Quem gosta de vinho costuma aliar o prazer da degustação a passeios por vinícolas e caves. Inspirado no sucesso do enoturismo, o “tour cervejeiro” cresce em Minas Gerais, sobretudo no Bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Lá estão cerca de 60 fábricas de craft beer (cerveja artesanal). Várias delas abrem as portas para que os fãs da bebida possam conhecer o processo de produção e aprender sobre a variada gama de sabores à disposição.
Verace, Backer e Krug Bier promovem regularmente visitas guiadas às respectivas fábricas. “Apresentamos os estilos. Temos mais de 20 tipos diferentes”, explica Túlio Silva, mestre cervejeiro da Verace. Como os estabelecimentos ficam próximos, os visitantes podem conhecer mais de uma no mesmo dia.
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Durante o passeio, o visitante tem a opção de experimentar a bebida pertinho do tanque onde ela é preparada. As réguas de degustação oferecem vários tipos de cerveja, o que permite conhecer estilos e famílias. Pedagógica, essa introdução ensina também sobre aromas, cores e paladares. Todos os sentidos são aguçados no universo cervejeiro. “Sensorialmente, é uma experiência muito rica. As pessoas saem deslumbradas”, garante Túlio Silva.
O tour não se limita aos amantes da bebida. “O bonito do evento é que costumam vir pessoas curiosas para saber como a cerveja é feita. Nem sempre são apreciadores.
De acordo com ele, o roteiro atrai pessoas das classes A e B, na faixa de 18 a 70 anos. Os públicos masculino e feminino se equivalem.
A gerente de marketing e eventos do Templo Cervejeiro da Backer, Tatiana Brito Paro, faz um lembrete importante: só maiores de 18 anos podem participar das visitas.
PALADAR
Quando alguém diz que não gosta de cerveja embora aprecie outras bebidas alcoólicas, Túlio pede que ele experimente o produto da casa. “A razão de não gostar pode ser o fato de a pessoa não ter descoberto a cerveja que agrade ao seu paladar. Se você gosta de beber, vai descobrir o seu estilo de cerveja”, garante ele, lembrando a imensa variedade à disposição.
“Alguns dizem ter gostado da mais amarga, que lembra o vinho. Outros amaram as cervejas com frutas”, comenta Túlio.
Mestres cervejeiros gostam de apresentar esse multifacetado universo aos não iniciados. “Temos cerca de 700 craft beers no Brasil. No entanto, o segmento representa cerca de 1,5% do mercado consumidor. Quase 99% do consumo de cerveja no Brasil é de um estilo só”, explica Túlio Silva. O especialista se refere à american lager, a cerveja industrializada mais produzida em todo o mundo, estilo preferido dos brasileiros. “É extremamente leve, não é tão amarga e de aroma sutil”, define.
Há dois tipos de cerveja.
OS QUATRO SEGREDOS
“No início, as visitas eram de pessoas interessadas em produzir cerveja. Agora, temos um público com perfil cada vez mais variado. As pessoas querem conhecer a fábrica, o fermentador e o tanque, além de apreciar o carisma do mestre cervejeiro. Os visitantes costumam gostar muito do ambiente fabril”, conta Rodolfo Viana Chagas, diretor comercial da Krug.
Especialistas elencam quatro motivos para a concentração de fábricas de cerveja artesanal no Jardim Canadá. O primeiro é a localização geográfica, pois o bairro está próximo da Região Sul de Belo Horizonte, onde há maior concentração de consumidores do produto. O segundo se deve ao fato de ser uma zona industrial, com infraestrutura para receber fábricas. A terceira razão é que, devido à Feira Experimente, o Jardim Canadá se tornou point dos amantes de cerveja artesanal. O evento exibe criações de produtores mineiros e de outros estados.
O quarto motivo é a qualidade da água, ingrediente fundamental da bebida.
“Quando a água é dura, gastamos muito para retirar os sais minerais. A água do Jardim Canadá já vem limpa e leve. A água de Belo Horizonte é boa, mas não é tão leve”, explica o especialista.
A água é tão importante na composição da bebida que, em alguns países, chega a ser recolhida nas nuvens antes de se transformar em chuva. Esse é o caso da Atrapaniebla, cerveja produzida na comunidade agrícola de Peña Blanca, no Norte do Chile.
Lições no Templo
Tatiana Paro, gerente de eventos do Templo Cervejeiro da Backer, conta que os visitantes aprendem sobre os insumos necessários para a fabricação de cerveja: malte, água, lúpulo e levedura. Também são detalhados os processos pelos quais passam esses insumos. O espaço oferece pratos e petiscos harmonizados com a bebida.
“A explicação começa no Templo. Já dentro da fábrica, os visitantes visualizam as panelas onde fazemos a braçagem, a fervura do processo inicial”, diz ela. O turista também assiste à primeira fervura do malte e acompanha o envase (quando as garrafas recebem higienização e o líquido), a pasteurização e a rotulagem.
A Backer produz 250 mil litros de cerveja por mês. São 18 rótulos. Outros nove, sazonais, são vendidos apenas no Templo. “Às vezes, estamos testando uma receita especial e ela desce para o Templo para ver se o público vai gostar”, conclui Tatiana.
PROGRAME-SE
» BACKER
Todos os sábados.
Das 10h às 11h e das 11h às 12h.
Se houver demanda, pode ser aberta a terceira turma,
das 12h às 13h. R$ 40
Rua Santa Rita, 220,
Bairro Olhos D’Água
Agendamento: (31) 3228-8888
» KRUG BIER
Todos os sábados.
Das 10h às 12h e das 12h às 14h
Rua Alaska, 115 A,
Jardim Canadá, Nova Lima
Vinte pessoas por turma. R$ 60
Agendamento: (31) 3507-0777
» VERACE
Segundo sábado de cada mês, de acordo com o calendário da Feira Experimente. Das 10h às 11h30
Avenida Canadá, 212, Jardim Canadá, Nova Lima
25 pessoas por turma. R$ 45
Agendamento: (31) 3541-6103
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