O ator Pedro Cardoso, de 59 anos de idade, que por 14 temporadas integrou o elenco de A Grande Família, extinto seriado da TV Globo, criticou a antiga emissora durante entrevista exclusiva concedida ao Uol, na última segunda-feira (11/07).
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"Sempre falei que o defeito da Rede Globo era tentar criar um país que parecia uma Disneylândia. Minha última desavença lá foi no Fantástico, que tentei colocar um quadro sobre a realidade, mas as pessoas que dirigem queriam criar o país que parece que é fantástico", iniciou.
"Mas o país não é fantástico, o programa deveria se chamar 'É uma desgraça', e não fantástico. Essa negação de aceitar o Brasil é o erro da TV Globo", acrescentou Cardoso.
Entretanto, Pedro Cardoso também acredita que o canal tentou por muito tempo criar uma identidade cultural para o povo brasileiro, pois sabia que esse era seu principal mercado, algo que, na visão dele, não acontece no streaming.
"A Rede Globo tinha interesse cultural pelo Brasil, até porque o mercado principal é o Brasil. Então tinha interesse em construir uma identidade cultural para o Brasil ou contribuir para isso. A TV está completamente à mercê do que está acontecendo no país sem fazer oposição, e a Globo ainda quando eu olho preferia estar na Globo (em relação a outras emissoras).
Tinha questões, claro que tinha, inclusive no jornalismo que em alguns momentos foram profundamente desonestos com o país. Não digo que seja o paraíso, mas ao lado das outras emissoras, na TV Globo havia coisas boas", explicou.
"A pessoa que o streaming termina por contratar é aquela que mais se assemelha a um pastiche internacional. É minha sensação falando de uma maneira geral. Também não conheço nenhuma obra do streaming que tenha penetrado na sociedade brasileira. Pantanal faz muito mais eco na vida cultural do Brasil do que qualquer programa do streaming", continuou.
Governo Bolsonaro
Pedro Cardoso ainda fez duras críticas ao governo do presidente da República Jair Bolsonaro (PL), dizendo que o político já deveria estar preso há muito tempo. "O Bolsonaro é um torturador e deveria estar preso, na minha opinião, há muito tempo. A impressão que eu tenho é que ele é um criminoso contumaz e comete crimes há muito tempo. A fragilidade da estrutura legal da democracia brasileira impede que ela se defenda de pessoas como Messias Jair. Ele deveria estar preso há muito tempo e um crime dele eu presenciei, quando fez um elogio ao torturador da Dilma na presença dela. Ele incidiu ali em um ato de tortura e isso é crime contra a humanidade e só por esse evento deveria estar preso. (...) Milhões de brasileiros colocaram no Executivo um homem sádico que tem prazer em matar e torturar", afirmou.
O intérprete de Agostinho Carrara também destacou que não é hora de ficar "em cima do muro" e é uma obrigação de todas as pessoas se posicionarem contra eventuais ameaças à democracia. "Toda pessoa tem que se posicionar porque você não pode se ausentar do debate daquilo que é interesse comum. Há momentos em que a democracia, que é o que melhor a humanidade conseguiu construir de convívio, está mais ou menos assegurada, então é menos importante defender a democracia. No momento que estamos agora é de absoluta ameaça à democracia então acho que qualquer pessoa que tiver a oportunidade de divulgar ideias a favor da democracia tem a obrigação de fazer, o que não significa dizer se vai votar em Lula ou Ciro Gomes", disse.