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E não é que deu certo?

Zona Last é opção econômica e descolada em Santa Tereza

Em imóvel surrado, sem cozinha e um único banheiro, o bar tem clientela suficiente para fechar o trânsito em Santa Tereza

Eduardo Tristão Girão
- Foto: Fotos: Marcos Vieira/EM/D.A Press
Belo Horizonte não raro oferece exemplos de que está fadada ao fracasso qualquer tentativa de chegar à fórmula de sucesso de um bar. Ter bom ambiente, atendimento e cardápio é obrigação, mas o histórico de fechamentos na cidade mostra que isso não basta. Como explicar a freguesia que interrompe o trânsito diante do novo Zona Last? Sem cozinha e com um único banheiro, fica num imóvel surrado, cuja esquina está longe de especulação imobiliária, nos “fundos” do Bairro Santa Tereza.


Até um espetinho (não é o caso) poderia ter dificuldades ali. A Rua Pouso Alegre termina onde começa a Conselheiro Rocha, formando uma curva fechada. A vista do bar (onde já funcionaram sapataria e farmácia) é para os fundos de um sacolão, com os trilhos do metrô de um lado e imóveis que o tempo castigou de outro. Um dos pontos altos da “programação” semanal da casa é a passagem do caminhão do lixo pelo local, lá pelas 22h das sextas, quando frequentadores e garis interagem. O bar funciona apenas de quinta a sábado.

Além disso, há a questão dos moradores de rua. “Não quisemos retirá-los de forma higienista.

A rua de trás era usada como banheiro e eles próprios, com a abertura do bar, pararam de usar o local. Ninguém chamou a polícia. Aqui é um lugar meio ermo, meio sujo. Morador de rua vai te abordar, sim. Se ele chega e sai, deixamos rolar. Se insiste, eu intervenho. Talvez a rua seja até mais deles do que nossa. Tem sido um desafio”, diz o proprietário da casa, Pedro Romero, de 28 anos.

Bailarino, ele se machucou durante um espetáculo e, apesar de não ter largado completamente a profissão, viu a necessidade de diminuir o ritmo e apostar num plano B. “Foi tudo muito despretensioso, talvez por isso tenha dado certo. Moro na região e sempre passava por essa esquina. A loja estava fechada há uns cinco anos, mas eu via potencial nela. A ideia é ser um lugar festivo, inclusive para quem trabalha. A cerveja entra como complemento do pagamento.
Quem vem para cá precisa querer se divertir também”, conta ele.

Não por acaso, a popularidade do bar acabou por integrá-lo a espécie de circuito de casas e espaços alternativos nas redondezas, como Gruta!, Galpão Cine Horto e Teatro 171. “Virou balada, mas não queremos competir com ninguém. É somar em vez de competir. O público é o mesmo, tanto que terminam eventos nesses lugares e o público vem para cá. Estamos tentando formar um corredor da Zona Leste, criar outra zona boêmia”, anuncia Romero.

SACANAGEM As opções de comida e bebida estão num pequeno quadro negro acima do balcão. Long necks custam R$ 5 (cada) e drinques, entre R$ 10 e R$ 18 (cuba libre, hi-fi, gim tônica, mojito, caipirinha, cachaça com jambu, aperol spritz). Como o imóvel não tem cozinha, Pedro terceiriza os petiscos, feitos pela mãe, Roseli. Há porções (R$ 5 cada) de sacanagem (salsicha, muçarela, azeitona no palito), capetinha (cenoura enrolada com mortadela) e batata em conserva, além de conserva de berinjela (com pão árabe, R$ 10) e carne de panela no pão (R$ 15).

Zona Last
Rua Pouso Alegre, 2.952, Santa Tereza. Aberto quinta e sexta, das 19h à 1h; sábado, das 16h à 1h.

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