Leia Mais
Saiba como é o trabalho de um 'artista da pequena dimensão'Keira Knightley não fará mais cenas de sexo em filmes dirigidos por homensBBB21: Os 20 brothers se encontram pela primeira vez; Lucas está imuneConcursos e leis de incentivo inspiram os novos escritoresCurta brasileiro 'Carne - o filme' se habilita para tentar vaga no OscarO livro conta a história do professor universitário recém-aposentado Júlio Castelo Furtado. Segundo José Carlos Reis, a semelhança entre autor e personagem para por aí. O protagonista da história faz uma revisão de suas ideias, na tentativa de superar a confusão de sua vida profissional e amorosa, além da intermitente sensação de fracasso pela qual é acometido.
''Embora haja, claro, o aproveitamento de experiências e situações, inclusive para facilitar a escrita, acho que não definiria este livro como uma 'autobiografia'. Júlio Castelo Furtado não sou eu. Ele tem autonomia, vive a sua própria vida no livro'', afirma.
O personagem é dono de uma voz provocativa, agressiva, politicamente incorreta e de um humor ácido. O livro pode ser descrito como experimental porque procura ''sintetizar ensaio histórico-psicofilosófico e romance''.
''Uso essa definição, pois ele não cabe em nenhum modelo estabelecido de escrita. É um texto antirregras, um fura-regras. De certo modo, procurando reunir ensaio e romance, criei um 'monstrinho'. A parte 'ensaio' tem a ver com a minha formação e carreira; a novidade é o romance'', avalia.
''Sempre achei que há algo de 'infantil' no modelo romance: é apenas a narrativa de um conjunto de vidas entrecruzadas. Sempre senti falta de mais 'substância' no romance, de reflexões críticas sobre as situações que vão sendo narradas, o que deu origem à inserção de ensaios'', conta ele, que cita Darcy Ribeiro (1922-1997) como uma de suas principais referências.
Elogio
Quanto ao título, José Carlos Reis esclarece que se trata, na verdade, de um elogio à persona de Júlio Castelo Furtado. ''Aquele membro do rebanho que se destaca por sua singularidade, individualidade, diferença é visto como um 'idiota'. Essa palavra quer dizer ser próprio, único, singular, diferenciado, alheio às regras, heterogêneo. O rebanho não se reconhece nele. O idiota do rebanho se sente sozinho, banido, e sempre à beira de sofrer alguma violência. Mas eis que o idiota quer ser assim, não quer ser igual ao rebanho, é um crítico radical e impiedoso da vida do rebanho. Ele é o único que 'vê' o rebanho e está insatisfeito com a vida que leva'', explica.
Quanto ao título, José Carlos Reis esclarece que se trata, na verdade, de um elogio à persona de Júlio Castelo Furtado. ''Aquele membro do rebanho que se destaca por sua singularidade, individualidade, diferença é visto como um 'idiota'. Essa palavra quer dizer ser próprio, único, singular, diferenciado, alheio às regras, heterogêneo. O rebanho não se reconhece nele. O idiota do rebanho se sente sozinho, banido, e sempre à beira de sofrer alguma violência. Mas eis que o idiota quer ser assim, não quer ser igual ao rebanho, é um crítico radical e impiedoso da vida do rebanho. Ele é o único que 'vê' o rebanho e está insatisfeito com a vida que leva'', explica.
Ao aplicar essa lógica ao momento atual do Brasil e do mundo, José Carlos Reis descreve esse período como ''medíocre, uniforme e prudente''.
''Estamos no pior dos mundos e não surgiu ninguém que apontasse uma nova direção com o risco da sua própria segurança. Fazemos tudo igual, todas as tentativas de reconstrução da vida social anteriores falharam, e reina a lógica exclusiva e unificadora do mercado mundial'', observa.
''Não temos um grande filósofo, um grande político, um grande artista, um homem original que grita e espanta o rebanho. Vivemos sob a égide do rebanho-massa, que é criado e mantido pelo mercado mundial, que destruirá com violência aquele que tentar 'furá-lo'. Temos 'idiotas' periféricos, como Júlio, que não transformam o mundo, mas incomodam e vão parar na fila do desemprego ou na cadeia.''
O IDIOTA DO REBANHO
José Carlos Reis
Alma de Gato /Scriptum (295 págs.)
R$ 59