muitos clientes fidelizados e bons parceiros”, celebra um dos sócios, Vando Fontes. A nova filial traz novidades, como growleria de chopes artesanais, adega com cerca de 100 rótulos de vinho e carnes nobres. “Você escolhe o corte que quer, qual a carne, quanto quer. Como são carnes importadas, o preço varia entre R$ 70 e R$ 90 (500g). Os vinhos fizeram tanto sucesso que acabaram sendo replicados para as outras unidades”, afirma.
O empresário diz que já há algum tempo eles estavam de olho na Savassi, região que atrai, sobretudo, turistas de negócio. “O público acaba sendo esse e também de quem mora ou estuda ali perto. Temos bufê a quilo todos os dias, o que é outro diferencial. Acredito que o belo-horizontino comprou a nossa ideia, gosta do que oferecemos e por isso temos tido muito êxito. Não temos do que reclamar”, ressalta.
Em expansão
» ALMANAQUE (foto)
Av. Cristiano Machado, 4.000, União, Minas Shopping.
(31) 3425-7233. De segunda a domingo, das 12h às 2h. Rua Rio de Janeiro, 910, Centro. Shopping Cidade (31) 3214-4983. De segunda a segunda, das 12h às 23h.Rua Pium-í, 675, Anchieta.
(31) 3287-9044. De segunda a segunda das 17h à 1h. Sábado, domingo e feriado: das 12h à 1h.Rua Alagoas, 626, Savassi (31) 3047-2759. Todos os dias 12h à 1h.
» BITACA DA CAPETINGA
Rua Francisco Deslandes, 529 e Francisco Deslandes, 104, Anchieta. (31) 97118-3911. De terça a
quinta-feira, das 15h às 22h. Sexta, das 12h às 23h. Sábado, domingo e feriado, das 12h às 17h.
» PORK’S
Avenida Nossa Senhora do Carmo, 550, São Pedro. Avenida Brasil, 1.348, Funcionários. (Praça Tiradentes). Rua Tomé de Souza, 28, Funcionários. Aberto de terça a quinta, das 17h à 0h; sexta e sábado, das 17h30 à 1h; e domingo, das 16h às 0h.
» SÍTIO SÍRIO
Rua Paraíba, 1.378, Savassi.
(31) 3654-4222. De segunda a sábado, das 9h à 0h
Avenida Getúlio Vargas, 498, Funcionários. De segunda a sábado, das 7h às 23h