A imagem dos escritores Roberto Drumond e Oswaldo França Júnior rascunhando suas inspirações nas mesas da varanda que dá para a Rua Rio Grande do Norte, no Restaurante Casa dos Contos, ficou na memória da escritora Branca Maria de Paula, assim como a presença simpática e alegre do proprietário do estabelecimento. A lembrança veio à tona de forma abrupta, ao ser informada, ontem, sobre o falecimento do empresário Antônio Edmar Roque, de 67 anos, que era dono de dois dos mais boêmios restaurantes da capital mineira: a Cantina do Lucas (no Edifício Maleta) e o Casa dos Contos. “Os dois locais são pontos de encontro de intelectuais, artistas e políticos. Não se marcava nada, geralmente. Bastava ir até lá que os encontros se davam naturalmente, debates se iniciavam, as mesas iam crescendo e o Edmar sempre estava lá conosco, como um amigo mesmo”, disse a escritora.
Antônio Edmar Roque morreu ontem e o seu sepultamento está marcado para hoje, às 10h, no Cemitério Bosque da Esperança, no Bairro Jaqueline, Região Norte. A viúva, Maria Xavier Cunha Roque, e as filhas Ana Luiza, Eliza e Maria Leonor pediram privacidade e não quiseram dar nenhuma declaração, não revelaram a causa da morte, mas convidam os amigos para dar o adeus e prestar as últimas homenagens a Edmar.
Para o cineasta Geraldo Veloso, a perda lamentável de um “irmão muito querido”, que teve papel fundamental na preservação de dois grandes pontos de encontro da cultura belo-horizontina. “O Edmar preservou estabelecimentos que resistiram depois que fecharam outras casas frequentadas por pessoas do teatro, do cinema, da música e das artes. E ele era parte disso, porque ele vivia intensamente as suas casas. Lembro-me dele escolhendo cardápios com entusiasmo. Tudo o que fazia ali dentro era com amor. Foi um grande amigo dos frequentadores”, disse o cineasta.
PONTO TURÍSTICO Edmar Roque nasceu em Arcos, em 1949, e veio para Belo Horizonte estudar com 17 anos
A Cantina do Lucas é ponto turístico de Belo Horizonte. A importância é tamanha que se tornou patrimônio histórico e cultural da cidade, em 9 de dezembro de 1997. Além da rica culinária, a casa tinha como estrela o sr. Olympio Peres Munhoz, garçom que ficou em atividade por mais tempo em todo o país. Ele morreu em 2003, aos 84 anos, mas está imortalizado no Guiness Book. A história da Cantina do Lucas, aliás, foi parar nas páginas do livro Histórias da Rua da Bahia e da Cantina do Lucas, de Brenda Silveira e Luiz Otávio Horta.
O primeiro nome da Cantina do Lucas, fundada em fevereiro de 1962, foi Chopplândia. Um ano depois passou a se chamar Trattoria di Sartori. Em 3 de outubro de 1966, os filhos do maître Lucas, do famoso Grande Hotel (antes do Maleta), que ficava na Avenida Paraopeba com Rua da Bahia (hoje Avenida Augusto de Lima), assumiram a casa