Em entrevista ao Jornal O Globo, Lázaro Ramos comentou, entre diversos assuntos, sobre sua relação com Taís Araújo em tempos de quarentena e os desafios de criar filhos. O ator, que estreia como diretor de cinema com o thriller Medida Provisória, também falou sobre a empreitada rumo às telonas.
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Ao ser perguntado sobre seus desafios enquanto pai, Ramos disse que sente mais dificuldade em dar autonomia aos filhos: "Às vezes, dá vontade de fazer seu filho você mesmo. Me percebo olhando para eles em cima da minha vivência, dos meus desejos, do que quero para eles, do que acho deles. Esqueço de conviver e conhecê-los de verdade e vou interferindo o tempo todo", confessou o artista, que disse estar se policiando e se projetando menos em suas crias: "(...) Tenho me policiado. A pandemia trouxe a possibilidade de conhecê-los mais. Não posso projetar tanto".
Durante a entrevista, Lázaro foi perguntado, também, sobre uma declaração dada por Taís Araújo no ano passado, que confessou que a ideia de se separar do marido passou pela cabeça durante a quarentena. Muito tranquilo, o ator falou sobre a reconexão com sua amada:
Nossos processos não duram muito. Não tem um plano, assim, do casal que a gente vai ser, é meio que isso aí mesmo ( risos ). Taís falastrona, e eu, palhaço em hora indevida ... A gente não conversa para combinar o que vai ser pela expectativa dos outros. Temos coisas que nos conectam. O trabalho, o humor, a gente ri muito junto, adora fofocar ... A gente é muito fofoqueiro!"
Lázaro Ramos
Lázaro disse sobre o ciúme que sentiu ao ver Taís contracenando com Alfred Enoch no filme Medida Provisória, que marca sua estreia como diretor de cinema: "(...) As cenas de relação, de beijo, era uma loucura ... Quando era verdadeiro demais, o coração disparava. Pensava: 'Se está parecendo de verdade é porque está boa. Toma vergonha na cara que isso aqui é trabalho'. Tive que me falar isso ( risos )", confessou Ramos.
Medida Provisória e o futuro distópico
Estreando como diretor de cinema, Lázaro Ramos conduziu o longa Medida Provisória, que tem uma história controversa e muito representativa. A trama se passa em um futuro distópico e mistura gêneros como humor, thriller e comédia para contar uma história que começa com a notícia da exploração financeira para negros por causa da escravidão. Ela não se concretiza e o que acontece é uma medida provisória que determina a devolução dos "cidadãos de melanina acentuada" para a África.
Diante disso, o festival Pan African Film, em Los Angeles, classificou o longa como o "mais importante do Brasil desde Cidade de Deus". Com nomes de peso em seu elenco, como Emicida, Seu Jorge, Adriana Esteves e Renata Sorrah o filme chega aos cinemas no dia 25 de novembro. Lázaro contou um pouco sobre sua experiência como diretor da obra, que traz à tona debates de exterma importância:
"É impossível dissociar o filme da nossa história das ruas, do que está acontecendo politicamente e socialmente, apesar de ser uma história costurada em 2011. A realidade surpreende mais que a arte pode prever. Várias coisas no filme eram um alerta sobre o que não queríamos que acontecesse, e aconteceram. Confinamento, uso de máscara, conflitos raciais, polarizações e opiniões radicais ... Por um lado, é bom a arte ter uma capacidade de tarifa; por outro, fico alerta, porque o filme foi feito com o propósito de emocionar e prevenir, de falar que o caminho da aproximação é transformador e possível", disse o agora cienasta.