Muxama de atum, farinheira, cataplana de polvo, mimos de porco, favas de coentrada, fatia de Tomar, queijo de figo e por aí vai. Dá para completar este parágrafo só com nomes de receitas típicas lusitanas pouco difundidas no Brasil. Pelo menos por enquanto. À medida que Portugal se consolida como destino de viajantes do país, se observa em Belo Horizonte a popularização de seus comes e bebes por meio de eventos e novas casas. Entre elas, a mais interessante é o restaurante Caravela, na vizinha Casa Branca, distrito de Brumadinho.
Uma folheada no cardápio do local revela vários desses ilustres desconhecidos dos brasileiros. A começar pela cataplana, panela típica da região portuguesa do Algarve, formada por metades côncavas que se encaixam, conferindo alguma pressão ao cozimento. Nela, o proprietário e chef Cristóvão Laruça, nascido em Lisboa e radicado há 10 anos no Brasil, prepara cozidos de polvo, bacalhau e camarão, além de uma versão vegana com cogumelos e batata-baroa. Cada uma custa cerca de R$ 100 e serve duas pessoas.
Ele inaugurou o restaurante dois anos atrás, a convite do condomínio Aldeia da Cachoeira do Lago, dentro do qual está instalado, próximo à praça principal de Casa Branca – por esse motivo a casa trabalha somente com reserva. Ocupa uma casa ampla, em meio a área verde, frequentada tanto por moradores quanto por visitantes, muitos deles indo ou voltando de Inhotim. O clima é informal e familiar. “A ideia é mostrar que em Portugal não se come só bacalhau. Aliás, é o que se come menos”, diz Laruça.
Por isso é possível encontrar pedidas como bochecha de porco com purê de batata, farofa de pão alentejano (feito na casa), cebolas caramelizadas e tomatinhos salteados (R$ 55, individual), arroz de pato (R$ 87, para duas pessoas), polvo à lagareiro (com cebolas confitadas e batatas; R$ 70, individual), além de bacalhaus (à Gomes de Sá, com natas e à lagareiro), é claro. Entre as sobremesas, destaque para o pudim abade de Priscos, que leva toucinho, e para a fatia de Tomar, feita só com gemas, cuja textura lembra a do pão (R$ 16, cada).
Um dos pontos altos do trabalho de Laruça é a produção própria de embutidos típicos portugueses, como farinheira (farinha de trigo e gordura de porco), alheira (carnes de porco, pato, coelho e galinha), morcela (sangue de porco, toucinho e arroz) e chouriço (espécie de linguiça de carne suína), quase todos condimentados à moda tradicional, ou seja, com pasta de pimentão assado com alho e sal. O chef leva sua produção semanal para defumar em Piedade do Paraopeba, outro distrito de Brumadinho.
CORTESIA Outra novidade fica por conta da loja Tuga, só de produtos lusitanos, inaugurada há dois meses no Bairro Santo Antônio. Atrás do balcão estão José Manuel e Vera Lúcia Camilo, ele português e ela mineira. Os dois se conheceram pela internet e vieram para a capital mineira depois da aposentadoria de ambos. “Cheguei com sangue na guelra e muita vontade de fazer alguma coisa”, diz ele. Nas prateleiras, o casal coloca 150 rótulos de vinhos, a maioria deles a preços abaixo da concorrência (a partir de R$ 35 a garrafa) – alentejanos predominam.
Além deles, há boa variedade de azeites, contemplando marcas conhecidas, como Esporão, Cortes de Cima, Mouchão, Cartuxa e Quinta do Noval – os preços não costumam passar da casa dos R$ 50 (garrafa de 500ml). Presunto cru e embutidos ainda não chegaram, mas já estão à venda sardinha enlatada, queijo de ovelha, marmeladas, ginja e louças tradicionais. Com sorte, visita-se a loja no momento exato em que são fritos bolinhos de bacalhau leves e sequinhos, que seguem receita da mãe de José Manuel, oferecidos como cortesia.
VETERANOS Nos últimos anos, houve um abre e fecha de casas portuguesas em BH. O velho Aldeias de Portugal, em Santa Tereza, fechou as portas, enquanto novatos tiveram vida curta, como A Tasca, Caparica e Alma da Velha. Outro veterano, o Verde Gaio, paralisou suas atividades até ser reaberto no fim do ano passado. Em vez daquele casarão imponente de Lourdes, foi transferido para o moderno espaço coletivo Distrital, ao lado de pequenos bares e café do Mercado do Cruzeiro.
Para petiscar por lá, há o tradicional bolinho de bacalhau (R$ 3 a unidade) e o corte suíno que é o preferido dos chefs atualmente, a bochecha, servida fatiada com molho de vinho do Porto e ciabatta no azeite (R$ 25). Pratos individuais com posta de bacalhau custam em torno de R$ 60 e há sempre arrozes (de pato, polvo e bacalhau, individuais; R$ 50, em média, cada). No fim de semana, há caldeirada de frutos do mar por R$ 70 (para duas pessoas). O pastel de Belém (R$ 8) é feito no local e as cervejas começam em R$ 7 (long neck).
Outro membro da velha- guarda, a Taberna Baltazar, na Serra, também está com novidades. A portuguesa Tereza Baltazar, proprietária da casa, adicionou ao cardápio o cozido alentejano, elaborado com grão-de-bico, maçã de peito, embutidos portugueses variados (linguiça portuguesa, alheira, salpicão, farinheira), bacon e legumes, servido às quartas e quintas por R$ 40 (para duas pessoas). E do mesmo jeito que faz sardinha (assada na calçada), passou a fazer galeto, às terças (R$ 40 a unidade) com farofa de moela e vinagrete de hortelã.
Os embutidos típicos ela compra de um conterrâneo seu que produz em São Paulo. Apesar de serem produtos com longa tradição em Portugal e de consumo ainda restrito por aqui, só agora ela resolveu tê-los na casa. “Com essa nova geração que viaja muito e conhece Portugal, a gente teve que colocar no cardápio”, explica. Sinal de que o restaurante, que em novembro chegará aos 25 anos, não parou no tempo.
Uma folheada no cardápio do local revela vários desses ilustres desconhecidos dos brasileiros. A começar pela cataplana, panela típica da região portuguesa do Algarve, formada por metades côncavas que se encaixam, conferindo alguma pressão ao cozimento. Nela, o proprietário e chef Cristóvão Laruça, nascido em Lisboa e radicado há 10 anos no Brasil, prepara cozidos de polvo, bacalhau e camarão, além de uma versão vegana com cogumelos e batata-baroa. Cada uma custa cerca de R$ 100 e serve duas pessoas.
Ele inaugurou o restaurante dois anos atrás, a convite do condomínio Aldeia da Cachoeira do Lago, dentro do qual está instalado, próximo à praça principal de Casa Branca – por esse motivo a casa trabalha somente com reserva. Ocupa uma casa ampla, em meio a área verde, frequentada tanto por moradores quanto por visitantes, muitos deles indo ou voltando de Inhotim. O clima é informal e familiar. “A ideia é mostrar que em Portugal não se come só bacalhau. Aliás, é o que se come menos”, diz Laruça.
Por isso é possível encontrar pedidas como bochecha de porco com purê de batata, farofa de pão alentejano (feito na casa), cebolas caramelizadas e tomatinhos salteados (R$ 55, individual), arroz de pato (R$ 87, para duas pessoas), polvo à lagareiro (com cebolas confitadas e batatas; R$ 70, individual), além de bacalhaus (à Gomes de Sá, com natas e à lagareiro), é claro. Entre as sobremesas, destaque para o pudim abade de Priscos, que leva toucinho, e para a fatia de Tomar, feita só com gemas, cuja textura lembra a do pão (R$ 16, cada).
Um dos pontos altos do trabalho de Laruça é a produção própria de embutidos típicos portugueses, como farinheira (farinha de trigo e gordura de porco), alheira (carnes de porco, pato, coelho e galinha), morcela (sangue de porco, toucinho e arroz) e chouriço (espécie de linguiça de carne suína), quase todos condimentados à moda tradicional, ou seja, com pasta de pimentão assado com alho e sal. O chef leva sua produção semanal para defumar em Piedade do Paraopeba, outro distrito de Brumadinho.
CORTESIA Outra novidade fica por conta da loja Tuga, só de produtos lusitanos, inaugurada há dois meses no Bairro Santo Antônio. Atrás do balcão estão José Manuel e Vera Lúcia Camilo, ele português e ela mineira. Os dois se conheceram pela internet e vieram para a capital mineira depois da aposentadoria de ambos. “Cheguei com sangue na guelra e muita vontade de fazer alguma coisa”, diz ele. Nas prateleiras, o casal coloca 150 rótulos de vinhos, a maioria deles a preços abaixo da concorrência (a partir de R$ 35 a garrafa) – alentejanos predominam.
Além deles, há boa variedade de azeites, contemplando marcas conhecidas, como Esporão, Cortes de Cima, Mouchão, Cartuxa e Quinta do Noval – os preços não costumam passar da casa dos R$ 50 (garrafa de 500ml). Presunto cru e embutidos ainda não chegaram, mas já estão à venda sardinha enlatada, queijo de ovelha, marmeladas, ginja e louças tradicionais. Com sorte, visita-se a loja no momento exato em que são fritos bolinhos de bacalhau leves e sequinhos, que seguem receita da mãe de José Manuel, oferecidos como cortesia.
VETERANOS Nos últimos anos, houve um abre e fecha de casas portuguesas em BH. O velho Aldeias de Portugal, em Santa Tereza, fechou as portas, enquanto novatos tiveram vida curta, como A Tasca, Caparica e Alma da Velha. Outro veterano, o Verde Gaio, paralisou suas atividades até ser reaberto no fim do ano passado. Em vez daquele casarão imponente de Lourdes, foi transferido para o moderno espaço coletivo Distrital, ao lado de pequenos bares e café do Mercado do Cruzeiro.
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Outro membro da velha- guarda, a Taberna Baltazar, na Serra, também está com novidades. A portuguesa Tereza Baltazar, proprietária da casa, adicionou ao cardápio o cozido alentejano, elaborado com grão-de-bico, maçã de peito, embutidos portugueses variados (linguiça portuguesa, alheira, salpicão, farinheira), bacon e legumes, servido às quartas e quintas por R$ 40 (para duas pessoas). E do mesmo jeito que faz sardinha (assada na calçada), passou a fazer galeto, às terças (R$ 40 a unidade) com farofa de moela e vinagrete de hortelã.
Os embutidos típicos ela compra de um conterrâneo seu que produz em São Paulo. Apesar de serem produtos com longa tradição em Portugal e de consumo ainda restrito por aqui, só agora ela resolveu tê-los na casa. “Com essa nova geração que viaja muito e conhece Portugal, a gente teve que colocar no cardápio”, explica. Sinal de que o restaurante, que em novembro chegará aos 25 anos, não parou no tempo.