Mariana estudou direito; Elisa, administração de empresas. Já Aline, educação física. Pois num dado momento da vida as três resolveram mudar o jogo. E decidiram se dedicar à pâtisserie, a tradição francesa de bolos e doces.
Eles são tão bonitos quanto gostosos, pode confiar. Tartes (tortas com massa feita com farinha de amêndoas), petit fours (docinhos e docinhos), entremets (tortas cremosas com várias camadas) e outros tantos exemplares vêm expandindo seu espaço no Brasil. Não é de hoje que Belo Horizonte se rendeu aos doces franceses. Cada vez mais, pequenas lojas especializadas, as chamadas pâtisseries, vêm abrindo as portas na cidade.
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Até chegar às próprias empresas, as três tiveram que trabalhar e estudar bastante. A formação, como não poderia deixar de ser, se deu na França.
Em 2010, com o diploma de bacharel em direito nas mãos, Mariana resolveu fazer outra graduação. Entrou para o curso de gastronomia “já com a cabeça para ir para fora”. Com o novo diploma, dois anos e meio mais tarde, foi para Paris estudar na prestigiosa Le Cordon Bleu.
De volta a BH, em 2014, passou a dar consultoria para a sorveteria Alessa, onde montou um cardápio de doces. Da experiência francesa trouxe a expertise secular, além de um prêmio para o éclair de caipirinha que ela mesma criou.
Mariana atuou como consultora já pensando em ter a própria marca. A La Parisserie nasceu em sua casa. No Natal de 2016, quando trabalhou várias madrugadas sozinha para entregar as encomendas, viu que era chegada a hora de ter uma loja. Hoje, ela trabalha com uma ajudante.
Produz as delícias francesas comme il faut. “Na pâtisserie, a quantidade de açúcar é mais dosada. Ele é utilizado mais para realçar o sabor do que como ingrediente”, explica. A produção artesanal é feita com ingredientes selecionados, sem corantes ou essências. Mas não há como não abrasileirar os doces. Seu éclair premiado faz parte do cardápio, assim como tortas individuais no pote, que ela chama de petit pots.
O foco da loja são as encomendas, que devem ser feitas com uma semana de antecedência (tartes a partir de R$ 85, para até 10 pessoas; entremets, a partir de R$ 130, também para 10 pessoas; e petit fours, com preços variáveis de R$ 70 e R$ 450 o cento). Diariamente, há fornadas de macarons, pequenas tortas e bolos.
LINHA DE PRODUÇÃO Com 25 anos, Elisa também tem experiência na França. Ficou um ano e meio naquele país, formou-se na Le Cordon Bleu e fez estágio na fábrica da Dalloyau, que somente em Paris conta com 19 lojas. “Foi uma experiência grande de linha de produção, pois quando eles falam em montar torta de limão, são duas mil tortas”, conta ela. De volta a BH, Elisa passou a produzir os doces em casa.
A Espetacular Doceria nasceu porque a casa onde ela mora com a família não suportava mais o volume da produção. Foram seis meses no espaço do Funcionários atendendo apenas a encomendas (com, no mínimo, três dias de antecedência). “Veio a crise e montei o café para atrair novos clientes”, conta ela.
Hoje, quase um ano depois, Elisa se diz surpresa com a repercussão de seu pequeno empreendimento, que oferece café, chá, chocolate quente, alguns salgados e doces individuais. Entre as opções, as entremets chamam a atenção. Como as frutas são vedetes na pâtisserie, a oferta é grande. Manga com framboesa, kiwi com morango, coco com avelã (R$ 8 o pedaço).
Nas tartelettes, Elisa criou uma bem brasileira: banana com doce de leite (R$ 8). Mais elaborada é uma clássica iguaria da pâtisserie francesa, a chamada opéra. Produzida com café e chocolate, a entremets tem nove camadas bem fininhas (R$ 12).
SOFISTICAÇÃO Envolvida com os doces há seis anos – começou a fazer docinhos para o primeiro aniversário do filho, Raphael –, Aline Rossignol, de 38, hoje se divide entre duas atividades. Atua como personal trainer e pâtissière, produzindo tanto para a loja quanto para festas. O café não vende exclusivamente doces franceses. Também há opções bem brasileiras, que ganharam versões sofisticadas.
Uma das delícias mais pedidas é a coxinha de morango (R$ 6), um brigadeiro (preto ou branco) que envolve a fruta. Ela oferece uma linha grande de chocolates de origem (acompanhados de nozes, frutas secas e até lavanda), vinda diretamente da França. Os belgas dominam – e esqueça o chocolate ao leite, sempre muito doce.
“O doce francês não é tão doce, pois lá não se usa leite condensado, como no caso dos doces brasileiros”, comenta Aline. A expertise em chocolate veio de sua experiência na França. Foi casada com um francês, e, no período em que viveu naquele país, fez curso de chocolate e pâtisserie na L’École Valrhona, da tradicional marca de chocolates. Dessa experiência, Aline aprendeu a fazer o florentin (R$ 4 a unidade), doce de caramelo, amêndoas e chocolate da região da Bretanha. E ainda os indefectíveis macarons (R$ 4 a unidade). Diariamente, são pelo menos cinco sabores.
UH LA LA!
ESPETACULAR DOCERIA
Rua Bernardo Guimarães, 229, Funcionários, (31) 98888-0790. Aberta de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h.
LA PARISSERIE
Avenida dos Bandeirantes, 1.299, loja 27, Mangabeiras, (31) 99227-8604. Aberta de terça a sexta-feira, das 10h às 18h30, e aos sábados, das 10h às 14h.
ROSSIGNOL PÂTISSERIE
Rua Alagoas, 777, loja 1, Funcionários,
(31) 3261-2078. Aberta de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h30, e aos sábados, das 11h às 16h30.