Na primeira vez em que visitou a Game Show, em 2011, Eduardo Benvenuti já tinha o seu canal no YouTube. Publicava vídeos em que jogava e comentava, mas não atraía nem sequer 20 mil inscritos. Em 2014, a coisa mudou: ele e outros youtubers tiveram de deixar a BGS. O furor do público era tanto que o espaço não comportava tanta gente.
“O pessoal gosta de falar que fomos expulsos, mas é muito exagero. Naquele dia, a BGS pediu para irmos embora porque não deu conta de nos receber. O público foi à loucura. Não dá para dizer que a BGS foi culpada ou os youtubers fizeram sacanagem, houve inexperiência de ambos os lados.
Em seu canal, Edu faz vídeos enquanto joga e comenta games. A popularidade desse tipo de conteúdo é tão grande que, durante a BGS 2016, foi lançado o aplicativo YouTube Gaming. Além de filtrar conteúdo apenas para jogos eletrônicos, a plataforma facilita o suporte para transmissões ao vivo – ferramenta poderosa para quem transmite sessões de jogo em tempo real.
“A vertical de games está caminhando para estar entre aquelas que despertam mais atenção no YouTube nacional”, informa Cauã Taborda, gerente de comunicação da Google Brasil. “Com o YouTube Gaming, o direcionamento do conteúdo fica bem mais esperto e focado. Além disso, quem quiser fazer vídeo ao vivo ganha uma ferramenta forte”, avalia.
MACHINIMAS Enquanto alguns youtubers gamers publicam vídeos de jogos diferentes, outros focam em apenas um: o Minecraft, que está entre os mais populares do mundo. É o caso do mineiro Marco Túlio, mais conhecido como AuthenticGames. Com mais de seis milhões de inscritos em seu canal, ele usa o game para contar suas histórias, os chamados machinimas.
“A inspiração vem de filmes, seriados e até de coisas do dia a dia. Tudo pode virar ideia para as histórias. O principal é criar um enredo legal, tramas que fidelizem o público”, explica Marco, que trabalha com equipe de 50 pessoas e tem até roupa de cama licenciada com a marca de seu canal.
Outro entusiasta dos machinimas é Rafael Lange, o Cellbit. No início, ele se inspirava em canais estrangeiros que produziam conteúdo similar. “Comecei querendo aprender a editar. Assistia aos vídeos em que os caras editavam histórias no Minecraft com músicas épicas, fazendo algo sensacional.
Criador de conteúdo no YouTube há cinco anos, Cellbit só percebeu a dimensão de sua popularidade na edição da BGS 2014, quando teve de deixar o evento devido ao assédio dos fãs. “Quando fui expulso, há dois anos, percebi que muita gente queria me ver”, relembra.
PROFISSÃO Hoje em dia, quem cria conteúdo para o YouTube busca mais do que fama: quer uma carreira. Com 1,7 milhão de inscritos e crescimento acelerado do canal Baixa Memória, Cauê Bueno, que também faz machinimas no Minecraft, não acredita que esteja vivendo uma fase passageira. “Sempre gostei de criar. Quando comecei no YouTube, queria ser criativo. Enquanto der, vou continuar”, avisa.
Marco Túlio, do AuthenticGames, lembra que a visão da sociedade sobre a profissão mudou muito. “Meu maior sonho é ter condições de continuar fazendo isso por muito tempo. No passado, as pessoas não entendiam que temos um trabalho de verdade. Agora, os pais me dizem que o filho quer ser youtuber – e não jogador de futebol.
Apesar de a presença feminina ser relativamente pequena entre os youtubers gamers, as garotas começam a conquistar espaço. Malena, que coleciona 2,5 milhões de inscritos em sua plataforma, avisa: “As meninas precisam perder a vergonha de fazer vídeo. Elas jogam – e muito. Quase metade do público é feminino. A galera deve perder o medo. Se você tiver vontade de fazer um canal, vai lá e faz. Tenho o maior orgulho de ser exemplo para outras gamers”..