A culinária árabe é marcante na cena gastronômica de BH. Empórios e restaurantes típicos fazem sucesso seja pela intensa imigração de turcos e libaneses, que desembarcaram na capital mineira no início do século 20, seja pela vinda de refugiados para a cidade desde o início da guerra civil na Síria, em 2011. Em ambas as épocas, essa cozinha foi espaço de criatividade, sobrevivência e reinvenção.
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Apesar da dificuldade de acesso a temperos e condimentos especiais – muitos ingredientes vêm de Brasília e São Paulo –, o investimento foi bem-sucedido. Inicialmente pequena, a lanchonete já ocupa lojas ao lado. Nos próximos meses, o Sítio Sírio vai abrir um restaurante no Bairro Funcionários, com maior dedicação a pratos especiais.
Entre os fregueses fiéis estão descendentes de árabes que vivem em BH. “Muitos clientes dizem que nosso cardápio lembra a comida da avó. Aprendi a cozinhar com minha mãe, isso dá um sabor diferente às receitas. Quando eles comem o primeiro quibe, levam 10 para casa”, garante Eshak.
SHAWARMA Sempre em busca de novidades, o chef acrescentou recentemente ao cardápio os charutos de folha de uva (R$ 7; 100g), recheados com arroz e carne ou arroz e tomate. Entre as pedidas mais tradicionais está o shawarma, sanduíche típico que leva frango com pasta de alho, salada de repolho, picles e tomate (R$ 10,90, pequeno; R$ 18,90, grande). Para quem não come carne, o recheio de falafel sai pelo mesmo preço.
Também é possível montar o próprio prato (R$ 70/1kg), com três tipos de pastas e salada, além de uma opção de carne. Estão disponíveis cafta, quibe cru, frango assado e cordeiro.
O quibe frito pode ser recheado com carne (R$ 5,90), catupiri ou batata com grão-de-bico. Há ainda esfirra de espinafre com ricota (R$ 5), três queijos (muçarela, ricota e catupiri; R$ 5), zaatar (tradicional tempero libanês; R$ 5) e carne (R$ 5,90). A vitrine de doces típicos tem baklawa (de pistache com nozes) e halawe (de pistache com gergelim) – R$ 5, preço médio.
VOVÔ A tradição familiar é a receita do sucesso de Maria Márcia de Campos, proprietária do Ibrahim, na Pampulha. O nome é homenagem a Ibrahim Sheik, avô de seu marido, que deixou a Síria e veio morar em BH ainda jovem. Ao abrir o empório, Maria Márcia contou com a ajuda da enteada e do marido dela, ambos com formação gastronômica, que comandam outro restaurante árabe: o Omã, no Anchieta.
“Se você traçar um mapa dos restaurantes árabes em BH, vai perceber que muitos vêm da união de familiares ou são administrados por descendentes que dão continuidade ao negócio dos pais”, observa Maria Márcia. “A comida que sirvo é a mesma que fazemos na casa da minha sogra, com receitas familiares de charutinho e quibe”, conta.
O cliente monta seu próprio prato, com proteína, pasta e acompanhamento (R$ 18,90), sempre com salada na entrada e finalizado com cebolas crocantes. As opções variam a cada dia da semana: quibe cru, cordeiro, frango caramelizado com grão-de-bico e charuto na folha de repolho ou de uva, entre eles. Sexta-feira é dia da galinhada árabe, enquanto o cuscus marroquino é servido no sábado.
Para beliscar, a legítima esfirra árabe vem com recheio de carne, frango ou alho-poró com ricota (R$ 6, cada). E também berinjela e quatro queijos com rúcula e tomate confitado (R$ 7, cada). O shawarma do Ibrahim é especial: leva pastinha de grão-de-bico, tahine, alface-americana, tomate, cebola caramelizada e proteína à escolha (frango grelhado, kafta ou falafel; R$ 19).
VOVÓ O restaurante Cheik’s, no Anchieta, leva o sobrenome dos irmãos Henrique e Nazir, que administram o local. A relação com a cozinha síria vem da avó, dona Maria Abdalla, nascida naquele país. “Árabes têm tradição muito forte na cozinha. Quando minha mãe, descendente de italianos, entrou para a família, teve que aprender a cozinhar com minha avó”, conta Nazir.
Ele garante a receita de quibe Cheik, mantida em segredo, é especial. A iguaria está disponível por unidade (R$ 6) e em porção (R$ 30, com 10 miniquibes). O falafel é usado em recheio de sanduíche (R$ 19,90) e em porção com homus (R$ 30; 10 unidades).
O baba ganoush, tradicionalmente feito com berinjela, é outra receita aprendida com dona Maria. Criação dos Cheiks, o baba ganoush de jiló defumado e tahine também faz sucesso. O patê que tem o sobrenome da família leva especiarias árabes.
As sobremesas artesanais são preparadas pela tia, Yara Cheik, e inclui pedidas diets. Uma delas é o dedo aberto de castanha de caju e ninhos de pistache, damasco e amêndoas (R$ 9, cada).
CHEIK’S
Av. dos Bandeirantes, 1.299, loja 7, Anchieta. (31) 3657-9398. Aberto de terça a quinta, das 11h às 22h; sexta e sábado, das 11h às 23h; domingo, das 10h às 16h.
IBRAHIM
Av. Coronel José Dias Bicalho, 587, São José, Pampulha. (31) 3495-0194. Aberto de segunda a sexta, das 9h30 às 19h30; sábado, das 9h30 às 15h.
SÍTIO SÍRIO
Rua Paraíba, 1.378, Savassi. (31) 3654-4222. Aberto de segunda a sexta, das 9h à 0h.