Cresci numa família do interior que sempre foi muito festeira, no meio de mulheres fortes e determinantes que gostavam de receber amigos, parentes e quem mais aparecesse. Cuidado, carinho, bom gosto e capricho eram os primeiros ingredientes a serem manipulados, dosados e servidos. Cada uma das matriarcas puxava a sardinha para sua receita. Competição da boa, cujo resultado era sempre transmitido e compartilhado entre elas. Uma receita nova sempre foi motivo de buchicho, telefonemas e longas conversas: ... “Dorinha! Como é mesmo a receita do biscoitinho de laranja? Maria Elisa! Anota pra mim a torta de nozes? Leonor! Me dá a receita do feijão? Doxinha!! Como faço o presunto assado?”
Nas minhas melhores lembranças, a comida reina à vontade, entra e invade todos os sentidos. Lembro-me, ainda, com o gostinho na boca e saudades no coração dos abacaxis secos ao sol cobertos com uma generosa camada de açúcar que eram preparados na época do Natal na casa da minha avó. Receita incrivelmente simples, feita com dois únicos ingredientes, muita paciência e um bocado de tempo disponível para cuidar dela. Por lá também era feita uma torta de coco queimado que não leva nem um tiquinho de farinha no preparo. Complicadinha, mas de sabor incomparável. Um luxo só é o viradinho de banana da minha Tia Ana Alcina, lá de Pouso Alegre. Tem sabor de férias com os primos. O bacalhau à Braz e o frango à espanhola, minha mãe trouxe das suas viagens mundo afora. A família toda copiou e reproduziu.
Ao executar uma receita de família apertamos nós e laços. De geração em geração perpetuam-se aromas, sabores e afetos. Lembranças de pessoas queridas, pratos que nos remetem a momentos especiais. Executar uma receita de família não é tarefa fácil. Já gastei muita sola de sapato, gasolina e telefone em busca de ingredientes especiais para receitas mais que especiais. Receitas de vó, de mãe, de tias que até hoje faço e tento ensinar para meus filhos e sobrinhos, para celebrar encontros de família com a mesa posta e comida quente. Receitas simples e outras nem tão simples assim, que por alguma ou várias razões trazem à tona sentimentos e saudades.
Aprender e executar esse tipo de receita é um ato de amor e responsabilidade. Heranças culinárias são decisões pessoais e tesouros inesgotáveis para os que entendem que o sabor do alimento vai muito além do doce e do salgado, do azedo e do amargo. Da mesma forma que nos emocionamos quando ouvimos músicas que marcaram nossas vidas, quem prepara um prato de família deve estar pronto para servir magia e bem-estar, resgatar sentimentos e agradar ao mesmo tempo paladar e à Alma.
A receita de hoje veio de um tempo onde não havia o excessivo mundo de informação sobre comida como existe atualmente. Tudo chegava muito devagar do lado de cá do Equador. Combinações de sabores de outras culturas causavam estranhamento e curiosidade. Combinar feijão com catchup foi realmente uma tarefa inusitada para a época. Nos anos 70, o faroeste italiano passado no México – Chamam-me Trinity – contava a história de um adorável herói vagabundo que vestia roupas rasgadas e que atravessava o velho oeste na companhia de seu cavalo e de uma matula de feijões. A receita do tradicional “Chili” mexicano foi adaptada à nossa feijoada e nasceu o “feijão do Trinity”. Preferida dos meus filhos, tem sabor de casa de mãe, de carinho de mãe. Tempero perfeito de sabor e afeto. Surpreenda-se também.
Feijão do Triniy
Ingredientes
1kg de feijão roxinho; 1kg de carne moída de boa qualidade; 3 paios fatiados; 3 calabresas fatiadas; 500g de bacon picadinho; 2 cebolas picadas; 5 dentes de alho picados; 400g de molho catchup picante;
1 pimentão verde picadinho; óleo de soja para
refogar; sal e pimenta-do-reino a gosto
Modo de fazer
Cozinhe o feijão em água abundante. Separe grão e caldo. Reserve. Numa panela, refogue o bacon com a carne moída e deixe cozinhar bem, acrescente a cebola e o alho e os pimentões. Doure bem. Coloque os embutidos picados e refogue por 5 minutos. Acrescente os grãos de feijão, deixe apurar um pouco e coloque o caldo. Prove os temperos. Ferva até engrossar. Acrescente o catchup e ferva por 10 minutos. Sirva com arroz branco.
Nas minhas melhores lembranças, a comida reina à vontade, entra e invade todos os sentidos. Lembro-me, ainda, com o gostinho na boca e saudades no coração dos abacaxis secos ao sol cobertos com uma generosa camada de açúcar que eram preparados na época do Natal na casa da minha avó. Receita incrivelmente simples, feita com dois únicos ingredientes, muita paciência e um bocado de tempo disponível para cuidar dela. Por lá também era feita uma torta de coco queimado que não leva nem um tiquinho de farinha no preparo. Complicadinha, mas de sabor incomparável. Um luxo só é o viradinho de banana da minha Tia Ana Alcina, lá de Pouso Alegre. Tem sabor de férias com os primos. O bacalhau à Braz e o frango à espanhola, minha mãe trouxe das suas viagens mundo afora. A família toda copiou e reproduziu.
Ao executar uma receita de família apertamos nós e laços. De geração em geração perpetuam-se aromas, sabores e afetos. Lembranças de pessoas queridas, pratos que nos remetem a momentos especiais. Executar uma receita de família não é tarefa fácil. Já gastei muita sola de sapato, gasolina e telefone em busca de ingredientes especiais para receitas mais que especiais. Receitas de vó, de mãe, de tias que até hoje faço e tento ensinar para meus filhos e sobrinhos, para celebrar encontros de família com a mesa posta e comida quente. Receitas simples e outras nem tão simples assim, que por alguma ou várias razões trazem à tona sentimentos e saudades.
Aprender e executar esse tipo de receita é um ato de amor e responsabilidade. Heranças culinárias são decisões pessoais e tesouros inesgotáveis para os que entendem que o sabor do alimento vai muito além do doce e do salgado, do azedo e do amargo. Da mesma forma que nos emocionamos quando ouvimos músicas que marcaram nossas vidas, quem prepara um prato de família deve estar pronto para servir magia e bem-estar, resgatar sentimentos e agradar ao mesmo tempo paladar e à Alma.
A receita de hoje veio de um tempo onde não havia o excessivo mundo de informação sobre comida como existe atualmente. Tudo chegava muito devagar do lado de cá do Equador. Combinações de sabores de outras culturas causavam estranhamento e curiosidade. Combinar feijão com catchup foi realmente uma tarefa inusitada para a época. Nos anos 70, o faroeste italiano passado no México – Chamam-me Trinity – contava a história de um adorável herói vagabundo que vestia roupas rasgadas e que atravessava o velho oeste na companhia de seu cavalo e de uma matula de feijões. A receita do tradicional “Chili” mexicano foi adaptada à nossa feijoada e nasceu o “feijão do Trinity”. Preferida dos meus filhos, tem sabor de casa de mãe, de carinho de mãe. Tempero perfeito de sabor e afeto. Surpreenda-se também.
Feijão do Triniy
Ingredientes
1kg de feijão roxinho; 1kg de carne moída de boa qualidade; 3 paios fatiados; 3 calabresas fatiadas; 500g de bacon picadinho; 2 cebolas picadas; 5 dentes de alho picados; 400g de molho catchup picante;
1 pimentão verde picadinho; óleo de soja para
refogar; sal e pimenta-do-reino a gosto
Modo de fazer
Cozinhe o feijão em água abundante. Separe grão e caldo. Reserve. Numa panela, refogue o bacon com a carne moída e deixe cozinhar bem, acrescente a cebola e o alho e os pimentões. Doure bem. Coloque os embutidos picados e refogue por 5 minutos. Acrescente os grãos de feijão, deixe apurar um pouco e coloque o caldo. Prove os temperos. Ferva até engrossar. Acrescente o catchup e ferva por 10 minutos. Sirva com arroz branco.