Aos 63 anos, Maitê Proença, está enfrentando o novo coronavírus pela segunda vez. A artista revelou que já foi infectada pelo vírus em abril do ano passado, entretanto preferiu manter em segredo, por medo da reação de sua filha, Maria Marinho, que na época estava grávida de sua primeira neta, Manuela.
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Em entrevista ao portal F5, da Folha de São Paulo, ela relatou que mesmo a forma mais branda da Covid-19 é apavorante. Maitê afirmou que passou por duas semanas de "sintomas bem corrosivos" do Sars-CoV-2.
A veterana tomou a primeira dose da vacina contra o coronavírus em abril e gravou um vídeo emocionada. Proença ainda aguarda o prazo para a segunda dose do imunizante.
"Tenho a sorte de ter bons médicos e dinheiro para as tomografias de tórax, de face, exames de sangue, idas ao hospital onde fui bem atendida. Tudo que se faz necessário e que a maioria da população paga para ter com impostos altos em tudo que consome, e nessa hora de imensa vulnerabilidade, não tem", disse.
Ex-apoiadora de Jair Bolsonaro (sem partido), Maitê tem se posicionado de forma crítica ao governo federal e ao presidente, declarou que "quem se forma para matar, e comanda um país sem guerras, deve salivar de desejo pela destruição. O escárnio, o deboche, o descaso nos comentários do presidente, parece haver um sentimento de missão cumprida ou plenitude com a mortandade."
Por conta da reinfecção da doença, para frear o contágio e combate à Covid-19, a artista tem cumprido o isolamento social e restringe suas saídas apenas às visitas à filha e à neta, as quais ela intitula como “uma doce viagem”.
A pandemia forçou as pessoas a passarem mais tempo sozinha em casa. Entretanto, ela diz que a ansiedade e tristeza não aumentaram na quarentena.
"Fico bem só. Estudo, leio, ouço música, invento coisas. Sinto desespero de não podermos ir para as ruas derrubar este governo, não entendo como isso chegou ao ponto fisiológico de desmonte que temos assistido dia a dia".
Maitê Proença
Longe das ruas e da televisão, a artista tem se apegado às redes sociais. "Conto histórias de mulheres com feitos extraordinários. Ensino minhas práticas para uma vida ambientalmente correta: fabrico em casa todos os produtos de limpeza da cozinha, banheiro, da lavagem de roupa, dos ambientes, uso ervas, óleos e alimentos saudáveis para me curar, me mexo e danço para manter o corpo são e a mente alerta", declarou.
Proença apresentou, na pandemia, uma temporada online do monólogo autobiográfico O pior de mim, encenado e roteirizado por ela mesma. No entanto, apesar de ser um monólogo, ela explica que a versão online é um “híbrido” porque ocorria ao vivo e a veterana sabia que havia gente do outro lado da câmera. Contudo, agia como se a câmera fosse o seu interlocutor.
A atriz também confessa que o espetáculo não é uma autoterapia porque o que ela narra já está bem trabalhado dentro dela.
"Não é terapia porque tudo aquilo já está mais que trabalhado dentro de mim, nem poderia mexer ali caso não estivesse, pois poderia ficar extremamente cafona e sentimental. Falo de mim para tocar em você. Esse é o objetivo e por isso o público embarca".
Maitê Proença
Em julho, ela retorna em uma única apresentação da versão virtual da peça para o Sesc de Belo Horizonte. Maitê já estuda adaptar o monólogo para quando puder fazer teatro com plateia. Cultura é um dos setores mais afetados pela pandemia. "[Com o monólogo virtual] não se tem o pulsar da plateia para temperar a peça, e nas poucas vezes que fiz com gente, como no Festival de Angra, saiu um espetáculo mais quente e com significados muito novos".