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No Brasil, existe algo em torno de 25 espécies do gênero. Algumas domesticadas e outras tantas ainda em estado selvagem. Um mundo ainda sem prova. Mas uma coisa é certa: esse universo, de gênero feminino e ardente, causa uma sensação que se assemelha à de uma queimadura, pelo poder da capsaicina, que é a substância que atribui maior ou menor pungência às pimentas. Nosso cérebro, para compensar essa "dor" que queima, libera endorfinas, responsáveis por um intenso bem-estar, só permitido a quem tem coragem de prová-las. Dizem que pimenta é viciante quem sou eu para discordar. Pelo contrário, sou deliberadamente apaixonada por elas. Da biquinho à malagueta, todas vão ao meu prato.Todavia, no dia a dia prefiro a suavidade de uma brasileirinha legítima: a pimenta dedo-de-moça. Adoro preparar peixes assados, ceviches, refogados e muquecas com esses dedinhos vermelhinhos. Uso com parcimônia, mas não deixo de colocar alguns punhadinhos até mesmo na farofinha que acompanha o frango assado.
Os frutos, alongados e não muito grossos, são comparados aos dedos das mãos de uma jovem senhorita. Verdinha quando imatura e vermelha quando amadurece, é conhecida também como chifre-de-veado. É uma preciosidade, entre as espécies nacionais da turminha das Capsicum, pois seu grau de picância é suave, de acordo com a escala de Scoville, que mede o "calor" das pimentas, onde mais "bravas" chegam até 16 milhões de unidades. Estudiosos afirmam que a mexicana habanero chega a 300 mil unidades scoville e a tezpur indiana oferecem aos corajosos 877 mil unidades. O calor de uma dedo-de-moça, no entanto, não ultrapassa 5 mil unidades da tal escala. Podemos dizer então que a mocinha é muito bem comportada.
Podemos utilizá-la crua em saladas, molhos e em uma grande variedade de pratos feitos com frutos do mar, carnes bovinas, suínas e aves. Usar a mocinha fresca, bem picadinha e sem sementes é temperar com sabedoria "caliente". Suas sementes desidratadas concentram mais "calor" e são conhecidas como pimenta calabresa. Excelentes para dar sabor aos embutidos e molhos mais consistentes.
Comer é agradar ao paladar. Se você não gosta de pimentas, tudo que eu lhe disser de positivo a respeito delas será em vão. Mas não dispense uma provinha da receita, que passo nesta edição, e que foi executada pela minha fiel amiga, grande conhecedora e provadora de pimentas Miriam Camata. Capixaba de nascimento, Miriam me disse que por lá esse prato faz um sucesso danado. Provei e adorei. Parabéns amiga.
RECEITA
Pimenta dedo-de-moça recheada
Ingredientes:
200g de pimenta dedo-de-moça fresca, água o suficiente para aferventar, recheio de sua preferência (utilizei um refogado de linguiça de porco), 1 xícara e meia (chá) de farinha de trigo, 1 xícara (chá) de água com gás gelada, sal a gosto, 200g de salgadinho de milho moído, óleo o suficiente para fritar
Modo de fazer:
Pegue a pimenta dedo-de-moça e com auxílio de uma faca pequena faça um corte no meio de cada pimenta, no sentido do comprimento, somente de um dos lados, sem desgrudar o cabo. Retire as sementes com cuidado para não danificar as pimentas. Use luvas enquanto estiver manuseando as pimentas, pois o ardor delas pode ficar por um bom tempo nas mãos. Coloque uma panela com água para ferver. Assim que ferver, jogue as pimentas, espere ferver novamente e marque 1 minuto. Retire as pimentas da água quente e jogue-as na água gelada para dar o choque térmico. Repita esse procedimento (ferver e gelar) mais cinco vezes.(Isso é para tirar um pouco da picância das pimentas.) Recheie as pimentas com o recheio de sua preferência (carne, linguiça). Tome bastante cuidado para que elas não estourem. Numa tigela, misture a farinha de trigo com 1 xícara (chá) de água com gás gelada e sal a gosto. Reserve. Com as mãos (e sem luva) segure a pimenta recheada pelo cabo, mergulhe-a na mistura de farinha e água, escorra o excesso da mistura, passe no salgadinho de milho moído (200g) e depois frite em óleo quente (160 graus) por uns 3 minutos até dourar ligeiramente. Sirva como aperitivo.
*Patrícia Crespo é formada em jornalismo pela PUC Minas e em gastronomia pela Estácio de Sá