A proibição de manifestações políticas no festival Lollapalooza causou revolta no meio artístico. Cantores e artistas se pronunciaram ao longo deste domingo (27/3) contra a decisão do ministro Raul Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que atendeu a um pedido do Partido Liberal (PL) e definiu multa de R$ 50 mil para quem infringir a determinação.
Entre os famosos, o consenso é de que há uma 'censura' em curso.
A cantora mais ouvida do mundo, Anitta, disse que "não existe isso de proibir um artista de expressar publicamente a infelicidade dele perante o governo atual". "Isso é censura, isso é 1900 e bolinha, onde o povo não podia fazer nada. A gente não quer voltar a estaca zero, não, pelo amor de Deus", disse a dona do hit Envolver.
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Após censura do TSE, Huck, Paolla Oliveira e Anitta se manifestam contra Emicida faz show enérgico e com discurso anti-Bolsonaro: 'Vai tomar no c*'Maíra Cardi detona atitude de Will Smith e dispara: 'E quando bater nela?'Após boatos, Rafa Kalimann nega ficada com Neymar Jr: 'Reflexo machista'Simaria sensualiza nas redes sociais e faz pose de calcinha: 'Que tiro'Anitta também declarou que vai "lutar contra todas as armas" dela e se comprometeu a cobrir as multas dos amigos que quiserem se manifestar contra Bolsonaro (PL). "Ah vai botar multa de não sei quantos, então a gente paga querido. Diz aí amigos que quiserem se manifestar, eu pago a multa de vocês", finalizou.
No Twitter, a cantora também debochou do valor da multa e pediu a queda de Bolsonaro. "50 mil? Poxa.... menos uma bolsa.
FORA BOLSONAROOOOOOOO. Essa lei vale fora do país? Pq meus festivais são só internacionais", declarou, irônica.
FORA BOLSONAROOOOOOOO. Essa lei vale fora do país? Pq meus festivais são só internacionais", declarou, irônica.
O apresentador Luciano Huck também criticou a decisão. Ele relacionou a determinação com o Ato Institucional 5 (AI-5), de dezembro de 1968, considerado um dos mais duros da ditadura e que, além de fechar o Congresso Nacional e vetar as instituições democráticas, proibiu centenas de filmes, peças, livros e canções. Em resumo, toda e qualquer manifestação política contrária ao regime da época, do general Arthur da Costa e Silva.
"Num festival de música, quem decide se vaia ou aplaude a opinião de um artista no palco é a plateia e não o TSE.
Ou ligaram a máquina do tempo, resgataram o AI-5 e nos levaram a 1968?", criticou Huck.
Ou ligaram a máquina do tempo, resgataram o AI-5 e nos levaram a 1968?", criticou Huck.
A cantora Daniela Mercury compartilhou o trecho do show de Pabllo Vittar, em que a artista mostra uma bandeira com o rosto do ex-presidente Lula, e questionou se a Constituição não proíbe a censura. O ato de Pabllo Vittar no show no Lolla, nesta sexta (25/3), foi o que provocou a ação do Partido Liberal (PL) contra futuras manifestações.
"A Constituição não assegura liberdade de expressão ao eleitor? A democracia é incompatível com censura prévia ao eleitor", disse.
A atriz Paula Lavigne começou um movimento nas redes sociais chamado 'Cala a boca já morreu', já usado em outras situações de repressão contra artistas, contra a determinação. Uma imagem com a frase e a hashtag #LollaLivre foi compartilhada. "Contra a censura, pela liberdade de expressão", diz a arte compartilhada por vários atores e famosos.
A banda emo Fresno, que se apresentou no Lolla na tarde deste domingo (27/3), iniciou o show com a infração da determinação do ministro do TSE.
No telão, a frase 'Fora Bolsonaro' foi projetada, ao mesmo tempo em que a declaração foi repetida pelo vocalista Lucas Silveira. Em seguida, a banda entoou um trecho do hit Fudeu. "E o presidente, basicamente, quer te exterminar. E o ideal fascista já conquistou teu núcleo familiar. Fudeu!", diz o trecho. Veja:
No telão, a frase 'Fora Bolsonaro' foi projetada, ao mesmo tempo em que a declaração foi repetida pelo vocalista Lucas Silveira. Em seguida, a banda entoou um trecho do hit Fudeu. "E o presidente, basicamente, quer te exterminar. E o ideal fascista já conquistou teu núcleo familiar. Fudeu!", diz o trecho. Veja:
Ministro tomou decisões pró-Bolsonaro
Na última quarta-feira, Raul Araújo rejeitou pedido do PT para retirada de outdoors favoráveis a Bolsonaro espalhados por Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina