Ana Cláudia Frazão pertence a uma família cuja tradição em banquetes foi muito bem representada pelas tias- avós entre as décadas de 40 e 70. Elas eram disputadas para realização de festas e do tradicional bolo de noiva pernambucano. Segundo ela, das memórias pueris, guardou recordações, registros de sabores, cores de mesas fartas e burburinho dessas cozinhas. Uma das tias, Ivete, que teve vida mais longa, alegrou quase todas as tardes da sua infância com doces, bolos e sobremesas com as antigas receitas da família.
Por outro lado, o da família paterna, outras histórias. O pai foi proprietário de uma pequena rede de pizzarias e restaurantes isso acabou dando continuidade à presença discreta no ambiente das cozinhas. Até que, com quase trinta anos, insatisfeita com a atividade em publicidade e propaganda, decidiu “zerar os contadores” e se aventurar entre tachos, panelas, sabores e culturas tradicionais.
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Passados 15 anos, Ana Cláudia tem certeza de que fez a escolha certa ao se matricular no curso técnico do Senac e depois na graduação em gastronomia. Escrever livros, cozinhar, testar receitas, conhecer novos sabores e viajar consagram sua relação de amor e respeito pela gastronomia.
Gastrônoma e pesquisadora Professora de gastronomia e atualmente desenvolvendo trabalhos no âmbito de formação e qualificação profissional de cozinha, Ana Cláudia Frazão publicou em julho de 2008, seu primeiro livro 'Comedoria popular: receitas, feiras e mercados do Recife', consagrado pelo mercado editorial pernambucano, em 2010 lançou o segundo volume: 'Comedoria popular: receitas, engenhos e fazendas de Pernambuco,' pesquisa calcada no ciclo açucareiro, em especial o da cultura gastronômica dos engenhos pernambucanos e as particularidades dos cardápios das fazendas, com receitas que fazem parte do patrimônio cultural e imaterial do estado. A terceira publicação, intitulada 'Comedoria popular: receitas, Pernambuco e Moçambique', dá continuidade à sua incansável pesquisa, que tem por objetivo registrar, inventariar e perpetuar a cultura e a gastronomia de Pernambuco e Moçambique.
O livro Comedoria popular: receitas, Pernambuco e Moçambique é resultante de uma pesquisa iniciada em 2009 em viagem de Ana Claudia Frazão ao país africano. Em suas observações, registros e pesquisa, Ana Claudia detectou a confluência entre elementos das duas culturas expressos por hábitos cotidianos e produtos destinados à produção de diversos pratos típicos e regionais.
Está saindo do forno a quarta publicação da autora, o Comedoria popular: receitas, sabores e saberes da mandioca, uma publicação infanto-juvenil que promove literatura, gastronomia e ilustração artística, como formas de expressão cultural. O enfoque se dá através da lenda agrícola da mandioca que ilustra seu surgimento pela matriz da nação Tupi. Vale a pena ler e provar o talento da chef, como na receita que ela oferece agora aos leitores.
Casquinha de caranguejo
(rende 4 casquinhas)
Ingredientes
100ml de azeite; colorífico qb; 100g de cebola; 2 dentes de alho; 200g de pimentão amarelo; 100g de tomate; 500g de carne de caranguejo; 200ml de leite de coco; pimenta-do-reino; sal; azeitona verde sem caroço; pimenta-dedo-de-moça; coentro, cebolinha; farinha de mandioca amarela; manteiga.
Modo de fazer
Em uma panela aquecida, disponha o azeite, e o colorífico e refogue a cebola, o alho, o pimentão e o tomate e acrescente a carne de caranguejo (limpa). Em seguida, junte o leite de coco e a pimenta-do-reino, corrija o sal. Corte finamente as azeitonas, a pimenta-dedo-de-moça, o coentro e a cebolinha e acrescente ao preparo. Em fogo brando, deixe cozinhar para incorporar os sabores, desligue e reserve o preparado com a panela tampada. Em uma frigideira aquecida, junte a farinha, a manteiga e o sal e mexa até que a farofa esteja levemente tostada. Tome cuidado para não queimar. Em seguida, recheie cada casquinha, polvilhe com a farofa e leve ao forno pré-aquecido por aproximadamente 10 minutos e sirva imediatamente. Se desejar servir de forma original, use as próprias casquinhas de caranguejo: lave-as em água corrente e escove levemente para retirar eventuais sujeiras e, em seguida, deixe-as em imersão de água e hipoclorito de sódio por 24 horas. Por fim, lave novamente em água corrente abundante.