Marcelo é florista e engenheiro florestal, Flávia é nutricionista e Sarah, turismóloga e barista. Os irmãos Oliveira uniram seus ofícios e suas paixões e abriram um negócio, há pouco mais de três meses, o Floresça Café. Localizado numa casa rosada tombada pelo patrimônio histórico na Rio Grande do Norte, quase esquina com avenida Brasil, o espaço abriga um café, uma floricultura e um restaurante. “Eu já alimentava essa ideia há alguns anos. Percebemos que havia muitos cafés espalhados por Belo Horizonte. Mas por que não trazer um diferencial e integrá-lo às flores e à gastronomia saudável? No fim das contas, a gente reuniu a profissão de cada um e foi assim que o Floresça nasceu”, conta Marcelo.
Responsável pelo cardápio, Flávia diz que o trio procurou uma região bem localizada onde houvesse a demanda por um estabelecimento do tipo, considerando a já existente concentração de cafés na Savassi e em Lourdes. “Como há aqui em volta colégios, faculdades e muitos consultórios, certamente tem uma procura, ainda mais por cafés especiais, que estão em alta”, afirma.
saiba mais
Bar temático de torcedores do Atlético, Pulero receberá evento gastronômico
Restaurante Green Up tem menu natural, à base de ingredientes frescos e saudáveis
Restaurante de BH dá nome de Marielle Franco a sanduíche e gera revolta
Menu secreto e roteiro misterioso: uma nova experiência gastronômica chega a BH
Conheça o izakaya Dona Tomoko, o legítimo botequim japonês em BH
Entre os comes que mais agradam estão o pão de queijo da casa (R$ 4,50), receita da matriarca da família, e o bolo gelado de coco (R$ 10), que faz lembrar os bolos da infância e vem embrulhado em papel alumínio. “É um resgate emotivo. A gente também tem a opção do bolo do dia. Como privilegiamos a alimentação saudável e natural, fazemos questão de trabalhar com produtos sazonais. Então, se for época de mexerica, por exemplo, ela entra no suco e no bolo”, esclarece a chef.
Aos sábados, o brunch – com entrada, prato principal, sobremesa e bebida (cabe ao cliente montar o seu cardápio) – já começa a ganhar adeptos e, em breve, deve disponibilizar uma carta de drinques. No quesito bebidas, além dos sucos do dia (R$ 7, a jarra) e das cervejas artesanais, são os cafés que atraem os frequentadores – expresso (R$ 6), variações de coado (R$ 8), mocha (R$ 12) e mocha mineiro (R$ 12). “O café com que trabalhamos valoriza o trabalho do produtor, o processo desde o plantio até a colheita. O sabor acaba sendo muito diferente, porque ele não é ultraprocessado. O grão é moído na hora, e isso é essencial para o café especial”, diz Sarah.
Já a parte florida da casa, que também tem funcionado como coworking, fica a cargo de Marcelo, que tem trabalhado com arranjos desconstruídos e com flores secas. Os preços variam entre R$ 35 e R$ 110, dependendo do tamanho. “Mas tem flores e plantas frescas também. Tudo com que trabalhamos valoriza a produção familiar, produtos com impacto social e preocupação ecológica”, diz ele.
GALERIA
Aberta no sábado passado, a Clóvis Galeria Café, na rua Ceará, próximo à praça ABC, é comandada pelos irmãos Felipe e Fred Birchal, contador e artista visual, respectivamente. O local engloba uma galeria de arte e um café. Assim como o Floresça, eles priorizam o pequeno produtor e a fabricação artesanal. “Acho que as pessoas já estão saturadas dessas coisas industrializadas. Pode até ser um pouco mais caro o produto artesanal, mas o cliente ganha em outras questões, como saúde e sabor”, avalia Felipe.
Entre as sugestões estão o brownie de creme de avelã sem glúten (R$ 10), fatias de bolo do dia (R$ 8), cookies (R$ 7) e a torrada especial (R$ 10), feita de pão de fermentação natural. Ela é servida com abacate, queijo canastra e um antepasto que pode ser de pesto rosso ou pesto tradicional. Outra aposta é a queca, bolo recheado de frutas, castanhas e nozes, cuja receita foi trazida pelos ingleses que vieram para a Mina de Morro velho, em Nova Lima. “É uma receita que foi adaptada e só é encontrada em Nova Lima. Por uma feliz coincidência, meu bisavô veio da Inglaterra para trabalhar na Mina de Morro Velho. Não deixa de ser um resgate”, diz Fred.
Os cafés (entre R$ 6 e R$ 8) são preparados pela barista Iara Resende, que também confecciona as cerâmicas em que são servidos os comes e bebes. Inicialmente, a cafeteria servirá dois tipos de grãos e utilizará quatro métodos de extração – expresso, V60 (com uma técnica de filtro de papel), aeropress (por meio de pressão do ar feita manualmente por um êmbolo) e prensa francesa (o café fica em infusão com a água e é filtrado por uma prensa). “A ideia é que o mesmo grão de café proporcione sabores e aromas distintos, dependendo do tipo de extração. Por isso, não vamos focar em drinques de café”, diz Fred Birchal
Artista visual, ele decidiu unir arte e galeria por considerar esse um casamento perfeito. “Queremos fazer um mapeamento de artistas não só de BH, mas da região metropolitana e também não apenas das artes plásticas. A nossa galeria/café é ampla e pode receber, além de exposições, lançamentos de livros, pocket shows, teatro”, afirma. A exposição que inaugurou a Clóvis Galeria Café – o nome é homenagem ao pai dos sócios, que faleceu em 2003 – é As formas da cultura pop, com 22 ilustrações digitais inspiradas em museus, artistas musicais e títulos de Hollywood, todas assinadas por Fred Birchal.
“Unir café e arte tem tudo a ver. Acredito que o café especial terá o mesmo boom que as cervejas artesanais tiveram. E uma galeria de arte assim acaba sendo mais acessível ao público. Muita gente se intimida quando vai a um espaço como esse, e nossa ideia é justamente aproximar a arte do público. A pessoa entra aqui para tomar um café, comer um pão de queijo e aproveita e aprecia uma obra de arte”, afirma Felipe.
COZINHA NATURAL
A alimentação saudável faz parte do cotidiano da família Farah há muitos anos. Márcia Farah comanda o restaurante Nascente, no Sion, um dos primeiros de BH especializado em comida vegetariana, enquanto Rossano, seu marido, administra uma loja de produtos naturais no Mercado Distrital do Cruzeiro. É lá também que Marina e Luísa Farah, filhas do casal, abriram o Formoso Cozinha Natural, há 7 anos. O restaurante funciona de segunda a segunda, com um enxuto cardápio fixo e uma opção de “prato do dia” – R$ 16,10 (pequeno) e R$ 19,70 (grande) – que não se repete.
“Trabalhar em família é mais tranquilo porque, se você tiver que brigar ou resolver um problema, está tudo em casa mesmo. Até para fazer as pazes é mais fácil”, afirma Luísa, que é jornalista e aderiu ao projeto do restaurante depois de Marina, a responsável pelo cardápio. O Formoso oferece opções veganas (sem nenhum ingrediente de origem animal) e vegetarianas (que podem conter queijo, leite e ovos). Um dos carros-chefes é o bife de soja com arroz e salpicão – R$ 17 (pequeno) e R$ 21,50 (grande). “A gente prepara nossa própria maionese; é bem caseiro mesmo e por isso ele faz muito sucesso. Temos opções de sobremesas também, como a torta de banana e a de ameixa, que custam R$ 8”, diz Luísa. Ela revela que a maior parte dos clientes durante a semana não são necessariamente veganos ou vegetarianos. “Hoje em dia, há uma busca por uma alimentação mais equilibrada e saudável. Pelo menos de segunda a sexta, muita gente opta por isso. Mas o público do fim de semana é majoritariamente formado por quem não consome carne”, explica.
PUXADINHO DOS SOGROS
Produtos artesanais, laços de família e um espaço aconchegante. O Estação Santo Antônio, no Santo Antônio, nasceu dentro da floricultura de Júlio César Campanha e Arlete Dutra, que foi ampliada e se transformou também em um bar. “O espaço é grande, por isso decidimos criar esse estabelecimento. Por enquanto, só o bar está funcionando, mas a ideia é fazer um café, mesmo porque tem tudo a ver com o lugar, que lembra uma estação de trem”, comenta Paulina Sant’Anna, nora de Júlio César e Arlete, que montou o bar em sociedade com o marido, Pedro Dutra, e o cunhado Diógenes Pires.
Ninguém do clã tinha tido uma experiência do gênero, tanto que o estabelecimento abre só depois que eles deixam seus empregos “convencionais”. “Ainda estamos no começo, mas está dando certo. Já temos recebido muitos grupos para festas de confraternização e aniversários, já que o espaço é grande. Trabalhar em família tem o lado bom e o ruim, mas, no geral, as coisas estão fluindo bem”, diz.
Praticamente todo o cardápio é produzido por eles, como as bolinhas de batata com queijo (R$ 15,90), os dedinhos de frango crocante (R$ 19,90) e a porção de pão de queijo com rosbife (R$ 17,90). As cervejas variam entre R$ 14 e R$ 24,90 sendo que as long necks custam R$ 7. O cardápio de drinques tem opções como o Inferno de Gabriela – rum, licor Gabriela (cravo e canela), suco de limão, ginger ale, espuma de gengibre, decorado com pimenta dedo de moça (R$ 20). “A gente quis valorizar os produtos de Minas tanto nas comidas quanto nas bebidas, por isso temos muitos drinques com cachaça. Nossa intenção é variar o cardápio de acordo com cada estação do ano. Em setembro, com a chegada da primavera, vamos ter algumas alterações para sempre dar uma renovada”, afirma Paulina.
Receita caseira
Clóvis Galeria Café – Rua Ceará, 1.584, Funcionários. De segunda a sexta, das 11h às 20h. Exposição em cartaz: As formas da cultura pop, de Fred Birchal, até 11/10.
Estação Santo Antônio – Rua Carangola, 446, Santo Antônio.
(31) 99504-4606. De terça a quinta, das 18h à 0h. Sexta, das 18h à 1h. Sábado, das 16h à 1h.
Floresça Café – Rua Rio Grande do Norte, 311, Santa Efigênia. (31) 3786-2744. De segunda a sexta, das 9h às 20h. Sábado, das 10h às 15h.
Formoso Cozinha Natural – Rua Ouro Fino, 452, Cruzeiro. (31) 3889-8273. De terça a sábado, das 8h às 16h30. Domingo, das 8h às 14h30. Segunda, das 8h às 15h.