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Watch Dogs 2, lançamento da Ubisoft, é 'muito Black Mirror'

Com características que remetem à ficção distópica da série, game faz do jogador um personagem que precisa expandir suas relações virtuais para vencer

Estado de Minas

Lançamento aprimora o game original de 2014 - Foto: Ubisoft/Divulgação

“O smartphone já é quase uma extensão do cérebro” virou uma frase comum sobre os celulares que parecem fazer tudo no mercado. Em Watch dogs 2, os aparelhos que habitam os nossos bolsos são também os olhos, os braços e as pernas de seus usuários. O lançamento da Ubisoft, que aprimora o game lançado em 2014, põe o jogador em um universo que os fãs da série Black mirror já estão muito acostumados a ver por aí: uma distopia tecnológica que pode chegar a qualquer momento.

Assim como no primeiro jogo da série, o protagonista é capaz de fazer praticamente tudo com seu smartphone: mudar semáforos, hackear câmeras de segurança, invadir conversas de outros celulares e por aí vai. A chamada “internet das coisas” testa seus limites e deixa o jogador pensativo sobre como tudo aquilo que é mostrado na tela é completamente possível de ser feito.

O que está em jogo aqui é a grande moeda de troca do século 21: a informação. Gigantes da indústria obtêm dados sobre praticamente tudo o que você consome. Seu seguro de vida sabe das muitas pizzas que você comeu e vai encarecer o seu plano de saúde. Seus hábitos de compra se tornam algoritmos para lhe oferecer outros produtos – algo que já é visto hoje em qualquer navegador. É neste contexto, bastante próximo das discussões éticas que tomaram conta não só de enredos no entretenimento, mas também do debate filosófico sobre o futuro da humanidade, que o jogo se concentra.

DEADSEC Diferentemente da primeira versão, em que um drama pessoal estava no centro de toda a história, desta vez você é Marcus Holloway, um hacker jovem e bem-humorado que se une a um grupo de experts no ramo – o Deadsec, algo como um Anonymous potencializado – para combater o “mal” do sistema que usa seus dados.

Sua missão principal é uma só: conseguir o máximo de “curtidas” possíveis para o aplicativo da gangue Deadsec nas redes sociais, para ganhar mais poder nesta sociedade que valoriza tanto os dados de usuários.
Quanto mais pessoas baixarem o aplicativo, mais fácil de utilizar as ferramentas de hackeamento e mais habilidades surgem para serem experimentadas no gigante mapa da Baía de São Francisco, na Califórnia.

E para atingir tal objetivo, vale lançar mão de tudo – até fazer selfies. O nível de detalhes da trama para fazer com que você realmente pense que está naquele universo é bastante divertido. O smartphone do protagonista pode ser aberto como se fosse um menu do jogo e permite ao jogador acionar músicas (parece, mas não é Spotify), chamar um carro (mas não é Uber), buscar missões e, sim... fazer fotos suas em meio a uma briga ou em um cenário bonito e publicá-las nas redes sociais (em uma rede social que também não é Facebook).

Você se verá cumprindo missões que certamente caberiam em uma série de TV. Em uma delas, por exemplo, terá de invadir a sede de uma falsa igreja para provar que ela mente para seus fiéis e até utiliza relíquias de mentira para fidelizá-los. E como provar isso? Quebrando as relíquias e postando o vídeo na internet, é claro.

A história do jogo flui como uma comédia americana para assistir sem compromisso. A localização dos diálogos para o português ficou ótima e muitas expressões usadas pelos personagens são bem próximas da realidade. É possível que um jogador com seus 30 e tantos anos possa estranhar algumas gírias, mas, acredite – alguém mais novo provavelmente as utiliza no dia a dia. Palavrões e piadinhas entre os hackers acontecem o tempo todo – eles se comunicam constantemente entre as missões – e deixam o jogador, ainda que no modo single player, com uma sensação de estar acompanhado o tempo todo.

 

(Luiz Fernando Toledo/Estadão Conteúdo)

WATCH DOGS 2
Da produtora e publisher Ubisoft
Plataformas: PS4, Xbox One e PC
Preço: R$ 200

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