Em BH, os bares e sua gastronomia são populares durante todo o ano. No entanto, esta época, em especial, ressalta os sabores da noite da cidade. Até 11 de maio, 35 estabelecimentos participam da sexta edição do festival Botecar, que celebra o congado, valorizando ingredientes ligados à cozinha interiorana e às raízes africanas com um toque de criatividade gourmet. O evento conta com o apoio do Estado de Minas e da TV Alterosa.
“Mantendo a tradição de destacar aspectos da nossa cultura, homenageamos a festa realizada em tantas localidades, especialmente em Minas. A coroação do rei do Congo ocorre desde o século 17. Os pratos têm nomes, ingredientes e cores ligados a ela”, explica Antônio Lúcio Martins, idealizador do Botecar.
Cada casa teve liberdade para montar as receitas seguindo esse tema.
“Coroado vem da tradição folclórica do rei do Congo. Quisemos mostrar não só a festa, mas o que era comido nas senzalas. Então, não usamos carne nobre. Cupim não é de primeira linha, assim como os acompanhamentos, mas são todos muito saborosos. Trazemos a ideia do 'capitão', hábito muito conhecido no interior de usar as mãos e farinha para comer”, explica Cecília Ramirez, responsável pelo bar.
PORQUETA
O Barbazul, no Funcionários, concorre com o Caipora, porqueta à pururuca acompanhada de cuscuz de fubá e cebola caramelizada. “O congado inspirou o nosso prato. Buscamos aqueles tempos da roça em que o fubá era a base da alimentação, daí o cuscuz. O porco é nossa especialidade e preparamos o torresmo de barriga enrolado, como se fosse um rocambole. O nome faz referência ao caipira e ao folclore”, explica José Márcio Ferreira, o Marcinho, dono da casa. De acordo com ele, a cebola caramelizada dá o toque “de criatividade final” ao prato, vendido por R$ 36,90.
No Botecar há espaço para misturar sabores e sotaques. Especializado na culinária nordestina, o Temático, em Santa Tereza, apresenta o Frevo mineiro: ragu de linguiça, salada de feijão-de-corda e farofa de cuscuz (R$ 36,90).
“O congado faz parte do nosso folclore. Como sou nordestino, tento trazer as linguagens de lá para esse contexto. Então, pensamos numa farofa do Nordeste, que é o cuscuz, além da salada de feijão-de-corda com pedaços de queijo coalho. Colocamos o nome de Frevo mineiro pelo colorido do prato”, conta o pernambucano Paulo Benevides, o Bené, dono do bar.
O preço das iguarias do Botecar varia de R$ 20 a R$ 39,90, servindo de duas a três pessoas. Ao fim do festival, o melhor será escolhido pela clientela, que receberá cédulas de avaliação em cada casa, e também por um corpo de jurados. A programação completa está disponível no site https://www.botecar.com.br
BUTECO COM 'U'
Até 12 de maio, outro festival mobilizará 52 bares da capital: o Comida di Buteco. Criado em 2000, em BH, o evento se estendeu por 21 cidades brasileiras.
O conceito é privilegiar os “butecos com u”, ou seja, estabelecimentos cuja principal característica é a espontaneidade, com donos à frente do negócio, que não pertencem a redes ou franquias.
Todos os petiscos concorrentes custam R$ 20. Ao final, além do vencedor de cada cidade, será eleito o melhor “buteco” do Brasil. Em Minas, o evento é realizado em BH, Juiz de Fora, Uberlândia, Montes Claros, Poços de Caldas, Timóteo, Ipatinga e Coronel Fabriciano. A lista de participantes pode ser acessada em https://www.comidadibuteco.com.br.