Bares e restaurantes do Mercado Central oferecem opções para todos os gostos

Do pão de queijo ao fígado com jiló na chapa. O que não falta é diversidade de pratos.

por Ana Clara Brant 01/04/2016 08:00
 Euller Junior/D.A. Press
(foto: Euller Junior/D.A. Press)
“Gostoso é viver no Mercado Central”, afirma o slogan de um dos espaços comerciais mais democráticos de Belo Horizonte. O mercado, que completa 87 anos em setembro, tornou-se um dos pontos turísticos mais famosos e frequentados da capital. Além do prazer de passear e frazer compras, o emaranhado de 400 lojas também é opção para a gastronomia, com opções de café da manhã, lanche, almoço e petiscos durante todo o dia.


Aberto os 365 dias do ano e oferecendo desde os itens mais básicos aos mais exóticos, o mercado funciona, normalmente, das 7h às 18h (exceto domingos e feriados, quando fecha às 13h). Além das compras, o local é também ótima opção para se fazer todas as refeições do dia. E sugestões não faltam. Um café da manhã bem mineiro com direito a bolo, pão de queijo, broa e outros quitutes da nossa cozinha é a pedida em um dos estabelecimentos mais novos do Mercado Central, o Roça Capital. Inaugurado há um ano e quatro meses, o armazém, com estilo mais moderno aliado à essência rústica e interiorana, oferece uma variedade enorme de produtos: doces, compotas, cachaças, biscoitos, pimentas, molhos, e, claro, queijos. “Temos cerca de 50 fornecedores não só de Minas como de outros estados, como São Paulo e Paraíba. Um dos nossos destaques são os queijos curados”, informa o proprietário, Guilherme Vieira.

Guilherme conta que a família já tem uma loja no mercado especializada em móveis. Quando o espaço ocupado pelo Banco do Brasil ficou vago, sua família decidiu ocupá-lo e investir em outra empreitada. “Trabalhei cinco anos na Europa e sempre falei que, assim que retornasse ao Brasil, queria montar algo nesse estilo. Além de comprar aqui, os clientes têm a opção do delivery sem taxa de entrega”, afirma. Uma das delícias é o pão de queijo feito com batata-baroa e queijo do cerrado (R$ 3 a unidade). Também é possível levar para casa a massa fresca pronta a R$ 23,90. E, para complementar, outra exclusividade do Roça Capital: o café da Fazenda das Amoras, de São Gonçalo do Sapucaí, na região da Serra da Mantiqueira (R$ 3).

No Dona Diva Café e Quitandas também é possível saborear a iguaria mais típica das Gerais. Ali, o paõ de queijo é preparado de forma caseira, à base de queijo canastra e ovo caipira (R$ 3,50). Outra opção para começar bem o dia é o bolo de fubá com queijo. A fatia custa R$ 4,30 e o inteiro, R$ 24. E tudo regado a um cafezinho preparado na hora, que custa R$ 2,20. Para completar o desjejum, nada mais saudável do que experimentar a enorme variedade de frutas que o Mercado Central oferece. Na conhecida Praça do Abacaxi, as mais procuradas são as frutas frescas vendidas em fatias (R$ 2), como o próprio abacaxi, servido dentro do plástico, e a melancia.

FAMÍLIA Para quem vai ao espaço no horário do almoço, sobretudo durante a semana, as alternativas são fartas, assim como a comida. Um dos PFs (prato feito) mais badalados é o do Bar Mané Doido. O nome do fundador e proprietário, aliás, é fruto de uma peraltice do então Manoel, quando ele ainda trabalhava na Ceasa. Numa brincadeira, ele acabou acertando com um tomate um delegado de Polícia que, para piorar, ainda estava vestido de branco. Olimar Coelho, genro de Mané, conta que o segredo da culinária do bar é que ela tem um quê de caseira, mesmo sendo oferecida em um estabelecimento comercial. “E a clientela toda já se conhece aqui. É só trazer uma cerveja gelada que vira uma grande família”, frisa Olimar. O tropeiro é o carro-chefe da casa, servido de segunda a sexta como refeição (R$ 20), e, aos sábados e domingos, como tira-gosto. Mas cada dia da semana tem seu prato. Na segunda, dobradinha com feijão-branco (R$ 17); às terças e quintas é a rabada (R$ 22) que faz a alegria dos frequentadores; na quarta, o prato é a costelinha (R$ 20) e na sexta, a feijoada (R$ 21).

Um dos poucos que oferecem almoço nos fins de semana é o Casa Cheia. A história do restaurante teve início em 1948, quando dona Maria Nazareth de Jesus, filha de italianos, começou a trabalhar com o marido, José Francisco, comerciante de bananas. Em 1958, passaram a vender também queijos e doces. Duas décadas depois, o empreendimento se transformou em restaurante, agora um dos mais tradicionais do mercado. “Meu irmão foi quem deu o nome de Casa Cheia. Hoje, a gente brinca que aqui tinha que mudar pra Casa Lotada, porque o movimento é bem intenso. Tanto é que criamos filiais na Savassi e no Grajaú, comandadas pelo meu irmão e pelo meu filho, respectivamente”, revela uma das duas sócias, Eliana Batista Luzia.

A comerciante destaca um aspecto comum de seu e muitos outros estabelecimentos do mercado: o negócio de família. Ali, boa parte das lojas e bancas foi passada de pai pra filho. “É isso que o torna um lugar tão único. O avô vinha aqui e comprava com o avô do dono da loja. Hoje, é o neto quem vem e come ou bebe praticamente a mesma coisa. Manter essa tradição é bem interessante”, opina.

Os pratos que têm mais saída são o mexidoido chapado, com iscas de alcatra, lombo, linguiça caseira, bacon, legumes (brócolis, cenoura e abobrinha), além de arroz, ovo de codorna frito e ervas. “É uma receita que agrada a todo mundo. Muitas mães comentam que a criançada que não gosta de legume adora esse mexido e acaba comendo os vegetais sem perceber”, observa. Outro que faz muito sucesso é o mineirinho valente. Prato vencedor do Comida di Buteco em 2005, traz canjiquinha com queijo, lombo defumado, costela ao vinho desossada, linguiça caseira e espinafre. Os dois pratos custam R$ 26,90, mesmo preço da porção de torresmo de barriga, alternativa para quem só quer petiscar.

BELISCAR Ninguém pode ir ao Mercado Central e deixar de experimentar um dos seus tira-gostos mais ilustres, o fígado acebolado com jiló. Praticamente todos os bares de lá oferecem essa iguaria. Elisa Fonseca, proprietária do Bar da Lora – uma alusão a ela própria e à cerveja – conta que, antigamente, muita gente comia fígado por ser uma carne barata e rica em ferro e proteínas. “E aí, para incrementar, colocaram cebola e o jiló na chapa e virou essa maravilha que dá água na boca”, celebra. Para acompanhar, nada melhor do que uma cerva bem gelada. A garrafa de Skol ou Brahma (600ml) custa R$ 6,50 e Original e Brahma Extra,  R$ 10. “O mais bacana daqui é que todo dia parece uma festa. Gosto muito de lidar com o público, conhecer gente de todos os lugares, bater papo. Então, o mercado é realmente o meu lugar”, afirma Elisa.

No minúsculo balcão do Rei do Torresmo é possível degustar a especialidade mineira com vários acompanhamentos: mandioca, linguiça, jiló. Dono do espaço há 21 anos, quando comprou do proprietário original, que faleceu, Geraldo Campos diz que, ao longo do tempo, a receita foi se aperfeiçoando e tendo um padrão de qualidade aprovado pelos próprios clientes. A porção de torresmo à pururuca (R$ 17) é a que tem mais demanda. O tradicional torresmo de barriga (R$ 7) pode ser acompanhado por mandioca (R$ 9). “Não há quem resista. É muito saboroso”, assegura.

Se você não é fã de um happy hour, pode optar por um lanche rápido para fechar o dia. Uma das lojas mais antigas do estabelecimento, a Limonada do Mercado Central, oferece desde 1938 suco de limão sempre fresco e gelado. Fundada em fevereiro daquele ano pelo português Américo Batista, a venda foi adquirida por um dos seus funcionários, o baiano Gabriel Amorim de Souza, de 88 anos. Quem hoje está no comando é o filho Antônio Amorim, de 58, e o neto de seu Gabriel, Raí Augusto Amorim, de 24. “É água, limão taiti e açúcar. Não tem muito segredo. Quer dizer, tem sim, mas a gente não pode revelar”, brinca seu Antônio. O copo pequeno (R$ 2,50) e o grande (R$ 4) podem ser apreciados com bolinho de feijão (R$ 3) ou de bacalhau (R$ 5).

O Ponto da Empada foi pioneiro em apostar no salgado no mercado. Ao longo dos 23 anos de existência, foram sendo criados novos recheios e, atualmente, serve 14 sabores, incluindo frango, queijo e camarão. “À medida que o cliente pede, a gente cria novas empadas. Temos diferenciais como a de queijo com goiabada, banana com canela, milho com parmesão e o nosso carro-chefe, a de jiló com carne e bacon, surgida na época do Comida di Buteco de 2010, que teve o jiló como tema. O sucesso foi tão grande que ela permaneceu”, ressalta o proprietário, Joel do Carmo. A empada custa R$ 3,50 e há promoções para pedidos conjuntos com Coca-Cola (200ml, a R$ 5) e com limonada (R$ 4,50). “É tanta empada que sai aqui que não tenho a menor ideia de quantas preparamos por dia. O nosso lema é: ‘Enquanto sai do forno, sai do balcão’”, resume.

>> Café da manhã
>> Roça Capital:
(31) 3789-8669
>> Dona Diva Café e Quitandas:
(31) 3072-0966
>> Frutas Procópio
(Loja do Mala):
(31) 3274-9676
>> Tião do Abacaxi:
Sem telefone

Almoço
>> Casa Cheia: (31) 3274-9585
>> Bar Mané Doido:
Sem telefone

Lanche
>> Ponto da empada:
(31) 3274-9570
>> Limonada Mercado central:
Sem telefone

Happy hour
>> Bar da Lora
(31) 3274-9409
>> Rei do Torresmo:
(31) 99302-9552

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