A história de Sorriso, como é conhecido, com a comida começa quase que sem querer. Ele tinha alugado um espaço para fazer um estacionamento na Rua Visconde de Taunay, fazia churrasquinhos às sextas-feiras, mas as lojinhas que ficavam ao lado já chamavam sua atenção. Ao saber que o locatário estava deixando o local, não teve dúvida. “Liguei para o meu pai – sou de Milho Verde – e pedi para arrumar uma cozinheira de lá. Começava aí a história da cantina.”
A loja ao lado, bem na esquina, vagou e Sorriso ampliou seu negócio. Aos poucos, a fama da simples e boa comida mineira se espalhou e começaram a aparecer os artistas. “Quem me trouxe para cá foi o Tatta Spalla”, conta Beto Guedes. “Moro perto. A comida é boa
Dieta Tizumba também mora perto e disse que comer no Sorriso é cômodo. “Eu como pouco. Sempre faço dieta. Meia porção, para mim, está bom. Um dia, vim aqui e pedi como queria, com pouca coisa. Ele fez e fiquei orgulhoso quando batizou o prato com meu nome.” Ele já presenciou, diversas vezes, pessoas pedindo “me dá um Tizumba”, prato que custa R$ 19,90, com arroz de alho e brócolis, fritas, feijão, salada e uma opção de carne (boi, frango, fígado ou porco). “Finjo que nem estou ali. Mas gosto muito de ouvir o pedido.”
A opção de prato com arroz, feijão, salada, batata frita e contrafilé (R$ 21,90) chama-se Paulinho Pedra Azul
Um dos pioneiros da cerveja artesanal em Belo Horizonte, Marco Falcone diz que ter um prato com seu nome é ser celebrizado. Quem opta pelo prato com o nome do mestre cervejeiro desembolsa apenas R$ 19,90 (arroz, feijão, ovo, filé mal passado). “Acho nobre o que ele fez, pois prestigia quem sempre vem aqui. Dizem que todo homem tem de ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore. Mas agora, a novidade é ter um prato com seu nome. Outro dia, numa mesa de quatro, três pediram o Marco Falcone. Fiquei empolgado, mas não me identifiquei.”
E não são só prato da cozinha mineira. Sorriso achou a solução para um médico, doutor Danilo, que adora carne, mas não gosta de arroz e feijão, só legumes e verduras para acompanhá-la. Daí o PF light Dr. Danilo leva folha do dia, alho, cenoura, orégano, beterraba e uma carne à escolha (R$ 17,90). “Um dia, conversando com o Sorriso, disse que tinha amigos que queriam vir comer, mas que preferiam verduras e carne e que ele tinha de pensar. Qual não foi a minha surpresa quando voltei e tinha um prato do jeito que eu tinha falado, sem arroz, feijão, macarrão e fritas?”
Cervejaria Com o tempo, Sorriso expandiu o negócio. “Eu adoro cerveja. Aluguei uma sala no segundo andar e fiz ali minha cervejaria.” A cerveja artesanal da casa custa de R$ 19,90 a RS 22 (600ml), mas há opção da falke beer (R$ 19,90, 300ml), além das tradicionais Heineken (R$ 9), Bavária Premium (R$ 8) e Original (R$ 9), todas de 600ml.
A simplicidade do salão, dividido em dois ambientes, ganha charme com os nomes dos pratos e a descrição escritos a giz nas paredes. Para beber, a casa oferece sucos naturais que variam o sabor a cada dia (R$ 3 o copo e R$ 6 a jarra). Ali também, em cima dos móveis e no balcão, se acumulam produtos caseiros, muitos deles da Fazenda dos Macacos, em Milho Verde, que pertence à família. Queijo artesanal, doces e pimenta podem ser levados para casa pelos clientes. As 18 variedades de cachaças são artesanais e custam R$ 5 a dose. “Assim fica melhor, pois além do mais posso ajudar minha família. Podemos dizer que aqui é uma casa familiar, basta ver os frequentadores.”
Cantina do Sorriso
Rua Visconde de Taunay, 263, esquina com Rua Camões, São Lucas, (31) 2515-3559. De segunda a sábado, das 11h às 15h; quinta-feira, das 18h à 0h.