Uma mistura arretada entre memórias afetivas e o mais genuíno da culinária do Recôncavo baiano. Os perfumes e sabores vindos da cozinha frequentada desde a infância até os muitos cabelos brancos. Nas receitas de arroz (nada menos que oito tipos diferentes), sopas, bifes, frigideiras, bolos, sarapatel ou maniçoba, a lembrança do prazer de cada garfada sequencial ao repetido e esperado chamado “o de comê tá na mesa!”.
Já em segunda edição, o livro revela a tradição das culinárias indígena, portuguesa e africana, abraçadas pelos baianos, em pratos à base da mistura de azeites e leite de coco, pimentas de cheiro, tempero verde – que no Recôncavo significa coentro ou hortelã. “Não me lembro de cadernos de receitas lá em casa. As quantidades, os pesos e as medidas, tudo era guardado na memória da mamãe, que era consultada por todos nós – filhos, netos e bisnetos – encantados por aqueles sabores.”
Entre outras gulodices, ela cita o famoso pirulito, as cocadas, o bolo bossa nova (que leva ameixa cortada bem miúda e goiaba amassada), o beijo de olga, feito com queijo de cuia e coco ralado de costa (na parte da casca). “Quando lançamos a primeira edição, mamãe ainda estava conosco, compartilhamos mais essa alegria”, revela a filha apresentando toda uma riqueza culinária e afetiva que dá gosto e, de quebra, brinca com a saudade.
>> Ingredientes
Leite de 1 coco, 2 cebolas, gengibre, 250g de camarão seco, 1 xícara de castanha-de-caju torrada e moída, 1 xícara de amendoim torrado e moído, 2 xícaras de farinha de guerra (o mesmo que farinha de mandioca), 1 xícara de azeite de dendê
>> Modo de fazer
Tirar o leite de 1 coco, batendo no liquidificador, com pouca água, e passando depois na peneira. Misturar as cebolas e um pedaço pequeno de gengibre ao leite de coco, batidos no liquidificador. Misturar os ingredientes secos ao leite de coco, cebola e gengibre. Juntar o azeite de dendê e levar ao fogo, mexendo com cuidado para não embolar nem pegar no fundo da panela. Deixar cozinhar bem. Quando o vatapá começar a se soltar dos lados da panela, passar a mexer em círculos. Só colocar o sal depois que começar a ferver, porque, se o camarão seco estiver muito salgado, vai passar do ponto. Pode-se colocar uma colher de chá de açúcar para apurar o sabor.