'Chorei por mães na pandemia, sem saber que ele ia', diz Déa Lúcia

Ao Fantástico, mãe do ator e humorista Paulo Gustavo falou pela primeira vez sobre a morte do filho 

Reprodução/TV Globo  
Dona Déa Lúcia falou sobre a morte do filho, o humorista Paulo Gustavo  (foto: Reprodução/TV Globo  )

Déa Lúcia Vieira Amaral falou pela primeira vez após a morte do filho Paulo Gustavo, que morreu vítima de complicações da Covid-19. A mãe do artista falou pela primeira vez durante uma entrevista ao Fantástico neste domingo (09/05).

 

 

O ator Paulo faleceu terça-feira (04/05) aos 42 anos, após ter complicações devido a um quadro de embolia gasosa disseminada. O humorista ficou internado por quase 2 meses no hospital Copa Star, em CopacabanaEle deixou o marido Thales Freitas e dois filhos, Romeu e Gael, de um ano e nove meses.  

 

Dona Déa foi a inspiração para a criação da personagem Dona Hermínia, a mãezona sucesso nos palcos e nas telonas que conquistou os brasileiros, musa inspiradora da trilogia Minha mãe é uma peça (2013-2019). O último filme se tornou a maior bilheteria do cinema brasileiro.  

 

A mãe do Paulo Gustavo quebrou o silêncio e falou sobre os últimos momentos de vida do artista e surpreendeu ao revelar um detalhe curioso.  

"Meu filho passou [pela vida] como um cometa. Ele estreou [como ator] num dia 4 de maio às 9 horas da noite e morreu no dia 4 de maio às 9h12 da noite. Ele começou um ciclo e terminou um ciclo [no mesmo dia]. É incrível. Tudo dele é muito incrível".

Dona Déa Lúcia 

 

 

“Eu fiquei durante 53 dias rezando, pedindo a Deus que me desse força. A gente só espera que uma mãe vá na frente. Eu não estou bem, mas eu rio. Então, eu tenho que ter força. A cada morte de um filho [na pandemia] eu chorava por essa mãe, sem saber que meu filho ia passar por isso”, disse ela, sem conter as lágrimas. 
 
Durante a entrevista, ela relembrou os últimos momentos do ator no hospital. A matriarca da família estava acompanhada de Júlio, pai do ator, da tia Penha, madrasta do Paulo, de Juliana, a irmã do humorista, e de Thales Bretas, marido dele.  
 
“A gente foi chamado no hospital porque ele teve morte cerebral. E nós quatro, Juju, Júlio, eu e Penha, ficamos ali. Juliana [irmã do ator] com uma mãozinha dele, eu na outra. O Thales [marido de Paulo] no pé e o Júlio [o pai] fazendo carinho na cabeça. Eu chamei Penha [atual esposa de Júlio], vem cá Penha, segura aqui comigo porque você também participou da vida dele”, contou ela, emocionada. 
 
O pai do artista contou que a frequência cardíaca foi caindo, caindo. Até parar os batimentos do coração de Paulo. “Aí parou, nós fechamos a cortina e saímos”, disse Júlio. “Foi uma despedida bonita”, finalizou a mãe do ator, bastante emocionada na entrevista.  
 
Dona Déa também afirmou que o filho serviu de exemplo contra o preconceito vivenciado por pessoas da comunidade LGBTQI+. "Eu estou muito triste, mas o meu filho deixou um exemplo contra o preconceito. O meu filho casou, o meu filho teve filhos maravilhosos. Eu tenho dois netos maravilhosos. Mas isso porque ele tem uma família que segurou”, declarou.  
 
A mãe do ator fez um desabafo e enfatizou ao dizer, sem citar nomes, que "roubar na pandemia também é assassinato". 
 
Por fim, ela confessa “que nada dele pode ser muito sério, a não ser a dor da saudade. (...) Eu só posso definir o meu filho com a palavra amor”. Também neste domingo, Thales conversou com o programa apresentado aos domingos pela TV Globo.