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Festival Fartura reúne 10 mil pessoas no fim de semana em BH

Estandes permaneceram movimentados nos dois dias de evento e os produtores de várias partes do Brasil voltaram com a bagagem vazia

Chef Juliano Caldeira, de BH, deu aula para ensinar como se prepara a carne de jacaré, pouco conhecida e consumida em Minas Gerais - Foto: Sidney Lopes/EM/D.A PressNem só de apaixonados por comida se encheu o Festival Fartura BH. O evento também atraiu curiosos que queriam conhecer produtos pouco consumidos em Minas. Com isso, os estandes permaneceram movimentados nos dois dias e os produtores de várias partes do Brasil voltaram com a bagagem vazia. A mistura de interesses fez com que circulassem no fim de semana pelo menos 10 mil pessoas pela Praça José Mendes Júnior, ao lado do Palácio da Liberdade, na Região Centro-Sul da capital.
A cerveja de caju fez tanto sucesso que acabou no primeiro dia. Mas os visitantes ainda puderam levar para casa espumante, cachaça, licor, vinho e doces, tudo feito com a fruta encontrada em abundância no Piauí. “Trabalhava com vários tipos de doces até que resolvi focar no que era desperdiçado no meu estado, a polpa do caju. Só aproveitavam a castanha”, justificou o agrônomo Lenildo Lima, diretor da Cooperativa dos Produtores de Cajuína do Piauí (Cajuespi), que passou a criar receitas, principalmente de bebidas, com a parte até então desprezada do caju.

A decoradora Ana Maria Otoni, de 70 anos, voltou feliz para casa. Ela teve a sorte de comprar o último pote de doce de caju cristalizado e a última garrafa da tradicional cajuína, suco clarificado do caju que ganhou o título de patrimônio cultural brasileiro. “O caju é uma fruta exótica e deliciosa, que não se encontra muito em BH. Quero aproveitar para fazer sobremesas”, adiantou.

De Itajaí, Santa Catarina, veio um produto conhecido como caviar brasileiro: a ova de tainha, usada para intensificar o sabor do mar nos pratos. “É uma iguaria única. Você tem 45 dias para pescar, entre maio e junho, depois a safra se fecha”, contou o produtor Sérgio Arins. O auditor fiscal Isac Falcão, de 39, ficou surpreso de ver que nada tem a ver com aquelas bolinhas pretas. Na verdade, é uma peça alaranjada que mais parece filé de peixe. “Achei o sabor espetacular. Posso até ter comigo algo parecido, mas me soou inédito”, descreveu. Dizem que o produto está na categoria do umami, o quinto sabor.

Apenas este ano, foram exportadas 160 toneladas de ova de tainha para a China. O produtor sonha em ver consumo equivalente no Brasil. “O consumo vem aumentando por causa do trabalho dos chefs. Alex Atala, por exemplo, é o maior consumidor”, informou o representante comercial Hindrigo Lorran. “Pelo que percebi, mineiro gosta de sabor intenso, então agradou em cheio.”

Mais satisfeito ainda ficou o japonês Morita Toru, de 63, que levou estoque para casa. “Sirvo como tira-gosto para beber com vinho branco”, ensinou o engenheiro, nascido em Nagasaki, cidade famosa pela produção de karasumi, como é chamada a ova de tainha no Japão.

E as carnes exóticas também fizeram sucesso. O chef Juliano Caldeira, de Belo Horizonte, levou um jacaré inteiro para ensinar como se prepara esse animal. A aula se tornou uma atração à parte, atraindo a atenção de muita gente.

“O melhor é ver o astral das pessoas celebrando a gastronomia e ver que conseguimos levar conhecimento a elas, além de dar vitrine aos pequenos produtores”, comemorou o organizador do Festival Fartura BH, Rodrigo Ferraz. Para o ano que vem, já estão confirmados os festivais em Porto Alegre, Fortaleza, Tiradentes e BH, que será realizado no fim de setembro. Estuda-se levá-lo para uma quinta cidade. Rodrigo garante que, até lá, haverá muitas novidades, já que em março será encerrada a última etapa da Expedição Fartura Gastronomia, que vem mapeando a cadeia produtiva em todo o Brasil.