Desta vez, levanto a bandeira em defesa de um de nossos maiores ícones da culinária mineira, que pode estar com seus dias contados. Durante minhas viagens com o projeto Sabores de Minas, venho percebendo um aumento das reclamações de comerciantes e produtores de várias cidades do interior com relação às restrições ao comércio de galinhas caipiras. Desta vez, ouvi de um representante do poder público municipal de uma importante cidade do estado que estaria sendo “orientado” pela vigilância sanitária local a proibir o comércio na cidade, sob o risco de um endurecimento na fiscalização geral.
Amigo, sjá não entendo mais a hierarquia, ou não seria a anarquia, em alguns poucos setores do serviço público, que mesmo sustentado pelos impostos da maioria insistem em privilegiar minorias. Volto a levantar a questão dos interesses que possam estar por trás de tanta preocupação com nossa saúde. Aliás, se saúde realmente fosse prioridade neste país, não seria a principal pauta nos protestos populares.
Há algum tempo, comecei a analisar os fundamentos técnicos e científicos que poderiam desbancar minhas desconfianças sobre os verdadeiros motivos para tanta preocupação, apesar de bater na tecla de que não podem existir interesses maiores do que a vontade da maioria de um povo em preservar suas tradições. Descobri em uma portaria do Ministério da Agricultura duas ameaças para as restrições à galinha caipira. A primeira nunca chegará a menos de 5 mil quilômetros do país, que é a gripe asiática; e s segunda tem o pomposo nome de “’New Castle”’, que segundo informações de técnicos especializados, assim como a aftosa foi erradicada nos bovinos, uma simples vacina nos pintinhos e tudo acabaria numa boa e suculenta galinhada com angu e quiabo. Além do mais, repito aqui, que portarias, segundo advogados, não tem poder de lei. Vale uma consulta à Constituição Federal.
Ficam registradas, então, minhas perguntas que não querem calar: a quais segmentos interessam estas restrições? Somos todos incapazes de dar uma solução realmente eficaz que preserve nossos costumes ou é falta de contingente credenciado nos órgãos responsáveis? Não temos capacidade para educar e ensinar boas práticas sem impor padrões irreais de pasteurização generalizada ou falta mesmo é vontade política pra resolver definitivamente essas questões?
Se já salvamos as tartarugas marinhas e lutamos tanto por várias outras bandeiras sociais e ecológicas, que tal preservarmos também nossas tradições à mesa? Então, amigo, pra comemorar o Dia da Gastronomia, estabelecido pelo nosso governador no dia 5 de julho, vamos à luta! Vem pra rua, vem! Abaixo a repressão! A galinha caipira nos representa! Pela cura da galinha caipira! Salve a galinha caipira!