Neste domingo (28/11), o Padre Fábio de Melo publicou uma carta aberta à mãe, Ana Maria Melo, que morreu aos 83 anos em março deste ano, vítima da COVID-19.
Pelo Instagram, Fábio emocionou os seguidores ao publicar um texto carinhoso no dia em que ela faria 84 anos.
"Dona Ana, hoje seria o seu aniversário. Era sempre um prazer realizar os seus desejos, como contratar um grupo de pagode para animar a festa. A senhora era tão mais festeira do que eu… Colocava dança nos pés, mesmo quando não havia música. Hoje, diante do silêncio que nos separa, enfrento o abismo de sua ausência, dou vazão à saudade que sinto da senhora."
Fábio continuou: "Sabe, minha mãe, depois que a senhora se foi, eu passei a ter a necessidade de acreditar na eternidade. Não que eu não acreditasse antes. Mas eu acreditava com os escrúpulos que não me permitiam imaginar um tempo e um espaço eterno. Hoje, por incrível que pareça, minha mãe, o seu filho imagina o céu como uma cidade bem pequenininha, com pracinha, coreto, jardins... A senhora morando numa casa bem bonita, de esquina, pintada de azul clarinho, e eu, o padre da cidade, como a senhora sempre imaginou que seria."
"Nós dois com todo o tempo do mundo, sendo um do outro, sem dietas, sem restrições, sem ossos que quebram, sem tendões que se rompem, sem pulmões que falham, sem corações que param... À tarde, quando estivesse na hora da missa, a senhora entraria na igreja, sem fazer alarde, sentaria no primeiro banco, como sempre o fez, só para me conceder a graça de tê-la dentro dos meus olhos, sem obstáculos, sem desvios."
"Porque a senhora sempre soube, minha mãe, mas morreu sem me dizer — pois a modéstia era sua marca — que tudo o que eu falo sobre Jesus eu aprendi foi observando a senhora viver. Se for assim, minha mãe, guarde um quartinho em sua casa pra mim", completou o religioso.
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"Dona Ana, hoje seria o seu aniversário. Era sempre um prazer realizar os seus desejos, como contratar um grupo de pagode para animar a festa. A senhora era tão mais festeira do que eu… Colocava dança nos pés, mesmo quando não havia música. Hoje, diante do silêncio que nos separa, enfrento o abismo de sua ausência, dou vazão à saudade que sinto da senhora."
Fábio continuou: "Sabe, minha mãe, depois que a senhora se foi, eu passei a ter a necessidade de acreditar na eternidade. Não que eu não acreditasse antes. Mas eu acreditava com os escrúpulos que não me permitiam imaginar um tempo e um espaço eterno. Hoje, por incrível que pareça, minha mãe, o seu filho imagina o céu como uma cidade bem pequenininha, com pracinha, coreto, jardins... A senhora morando numa casa bem bonita, de esquina, pintada de azul clarinho, e eu, o padre da cidade, como a senhora sempre imaginou que seria."
"Nós dois com todo o tempo do mundo, sendo um do outro, sem dietas, sem restrições, sem ossos que quebram, sem tendões que se rompem, sem pulmões que falham, sem corações que param... À tarde, quando estivesse na hora da missa, a senhora entraria na igreja, sem fazer alarde, sentaria no primeiro banco, como sempre o fez, só para me conceder a graça de tê-la dentro dos meus olhos, sem obstáculos, sem desvios."
"Porque a senhora sempre soube, minha mãe, mas morreu sem me dizer — pois a modéstia era sua marca — que tudo o que eu falo sobre Jesus eu aprendi foi observando a senhora viver. Se for assim, minha mãe, guarde um quartinho em sua casa pra mim", completou o religioso.