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Hotel sem reservas

Com cardápio repaginado restaurante do Mercure abre portas para a rua à espera de novos públicos

Hotel no Santo Antônio tem cozinha comandada por Samira Lyrio, chef do extinto Flores, na Serra.

Eduardo Tristão Girão
Houve um tempo em que os restaurantes de hotel em Belo Horizonte desempenhavam papel diferente do de hoje.
Eram pontos de encontro da elite e referências da cozinha europeia tradicional. Com o passar dos anos, tornaram-se santuários de pratos à moda antiga, perdendo lugar, sobretudo, para as casas que começaram a mudar a cara da gastronomia na cidade a partir da década de 1980. Lentamente e com esforços isolados, a hotelaria da capital mineira tenta recuperar parte desse espaço e o exemplo mais recente é o Sargas.

O restaurante fica no térreo do Hotel Mercure, no Santo Antônio, e os dois foram inaugurados na mesma ocasião, 15 anos atrás. “O Sargas foi concebido para atender a demanda interna e, por muito tempo, seguimos essa filosofia. Como não tínhamos muito movimento no sábado, negociamos com o hotel para que pudéssemos explorar também o público externo, daí termos a feijoada aos sábados”, explica Luís Veríssimo, gerente de alimentos e bebidas do hotel.

De fato, o almoço com feijoada aos sábados (R$ 59 por pessoa, incluindo sobremesa e um drinque) tornou-se o atrativo principal. A transformação pela qual o restaurante acaba de passar tem como objetivo fazer com que o público (que ainda não frequenta um ambiente desse com naturalidade) venha a comer outros pratos. Decoração, comidas, bebidas e serviço foram reformulados por Márcio Oliveira (um dos principais consultores de vinho da cidade) e Samira Lyrio (chef do extinto Flores, na Serra).

A primeira providência foi abrir uma porta independente só para dar acesso ao salão, que foi todo repaginado e ganhou adega climatizada para 1,5 mil garrafas.
O bufê de almoço foi extinto, substituído por pratos executivos oferecidos em estratégia competitiva: salada, um grelhado e um acompanhamento (além de arroz, feijão e farofa) na casa dos R$ 30; uma opção vegetariana; sobremesas a partir de R$ 8; serviço rápido; ar-condicionado; e estacionamento coberto e com manobrista a R$ 8.

FLERTE A estrutura da cozinha sofreu pouca alteração e a maior parte da equipe foi mantida, incluindo o chef que lá está desde a abertura, Geraldo Brito. Samira treinou a equipe, modificou alguns preparos (manteve outros, como o das massas) e comparece ao restaurante diariamente para consolidar o novo padrão. Quem frequentou o Flores poderá reconhecer o estilo dela no cardápio – em vez de tributos óbvios ao binômio França-Itália, flertes com Ásia e Mediterrâneo e muitas frutas (em chutney, ketchup, compotas e molhos).

Entre os destaques do jantar, almôndegas de cordeiro com molho de iogurte (R$ 28, petisco), badejo com vagem rasteira, molho de tamarindo e castanha de caju com acelga na manteiga de tomilho (R$ 62, individual) e espaguete vegano (feito com tiras de palmito pupunha) com legumes, cogumelo shiitake, leite de coco e folhas mineiras (R$ 38, individual). Apesar de medalhões de filé e costeletas de cordeiro com risotos e musselines terem (pequeno) espaço ali, não há sinal de filé à parmegiana ou qualquer outra pedida retrô do tipo.

Por fim, a feijoada segue a mesma receita de antes, cozida com os “pertences” todos juntos, embora servidos separadamente. Para beber, há long necks a partir de R$ 6,50 e vinhos começando em R$ 59 (garrafa). Para breve, há a promessa de ter também vinhos e cervejas produzidos em Minas Gerais.

Sargas – Hotel mercure
Avenida do Contorno, 7.325, Santo Antônio. (31) 3298-4150. Aberto de domingo a sexta, das 12h às 15h30 e das 19h à 0h; sábado, das 12h às 16h30 e das 19h à 0h.
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