A Rua Sapucaí sempre esteve ali, na beira do Bairro Floresta, “debruçada” com sua velha balaustrada sobre a Praça da Estação.
“Tudo começou com o Nelson Bordello, na Rua Aarão Reis, no Centro. Um dia fomos lá e, depois, resolvemos dar uma volta pela redondeza. Passando pela Sapucaí, ficamos encantados. A gente vinha pensando em ter um boteco e vimos o anúncio de aluguel de uma das lojas da rua. No dia seguinte, fomos conversar com a dona do imóvel”, lembra Battaglini. No ano seguinte, ele abriu outro restaurante, o Pecatore, especializado em peixes e frutos do mar.
Neste fim de semana o italiano vai comemorar o aniversário da Salumeria com a Festa na Piscina, que tem entrada franca.
Aberto em fevereiro deste ano, o Restaurante Gruê é o caçula da Sapucaí, comandado pelas primas Cláudia e Laura Lopes. O ambiente pequeno e charmoso não tem mais que 60 lugares: um terço em cima, de frente para a cozinha envidraçada, e o restante embaixo, sendo a soleira uma das partes mais disputadas, coberta com esteirinhas para acomodar melhor os que querem ficar na calçada, contemplando a paisagem. “Tem gente que liga para reservar as esteirinhas”, revela Cláudia.
Para ela, essa é a “orla” de BH: “O fim de tarde conquista qualquer um. Além disso, há bom relacionamento com os vizinhos e os demais restaurantes da rua”. Variado, o cardápio tem petiscos, como o ceviche de salmão com lâminas de batata-doce (R$ 26), e pratos, a exemplo do xinxim de galinha com camarão, leite de coco e castanha-de-caju (R$ 46, individual). A seção de coquetéis tem quase 30 pedidas, a maioria em torno de R$ 18 (cada) – vinhos a partir de R$ 44 (garrafa). De segunda a sexta, há pratos executivos a R$ 24.
Exatamente ao lado fica o Dorsé, bar inaugurado pouco antes, em novembro passado. A ideia, conta Elmo Barra, o chef e um dos proprietários, era abrir na Zona Sul. No entanto, seguiu conselho de um amigo e resolveu passar pela região: “Tínhamos rodado a Rua Pium-i, inclusive, mas, quando passamos aqui, foi amor à primeira vista”. A casa não transmite jogos de futebol (nem tem TV) e estimula seus fregueses a atravessar a rua e aproveitar a vista na calçada ou no parklet em frente. Aliás, já existem dois deles na Sapucaí.
A vocação do bar está em seus pratos econômicos, na casa dos R$ 20: pode ser a tilápia com risoto de limão siciliano (às terças), o estrogonofe com chips de batata da casa (às quartas) ou o bife ancho à Oswaldo Aranha com farofa de ovos (às sextas). Mesmo assim, há petiscos tentadores, como provam dois dos mais novos, o croquete de mandioca com mortadela (R$ 19, 12 unidades) e a coxinha de tapioca com carne de sol e queijo coalho (R$ 26, 10 unidades).
PARA-RAIOS Ainda que todas as casas da Sapucaí tenham ar minimamente descolado, não há como negar que a campeã local nesse quesito seja a Benfeitoria, para-raios do público alternativo da cidade.
Não há garçons e cada um deve comprar fichas no balcão para pedir o que quer – cervejas custam a partir de R$ 7 (long neck), a caipirinha de catuaba custa R$ 8 e, para comer, há pizza (R$ 21), empanada (R$ 8) e pão de queijo recheado (R$ 7). “Abrimos em 2014 e é muito bom ver a transformação das pessoas em relação a essa rua. Tudo isso tem muito a ver com o movimento de ocupação do Centro. Sou apaixonada pelo bairro e, hoje, moro aqui”, diz Jordana Menezes, uma das sócias da casa.
DIRETO DA FAZENDA A grande novidade dali, na verdade, fica na Rua Silva Jardim, quase esquina com a Sapucaí, perto o suficiente para não ser ignorada. A marca de cafés Américo resolveu transferir os processos de torra e moagem da fazenda, em Três Pontas, no Sul de Minas, para um lindo casarão dos anos 1920. Reformado, tem ambiente charmoso para receber os que desejam tomar uma xícara (espresso ou coado; em torno de R$ 5 cada) ou levar os grãos para casa, moídos na hora e na granulação desejada (R$ 20, pacote de 400g das variedades icatu vermelho ou catuaí amarelo).
“A questão era como manter nosso café o máximo tempo possível no ápice da curva de qualidade, que é muito curta após a torra dos grãos. Trouxemos essa estrutura para cá não só por logística, mas para aproximarmos a origem do café e o consumidor final. Queremos falar com qualquer um que se interesse pelo assunto, não só quem é do ramo”, explica Juliana Miari, uma das proprietárias da casa. Também é possível beber ali o cold brew (R$ 15, 300ml), bebida gelada obtida pela infusão do café em água fria, bem como drinques feitos com ele.
ONDE IR
Benfeitoria
Rua Sapucaí, 153, Floresta. (31) 3504-7624. Aberto quarta, das 19h às 23h; quinta, das 19h à 0h; sexta e sábado, das 19h à 1h.
Café Américo
Rua Silva Jardim, 389, Floresta. (31) 3568-8878. Aberto de segunda a sexta, das 9h às 18h.
Dorsé
Rua Sapucaí, 271, Floresta. (31) 3327-8516. Aberto de terça a sexta, das 11h30 à 0h; sábado, das 12h à 0h; domingo, das 12h às 18h.
Gruê
Rua Sapucaí, 265, Floresta. (31) 3656-3654. Aberto de segunda a quarta, das 11h30 às 15h; de quinta a sábado, das 11h30 à 0h; domingo, das 11h30 às 16h30.
Pecatore
Rua Sapucaí, 535, Floresta. (31) 2552-1450. Aberto terça e quarta, das 19h à 0h; quinta e sexta, das 19h à 1h; sábado, das 12h30 à 1h; domingo, das 12h30 às 19h.
Petit Café
Rua Sapucaí, 285, Floresta. (31) 3586-0090. Aberto de segunda a sexta, das 7h às 19h.
Salumeria Central
Rua Sapucaí, 527, Floresta. (31) 2552-0154. Aberto segunda, das 11h30 às 15h30; terça e quarta, das 11h30 às 15h30 e das 18h30 à 0h; quinta e sexta, das 11h30 às 15h30 e das 18h30 à 1h; sábado, das 11h30 à 1h; domingo,
das 12h às 17h..