Observador atento da realidade política do Brasil e do mundo, Fernando Gabeira é um dos convidados de Afonso Borges para a edição virtual do Sempre um Papo desta quarta-feira (4). O escritor e jornalista, cuja trajetória inclui a atuação como ativista e deputado federal, debaterá sobre o livro Uma breve história das mentiras fascistas (Vestígio, 2020), do historiador argentino Federico Finchelstein, que também estará presente no evento on-line.
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Ele destaca que, no passado, as mentiras corriam de ''boca em boca'', enquanto hoje ''andam muito mais rápido''. ''Além disso, elas são utilizadas de forma mais intensa e numa escala maior e mais veloz. 'Enquanto a mentira corre o mundo, a verdade ainda está calçando o sapato''', diz, citando uma passagem do livro Os engenheiros do caos (Vestígio), de Giuliano da Empoli.
Para além de todos os problemas que as mentiras podem criar no campo da política, Fernando Gabeira observa que essa prática deixa um rastro importante. ''Ela lança um certo descrédito para a ciência e prepara um terreno favorável para as teorias conspiratórias. Esses são fatores modernos que impulsionam o fascismo'', pontua.
''As pessoas costumam se informar apenas nos núcleos com que elas se identificam. Se você é um terraplanista, só vai entrar em contato com conteúdos sobre outras teorias da conspiração. As redes sociais não fazem uma avaliação qualitativa da informação. Nos tornamos reféns dos algoritmos criados para nos agradar'', acrescenta.
Atento às notícias sobre as eleições estadunidenses, Gabeira acredita numa vitória do republicano Joe Biden. ''Ainda assim, o legado que (Donald) Trump criou nesses quatro anos é muito negativo e vai demorar a ser superado. Sob muitos aspectos, o Brasil vive uma realidade muito parecida'', aponta.
''Não é à toa que Bolsonaro, assim como Trump, se apegou a um remédio sem comprovação científica para combater a COVID-19. Uma vitória do Biden vai isolar Bolsonaro e jogar luz sobre a política ambiental destrutiva que ele vem colocando em prática'', analisa.
MONOTONIA
Sobre as eleições municipais na capital mineira, Gabeira as descreve como ''monótonas''. ''Muito possivelmente, BH vai eleger um prefeito em primeiro turno. Pelo que venho acompanhando, Alexandre Kalil (PSD) teve um comportamento bastante decisivo durante a pandemia. Acompanho as pesquisas e vejo que ele é o favorito.''
Com passagens pelo Partido Verde (PV), que ajudou a fundar, e Partido dos Trabalhadores (PT), com o qual rompeu, Gabeira revela ser bastante próximo de Nilmário Miranda, candidato petista ao Executivo municipal, mas lamenta a baixa adesão à candidatura do amigo. Questionado se já faz apostas para as próximas eleições presidenciais no Brasil, que acontecerão em 2022, ele crê que a esquerda pode sobreviver sem o PT. ''É possível uma coalizão mais ampla, sem a hegemonia do partido'', aponta.
''No momento, acredito que seja necessário um processo de união entre todos os nomes possíveis. A partir disso, vamos acabar revelando quais serão os líderes capazes de derrotar Bolsonaro nas urnas. Temos que funcionar de forma pragmática e concentrar esforços. Quatro anos mais, o meio ambiente não resiste. Perdemos 30% do Pantanal e estamos vivendo um processo de destruição que precisa parar'', conclui.
SEMPRE UM PAPO
Com Fernando Gabeira e Federico Finchelstein. Mediação: Afonso Borges. Live nesta quarta-feira (4), às 18h, nos espaços do Sempre um papo no YouTube, Facebook e Instagram (@sempreumpapo).