Os brasileiros são hegemônicos nos gramados, com cinco títulos mundiais. Os belgas tentam ocupar um lugar de protagonismo através do talento de De Bruyne, Lukakau e Hazard e outros atletas que surgiram com destaque no futebol europeu recentemente. Porém, na cevada a situação é inversa. Enquanto o país europeu é referência global com sua tradição secular na produção cervejeira, os brasileiros vêm buscando um espaço na mesa principal nos últimos anos.
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Ousadia e abadia
Se no futebol muitos apontam a irreverência do jogador brasileiro como a chave para tanto sucesso ao longo da história, Fabiana Arreguy destaca que a cerveja belga também vence pelo vasto repertório. “Outro fator que faz da Bélgica uma grande produtora de cerveja é a criatividade.
Nós temos os craques e eles as trapistas
Desde que a FIFA criou o prêmio Bola de Ouro, entregue anualmente ao melhor jogador do mundo, foram 14 premiados, sendo cinco deles brasileiros. No mundo da cerveja, a Bélgica se orgulha de ter a maior concentração de cervejas trapistas do mundo. O que é isso? “É um selo, uma cerveja que só pode ser produzida nos mosteiros de uma ordem específica, a dos Cistercienses Reformados de Estrita Observância. São poucos em todo o mundo, apenas 11, sendo seis na Bélgica”, ensina a especialista.
Se nos orgulhamos de Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho e Kaká, além, é claro, dos craques anteriores ao prêmio, como Pelé, Garrincha e companhia, a escalação da tradição belga tem as seguintes cervejarias: Rochefort , Achel, Orval, Westmalle, Vleteren Oester e Chimay.
Na Copa da Cerveja já ganhamos deles
Não é brincadeira, existe uma “Copa do Mundo da Cerveja”.
Se no futebol é melhor nem lembrarmos de 2014, naquele mesmo ano o Brasil conquistou seu primeiro título mundial na cerveja. E, assim como em 1958, foi graças a um mineiro. A dubbel da Wals, produzida em BH, foi eleita a melhor do mundo desse estilo tipicamente belga. A quadruppel da marca ficou com o segundo lugar na categoria. Neste ano, a Wals ganhou mais um título, desta vez, com a sua Brut, novamente com um estilo belga.
Os prêmios serviram para coroar o progresso cervejeiro do país nos últimos anos, com um crescimento de 200% no número de fábricas de 2013 para cá. No entanto, a “ótima geração brasileira” ainda precisa progredir muito para igualar a tradição belga. Em 10 anos de World Beer Cup, são três ouros para o Brasil, contra 41 da Bélgica.
“O Brasileiro é muito estudioso nesse sentido, tem buscado se aprimorar, buscado cursos lá fora. Hoje temos várias escolas no Brasil voltadas para isso, disseminando processos cada vez mais apurados. Sobretudo, temos evoluído muito para encontrar nossos próprios ingredientes e dar o DNA brasileiro à nossa cerveja. Mesmo que haja repetição dos estilos já consagrados, especialmente da Bélgica, temos usado frutas brasileiras, até lúpulo brasileiro, e hoje temos um olhar muito apurado para a produção cervejeira devido a esses prêmios”.
Faça seu duelo na cerveja: Brasil x Bélgica
Que tal um duelo nos copos enquanto Brasil e Bélgica se enfrentam na Copa? Fabiana Arreguy dá seis dicas de cervejas belgas e uma correspondente brasileira para você tomar durante a partida e comenta cada estilo. Mas vá com calma, pois algumas delas são bem mais alcoólicas que as do estilo pilsen, mais usuais no dia a dia do brasileiro.
1 )Wit - Hoegaarden x Leopoldina
“A wit é o estilo belga que mais se adapta ao nosso clima, tem laranja, coentro, é muito refrescante, muito adequada ao clima brasileiro. Hoegaarden é a mais icênica e uma wit muito interessante. Entre as brasileiras tenho indicado muito a da casa Leopoldina, do Rio Grande do Sul”.
2) Blonde - Leffe x Backer Medieval
“Um dos estilos que mais conhecemos é a o blonde por causa da Leffe, comprada há algum tempo pela InBev, mas produzida desde 1240. É um estilo ao qual as pessoas se adaptaram muito bem no Brasil. Uma Belgian Blonde muito boa é a da Backer Medival, aqui de Minas”.
3) Trippel - Westmalle x Bodebrown Montfort
“A trippel é um estilo criado pela abadia de Westmalle, em 1930, é recente comparada a outras, por isso a indico e a Bodebrown Montfort, de Curitiba.
4) Dubbel - Chimay Rouge x Verace Oroboro
“A dubbel da Wals ganhou como melhor do mundo em 2014, é um estilo belga de que as pessoas gostam muito, mas eu colocaria a Oroboro da Verace, que é uma cervejaria mais nova, aqui de Minas também”.
5) Saison - Dupont x Tupiniquim Caju
“É um estilo ao qual as pessoas se acostumaram bem por aqui. A Dupont é um exemplar desse estilo na Bélgica e a Tupiniquim de Caju tem o elemento brasileiro na taça do brasileiro. A saison nasce a partir do uso do que há de abundante naquela estação do ano”.
6) Quadruppel - Gulden Draak x Quadruppel da Wals
“Quadruppel é outro estilo belga e a da Wals foi eleita a segunda melhor do mundo em 2014”
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