Criadora, coordenadora e curadora do festival Tudo é Jazz, Maria Alice Martins morreu vítima do novo coronavírus. Mais conhecida como Biiça Martins, ela tinha 67 anos, ficou 55 dias internada e o corpo foi cremado neste sábado.
Além do evento que acontece em Belo Horizonte e Ouro Preto, Biiça Martins também coordenou os projetos Tudo é Jazz no Porto, Som Clube e Ponto de Cultura do Alto da Cruz, com uma atuação celebrada no meio cultural, muitas vezes trabalhando ainda como diretora e superintendente de diversos centros de cultura em Minas Gerais. Natural de Ponte Nova, Biiça tem formação em arquitetura. O amor pelo jazz nasceu naturalmente durante um intercâmbio.
Em nota, a Fundação Clóvis Salgado lamentou a perda. "A FCS se solidariza aos familiares e amigos de Maria Alice Martins nesse momento, e deseja vida longa ao festival, que promove e difunde a cultura por meio da música", consta no texto. No registro, a instituição lembrou a importância do Tudo é Jazz, surgido em 2002, como um dos maiores eventos do gênero do país.
Pelas redes sociais, artistas e amigos demonstraram pesar pela morte. "Acabamos de perder uma grande mulher, uma imensa profissional da cultura em Minas. (...) Amiga, forte em todos os sentidos. A Covid, essa desgraça que está levando todos nós para o abismo mais profundo...que tristeza", publicou a cantora Cida Moreira. "Perdemos uma grande guerreira da cultura", escreveu o músico Adriano Campagnani.
Mais de 1,5 mil músicos marcaram presença ao longo de todas as edições do Tudo é Jazz, e o selo de qualidade da Down Beat o elegeu entre os dez melhores festivais de jazz do mundo.
Em 2020, o evento não será realizado em Ouro Preto, e acontecerá em formato on-line, com shows transmitidos via streaming de 25 a 27 de novembro, reunindo artistas novos e consagrados, brasileiros e estrangeiros. Entre as atrações, os brasileiros Túlio Mourão, Rogério Delayon, Célio Balona e Marcos Valle e, nas lista das participações internacionais, Madeleine Peyroux e Stacey Kent.