Ao voltar a Belo Horizonte depois de temporadas no exterior, oito amigos sempre tinham algo em mente: por que não montar um espaço que unisse gastronomia e produtos típicos mineiros?. O exemplo vinha do Mercado da Ribeira, em Lisboa. Porém, foram necessários alguns anos para transformar em realidade o sonho de Armando Guerra, Geraldo Nunes, Gercineide Castro, Felipe Tiradentes, Lucas Nunes, Lucas Vereza, Marcela Nunes e Renato Guerra. Nesta quinta-feira (8), a capital ganha o Mercado da Boca, que reúne o talento de 20 chefs numa área de 4 mil metros quadrados, no Jardim Canadá.
“O Ribeira é a nossa referência. Mas queremos ir além da proposta portuguesa e dar identidade local ao Mercado da Boca”, diz Marcela Nunes, que entrou para a sociedade com o pai, Geraldo, e o irmão, Lucas. “Ao longo do tempo, essas características ficarão mais evidenciadas com a realização de cursos de gastronomia e pela programação musical. Com curadoria de Leandro Rallo, a Loja do Mercado vai oferecer trabalhos de artistas mineiros”, conta ela.
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A ideia foi amadurecida aos poucos. “Já vínhamos fazendo pesquisas, até que começamos a conversar com Lucas (Vereza) e Felipe (Tiradentes). Por coincidência, o Armando Guerra e o filho dele, Renato, também tinham interesse em um projeto nessa direção”, recorda. “Nossa linha de pensamento era tão parecida que tudo funcionou muito bem. Unimos forças”, diz Marcela Nunes.
Renato Guerra conta que pesquisas foram feitas em várias regiões até a descoberta do prédio perfeito, que abrigou o Jardim Casa Mall, idealizado pela Bloc Arquitetura e Arlo Arquitetos. As obras demoraram seis meses, “prazo relativamente rápido pela complexidade do projeto, que tem 21 cozinhas e sete bares”, explica.
Outro foco dos empreendedores foi a seleção de chefs para ocupar os espaços do Mercado da Boca. “Fizemos o levantamento de nomes de referência na gastronomia mineira, requisito essencial ao negócio”, diz Renato Guerra.
Os chefs Rodrigo Zarife (o Zazá), Ivo Faria, Fred Trindade, Flávio Trombino e o francês Emmanuel Ruz se uniram ao empreendimento. Algumas marcas criaram perfis especialmente para o espaço. É o caso da La Boqueria (loja-conceito da confeitaria Boca de Forno), Clandestino (da Borracharia Gastro Bar) e Experiência Rullus (Rullus Buffet).
“O Mercado da Boca vai muito além de projetos semelhantes espalhados pelo mundo”, diz Túlio Pires, do Rullus Buffet, que preparou exclusividades para surpreender o público.
O chef Fred Trindade está convicto de que o mineiro aceitará bem a proposta, que inclui mesas comunitárias, “muito comuns no exterior”. De acordo com ele, preços em conta vão atrair o público. “Queremos democratizar a gastronomia”, afirma Lucas Vereza, que espera receber 40 mil pessoas por mês.
Distribuídos em dois pisos, os restaurantes têm capacidade para atender 1,2 mil pessoas – 900 delas assentadas. Com experiência na noite de BH, Vereza destaca o esforço que um empreendimento dessa natureza demanda. “Enquanto levamos um mês para planejar um evento, o Mercado da Boca exige 20 operações por dia”, compara.
Lucas Vereza e Felipe Tiradentes dizem que é possível oferecer alta gastronomia a valores acessíveis. “O preço das refeições varia de R$ 35 a R$ 40”, informa Lucas. O projeto está orçado em R$ 8 milhões. Os chefs arcarão com os custos de aluguel e condomínio.
De acordo com Renato Guerra, o grande desafio foi manter todos os operadores funcionando no mesmo ritmo. “É muito trabalhoso colocar todo mundo no mesmo passo, mas deu certo”, garante.
A diversidade de atuação dos sócios do Mercado da Boca é um trunfo, acredita Guerra. Ele o pai vieram do ramo de shopping centers. Gerado, Marcela e Renato Nunes são experientes na área varejista. A executiva Gercineide Castro tem trânsito em variadas empresas, enquanto Lucas Vereza e Felipe Tiradentes se dedicam ao ramo do entretenimento.
Gustavo Greco, da Greco Design, criou a identidade visual e a sinalização do espaço. Responsável pelo projeto arquitetônico, Gustavo Penna batizou o mercado – e por uma razão bem simples. “É pela boca que entra a comida e saem as palavras. Boca é nossa conversa, nossa vivência”, diz o arquiteto.
R$ 8 mi
Valor do investimento
4 mil m2
Área total
40 mil
Pessoas esperadas mensalmente
30
Espaços, entre bares, restaurantes e lojas
R$ 35 a R$ 40
Preço médio dos pratos
8
Sócios
29 anos
Idade de Renato Guerra, o sócio mais jovem
71 anos
Idade de Geraldo Nunes, o sócio mais velho
9 metros
Altura da torre entre os dois andares do prédio, construída com 47 panelas e uma colher de ouro
Penicos usados como luminárias nos seis banheiros
MERCADO DA BOCA
Avenida Toronto, 156, Jardim Canadá, (31) 3370-7005. Inauguração na quinta-feira (8/3). Horário de funcionamento: quinta-feira, das 17h à meia-noite; sexta-feira, das 12h à meia-noite; sábado, das 12h à meia-noite; e domingo, das 12h às 20h.