Ele tem um dos rostos mais conhecidos da TV brasileira. Foram vários personagens interpretados tanto na telinha quanto nos cinemas, como o pescador Guma, da novela Porto dos Milagres, exibida em 2001 pela TV Globo. No entanto, fora dos sets, Marcos Palmeira, hoje com 52 anos, assume um importante papel na questão ambiental e alimentar, atuando como fazendeiro especializado em produtos orgânicos. Já conhecido do público carioca, ele finalmente chega ao mercado mineiro, justamente através do queijo.
''É muita cara de pau a minha, né?'', brinca o ator, fazendo ironia da situação. O queijo de minas padrão, comercializado em BH exclusivamente na rede Verdemar, é um dos vários orgânicos oriundos da Fazenda Vale das Palmeiras, localizada em Teresópolis, Região Serrana do Rio. O laticínio é vendido no supermercado por R$ 60,90 o quilo. Na propriedade do artista, outros laticínios e várias hortaliças também são fabricados e cultivados dentro dos padrões da alimentação orgânica, sem agrotóxicos ou outros componentes químicos.
Na capital Fluminense, ele tem uma loja desde 2013, na qual comercializa seus produtos. Muitas vezes, é o próprio Marcos a atender a clientela no balcão. A vinda a Minas ainda não está programada, mas ele deseja o contato direto com o público por aqui também: ''Quero ouvir dos mineiros pessoalmente o que eles acharam do produto, que falem na minha cara se gostaram ou não'', declara, em tom bem-humorado.
EXPECTATIVA
Por enquanto, a iguaria, um dos símbolos da gastronomia mineira, será a única disponível aqui, mas o produtor pretende ampliar o leque no futuro. ''Minas é um estado que eu adoro, a vida toda sempre fui muito próximo. Fazer um queijo que agrade aos mineiros é uma expectativa enorme e tem essa grande novidade que é um queijo de minas padrão totalmente orgânico. Ainda queremos chegar com o frescal e, depois, com requeijão cremoso, coalhada e, futuramente, com outros produtos'', afirma Palmeira, que conta com a consultoria da empresa mineira Campeira, especializada em sustentabilidade agrícola, nas suas atividades produtivas.
Além do benefício à própria saúde que o consumo de alimentos orgânicos pode proporcionar, em comparação aos modificados, o ilustre produtor faz questão de reforçar o aspecto socioambiental da iniciativa. ''A coisa mais legal desse produto é que ele é fruto de uma parceria com pequenos produtores no Sul de Minas, em São Vicente de Minas. Eram pessoas que vendiam no convencional, na cooperativa, e não tinham o trabalho delas valorizado. Depois de uma visita à região, três anos atrás, chegamos a essa parceria. Viabilizar esse pequeno produtor que cuida das águas e das matas é o grande bônus do produto'', diz ele.
CONSCIÊNCIA
''Nunca me programei para isso, mas acabei virando um ator ambientalista'', afirma. Em processo de gravação da minissérie Os dias eram assim, no ar pela TV Globo, o ator se esforça para conciliar a vida artística com a agropecuária. ''É uma loucura, tenho muito menos tempo do que gostaria, mas muito mais do que pensei que fosse ter. Exige compreensão da milha filha e da minha esposa, mas eu adoro, me dá muito prazer ajudar a fomentar a consciência do orgânico, sempre focado no desenvolvimento do pequeno produtor. O Brasil precisa acordar para essa questão ambiental'', declara.
Apesar da naturalidade carioca e da vida muito ligada à metrópole, Marcos tem suas origens no campo. Na infância, ele costumava passar férias na fazenda do avô, em Itororó, no interior da Bahia. Para o ator, que desejava ser vaqueiro quando criança, o projeto na Vale das Palmeiras é a realização de um sonho. ''Infelizmente, meu avô morreu sem ver que o ator que ele conheceu também virou um produtor agrícola'', lamenta Marcos Palmeira, dizendo que ''a melhor cara do Brasil está no campo, é onde tem o humor, é onde tem generosidade e solidariedade''.