A propósito, são casas irmãs, de certa forma. A decoração é despojada, com jogos americanos de papel sobre as mesas, clima informal e obras do videoartista Eder Santos (sócio de ambas) integradas ao ambiente – ao lado do balcão de pescados há uma, 'Revezamento 3 x 2', com nadadores nus indo de um lado para o outro. Em vez das descoladas lâmpadas nuas da Salumeria, conta com luminárias de açougue, com beiradas espelhadas. Funciona numa antiga loja de molduras cuja reforma começou ano passado.
A inspiração, conta Massimo, veio do bar Fish Market, que visitou na capital italiana, Roma: “Tem tudo que é tipo de crustáceo e molusco e, praticamente não tem serviço. Você preenche uma ficha e é chamado para buscar o pedido no balcão”. Seus sócios na empreitada, além de Eder, são os irmãos Marcelo e Anselmo Rodrigues (proprietários da Classe A, empresa que vende peixes e frutos do mar no atacado e varejo), André Hallak, Guilherme Resende e os chefs italianos Ezio Pellizon e Rafaelle Autorino.
A adaptação teve limites, já que há garçons, mas Massimo reforça que “não é uma casa para frufru”. Para comandar a cozinha, trouxe da Itália o jovem chef Mattia Martelli, de apenas 22 anos, que trabalhava na osteria Le Logge, em Siena. A chapa concentra a maior parte dos preparos, deixando o fogão para molhos, massas e risotos e a fritadeira para suprir a demanda de “fritos”, cones de papel com anéis de lula (R$ 22), camarão (R$ 23), peixe (R$ 18) ou legumes (R$ 16), servidos com maionese de guacamole.
Gelo O fato de ter a Classe A ligada à casa garante fornecimento quase diário de matéria-prima: atum, vermelho, namorado, pargo, cioba, sardinha, camarão, lula, polvo, lagosta e, vivos, mexilhão e ostra. A disponibilidade de cada um varia em função da época. Para manter tudo exposto no balcão há uma máquina de gelo dentro da cozinha, produzindo escamas finas o suficiente para se moldarem aos peixes, conservando-os frescos e sem “machucá-los”. Pães e massas são produzidos ao lado, na Salumeria.
Para entrada, há pedidas frias, como ceviche do dia (R$ 22), carpaccios de atum, peixe branco ou salmão (R$ 24, em média) e ostras (R$ 27, seis unidades); e quentes, caso dos crostinos de polenta branca com ragu de polvo (R$ 29) e dos mexilhões salteados (R$ 29). Peixes menores são vendidos inteiros e os maiores, em postas, preparados na chapa e acompanhados por farinha de milho com pancetta e ratatouille (revisão da farofa e vinagrete para carnes) - os pedidos mínimos são de 300g. O mesmo vale para os frutos do mar.
Sempre com preços referentes a 100g, há pargo e vermelho (R$ 6), camarão rosa VG (R$ 13), lagosta (R$ 11), lagostim (R$ 8), cavaquinha (R$ 12) e lula (R$ 7), para ficar nos exemplos de peixes e frutos do mar de fornecimento mais constante. A casa se propõe a informar o freguês sobre origem e condições de suas matérias-primas, especificando o que é de cativeiro ou congelado, por exemplo. Para beber, o chope sai por R$ 5 (em média; Kaiser e Heineken) e as cervejas, R$ 6 (long neck, cada). A carta de vinhos (70 rótulos) privilegia brancos, rosados e espumantes (entre R$ 54 e R$ 150, garrafa).
Pecatore
Rua Sapucaí, 535, Floresta. (31) 2552-1450. Aberto terça e quarta, das 18h30 à 0h; quinta a sábado, das 18h30 à 1h; domingo, das 12h às 17h.
É de encher os olhos: um balcão de sete metros de comprimento coberto de gelo e, por cima, peixes e frutos do mar chegados há pouco de alguns dos principais mercados do país. Não se trata de uma peixaria ou seção do tipo num supermercado, mas do coração do Pecatore, novo restaurante que o chef italiano Massimo Battaglini abriu esta semana com sete sócios, praticamente ao lado de outra casa sua, a Salumeria Central, na Rua Sapucaí, na Floresta.