Aos 24 anos, Christopher Sayegh descobriu o ingrediente mágico para dar sabor às suas receitas. Há dois anos, este chef californiano serve menus elaborados com cannabis.
À medida que mais estados americanos olham com bons olhos a legalização da maconha para uso recreativo, este chef atípico, que passou por restaurantes com estrelas Michelin em Nova York e na Califórnia, propõe misturar haute cuisine e a erva.
"Tento oferecer às pessoas uma experiência intelectual", explica Sayegh à AFP em sua empresa The Herbal Chef, com sede em Los Angeles. "Mas também sou muito cuidadoso como levá-los para este passeio".
Sayegh entrou no mundo da cannabis comestível quando muitos empreendedores passaram a capitalizar a nova febre da maconha na Califórnia, que em novembro vai votar sobre a descriminalização do uso recreativo para maiores de 21 anos.
Cinco outros estados, incluindo o Alasca, Colorado e Washington, já aprovaram uma legislação semelhante, e espera-se que outros seguirão esta tendência, já que o movimento conta com um apoio crescente da opinião pública.
Nos Estados Unidos, a maconha medicinal é permitida em pelo menos 23 estados, incluindo a Califórnia. E esse número deve continuar a aumentar, embora a produção de cannabis continue a ser ilegal em nível federal.
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Em 2020, as vendas devem exceder 22 bilhões de dólares, 6,4 bilhões dos quais apenas na Califórnia.
Como uma sinfonia
Estas projeções são o suficiente para darágua na boca nos empresários. Como Sayegh, muitos querem entrar neste negócio florescente.
Para o chef, este sonho culinário remonta à universidade. Lá, estudou inicialmente biologia molecular, carreira que abandonou para seguir o seu projeto real.
Sua perseverança valeu a pena. Em 2014 criou sua empresa de alta cozinha anábica em Los Angeles e, desde então, diz ele, a atividade da The Herbal Chef continua a crescer.
Por enquanto, Sayegh só pode servir seus pratos para aqueles que têm autorização para o uso da maconha medicinal. Mas espera superar este obstáculo em novembro, se a Califórnia votar a favor da maconha recreativa.
Enquanto isso, seus menus caros, variando entre 300 e 500 dólares por pessoa, são elaborados exclusivamente para fazer com que o cliente viva uma experiência 100% de "imersão".
"Eu altero literalmente a química do cérebro a medida que as pessoas provam a minha comida", se entusiasma ao manusear seringas contendo o ingrediente ativo da cannabis, que é depois incorporado em suas refeições.
"No final do terceiro prato sentem um pouco, no quarto um pouco mais e no final do quinto é o ponto culminante da viagem", descreve.
"É como uma sinfonia", resume. "Eu tenho que ter certeza que os pratos se encaixam nessa ascensão, e vice-versa para a descida."
"Uma viagem"
Sayegh propõe uma cozinha sofisticada a base de carne de wagyu japonês, sorbet de toranja ou ostras "medicinais".
Influenciado por suas origens jordanianas, Sayegh tentou incorporar cannabis em folhas de videira, em grão de bico (falafel) e outras versões de pratos do Oriente Médio.
Sua família, desanimado no início com o novo empreendimento, hoje aproveita para provar as suas últimas criações.
Mas, mesmo se a inclusão de cannabis em alimentos está crescendo no país, Sayegh prefere ser cauteloso. Os consumidores deste novo tipo de alimento não devem fazer pouco caso da experiência.
"Não é uma ciência exata, em muitos aspectos, uma vez que muitos fatores entram em jogo quando se cozinha com a cannabis", analisa Robyn Griggs Lawrence, autor de "The Cannabis Kitchen Cookbook".
"Não é como pedir um copo de uísque. Estamos apenas na fase da descoberta ainda".
O chef sabe perfeitamente do impacto que pode ter os seus pratos e se esforça para preparar cuidadosamente cada um deles.
"Cannabis não é como os outros ingredientes", diz ele. "Temos de ser extremamente cuidadosos, não só porque o calor desempenha um papel muito importante na culinária da maconha, mas também porque, literalmente, leva as pessoas a uma viagem e você tem a responsabilidade de que seja boa".