A Avenida Getúlio Vargas, na Região Centro-sul de Belo Horizonte, será coberta pelo branco, verde e vermelho da bandeira do país conhecido pela boa comida, a seleção de futebol Azzurra, design de vanguarda, carros potentes e cinema, enfim por uma série de ícones que representam essa identidade múltipla. Nesta domingo, 04, o coração da Savassi se transforma em território italiano e mostra a convivência estreita daquele país com a cultura mineira.
Em sua 11ª edição, a Festa da Itália celebra o Dia da República, comemorado em 2 de junho, com a presença da comunidade ítalo-brasileira na capital. O evento, que começou despretensioso, em frente ao consulado italiano em BH, ganhou popularidade ano a ano. Hoje, é uma das maiores comemorações fora do país, com público de 26 mil pessoas em 2016, e 36 mil em 2015. ''Este ano será a retomada da origem da festa que começou há 11 anos para mostrar a cultura italiana'', afirma o presidente da Associação Cultural Ítalo-Brasileira (Acibra-MG), Anísio Ciscotto.
Como não poderia deixar de ser, a gastronomia, com seus pratos tradicionais e vinhos, é o centro da festa. Natural de Nápoles, a terceira cidade mais populosa da Itália, o chef Raffaele Autorino está à frente do Pecatore há quatro anos. Especializado em frutos do mar, o restaurante oferecerá ostra (R$ 18, porção com três unidades), peixe frito (R$ 23, porção com 250 gramas) e camarões (R$ 28, porção com 200 gramas) no evento. ''Um dos motivos do sucesso da festa é que a comida é muito boa.
A história explica tal proximidade. As nonas e nonos chegaram antes mesmo da inauguração da capital mineira e desempenharam papéis de destaque na construção. A presença vem de longa data e também se manifesta no cotidiano em todos os campos da vida. ''Belo Horizonte é a primeira capital construída depois da Proclamação da República. Havia interesse em desvincular dos costumes portugueses, então vieram os italianos. Na década de 1920, a população italiana na cidade era maior do que a de brasileiros'', conta Anísio Ciscotto.
Segundo ele, a população italiana hoje representa 15% da população da capital e 10% da população de Minas. Ele destaca ainda a representatividade do país europeu na riqueza do estado: ítalo-brasileiros respondem por nada menos que 40% da produção mineira. No esporte, também são expressivos. Estão, por exemplo, na raiz da criação do Palestra Itália, a primeira denominação do Cruzeiro. ''Os italianos estão à frente da implantação das primeiras salas de cinema e panificadoras importantes, como as extintas padarias Savassi e ABC'', diz. A influência ainda pode ser vista na arquitetura, por meio de edifícios como o Colégio Marcone, a Santa Casa de Misericórdia e o Minas Tênis Clube.
Para esta edição da festa, aliás, a arquitetura e o design – áreas de destaque da cultura italiana – serão evidenciados. O Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional da Itália proclamou a data de 2 de março como Dia do Design Italiano no Mundo.
ARES E AROMAS MEDITERRÂNEOS
Tão presente no dia a dia dos brasileiros, a culinária italiana ganha releituras na Festa Italiana, com proposições de formas de fazer e de combinar texturas e sabores. Os pratos típicos do país se tornaram tão populares e amados que é impossível pensar em sobreviver sem pizza, macarrão e outras tantas iguarias tradicionais. Mas as dezenas de restaurantes que participarão do evento prometem boas misturas entre tradição e criatividade.
O 68 La Pizzeria vai ficar na seara dos clássicos, usando inclusive ingredientes vindos do mediterrâneo. Um selo de qualidade vai atestar o cuidado. O chef Carlos Zangran destaca sua receita de pizza napolitana, trazida diretamente de Nápoles: massa fina, muçarela tradicional com pouca gordura e molho de tomate pelati. Para a festa, a casa vai servir pizzas em fatias (R$ 10, cada), nos sabores calabresa, marguerita, San Remo (tomate cereja, molho pesto e muçarela), regina (muçarela, champignon fresco, presunto e pesto) e zucchine (abobrinha, manjericão e parmesão). Outra iguaria é o pão de calabresa, feito com massa de pizza e muçarela (R$ 12, a fatia). Para acompanhar, vinho Colli Della Toscana Centrali, de uva São Jovese, R$ 15 a taça e R$ 60 a garrafa.
Outra opção são as focaccias. ''Acredita-se que são mais antigas do que as pizzas'', garante Wladimir Zannini, da Focaccia Zannini.
O chef Max Miller Ladeira, da Go Pasta, levará para festa um molho especial ''como se prepara na Itália'' para a massa que pretende servir. O carro-chefe será o ragu de cordeiro, feito com carne de pernil de cordeiro cozido no vinho tinto ''até a carne desmanchar'', acrescido de molho de tomate. Massa curta feita na hora, o fusilli pode ser servido com molho quatro queijos e ragu toscano (R$ 16, ambos), preparado com carne bovina e suína, ou com o ragu de cordeiro (R$ 18). ''A melhor culinária do mundo é a italiana. Eles têm a melhor massa, a melhor carne, o melhor arroz, sem falar nos queijos e embutidos. Sou apaixonado pela gastronomia italiana'', afirma Max.
11ª FESTA DA ITÁLIA
. Palco 1
12h: Orquestra Minas Barroca
13h30: Grupo Tarantolato
14h45: Banda Estadual PMMG
16h: Sergio di Napoli 500 e Piu!
17h: Gabriela Pepino
18h: Paola Giannini
19h: Os tenores italianos, com Claudio Mattioli e Massimilano Barbolini
. Palco 2
13h: Mágico Caio
14h: Teatro de marionetes com a Cia. Fiorini
15h45: Danças folclóricas:
Itália Mascherata
. Espaço Italian Chef
14h: Aula show de culinária italiana
16h30: Competição de culinária
. Espaço Crianças
11 às 18h: Brinquedos infláveis, com monitores
. Exposição
Mostra de móveis, um quadro, uma lambreta e roupas de design italiano.
Domingo, a partir das 11h. Av. Getúlio Vargas, 258. Funcionários. Informações: (31) 3273-7402.
Entrada: 1kg de alimento não perecível
. Mostra de cinema italiano
8 a 11 de junho. No MIS Cine Santa Teresa (R. Estrela do Sul, 89,
Santa Tereza)
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