O ator americano Johnny Depp, descrito como marido violento com a ex-esposa Amber Heard pelo tabloide The Sun, foi derrotado, na segunda-feira (2), no processo por difamação que moveu contra a publicação sensacionalista britânica. De acordo com o juiz, o jornal escreveu algo “substancialmente verdadeiro”.
O astro, de 57 anos, que expôs seus excessos com as drogas e seu estilo de vida extravagante ao escrutínio público neste julgamento de alto risco, pretende recorrer da decisão, considerada “tão perversa quanto desconcertante” pelos advogados dele.
“A sentença é tão equivocada que seria ridículo que o senhor Depp não apelasse”, afirmou Jenny Afia, integrante do escritório de advocacia londrino Schillings.
REPUTAÇÃO
Há muito em jogo para Johnny Depp. O veredito do juiz Andrew Nicol ameaça prejudicar ainda mais a reputação que o ator pretendia limpar para salvar sua carreira.
O processo, que tramitou na Alta Corte de Londres, surgiu após uma manchete de abril de 2018. O jornal The Sun questionava como a escritora britânica J. K. Rowling poderia aceitar Johnny Depp, “o espancador de esposas”, no filme Animais fantásticos.
Em julho deste ano, durante três semanas de audiências em Londres, o artista se esforçou para demonstrar que nunca agrediu a modelo e atriz Amber Heard, apesar da relação turbulenta de ambos, que foram casados de 2015 a 2017.
O protagonista de Piratas do Caribe alegou que a frase do jornal inglês prejudicou sua imagem em Hollywood, colocando sua carreira em risco. Por esse motivo, decidiu processar o grupo editorial News Group Newspapers (NGN) e seu diretor-executivo, Dan Wootton.
Johnny Depp retomaria em 2021 o papel de Gellert Grindelwad em Animais fantásticos e onde habitam, derivado do universo mágico de Harry Potter. Mas o caso deixou em dúvida sua participação no filme.
“As vítimas de violência conjugal nunca deveriam ser obrigadas a manter silêncio”, reagiu um porta-voz do The Sun, que agradeceu ao juiz e também a Amber Heard pela “coragem ao testemunhar no tribunal”.
De acordo com os advogados da atriz, o veredito do juiz Andrew Nicol não foi surpresa. Segundo eles, Amber quer justiça em outro caso por difamação pendente nos Estados Unidos.
O NGN baseou sua defesa em 14 supostos casos de abuso de Depp contra a ex-mulher. O processo lista todo tipo de detalhes. A empresa dona do The Sun conseguiu convencer o juiz, apesar dos esforços dos advogados de Depp para apresentar a atriz como a verdadeira violenta do casal, “mentirosa compulsiva” que teria “fabricado” um caso contra o ator para alavancar sua carreira.
“O juiz ignorou a montanha de provas contra Heard por parte de agentes da polícia, médicos, seu próprio ex-assessor e outras testemunhas não questionadas, além de uma série de provas documentais que desmontaram completamente as acusações, ponto por ponto”, criticou Jenny Afia, advogado de Depp.
DIFAMAÇÃO
Apontado como “o maior julgamento por difamação no século 21 na Inglaterra”, o caso trouxe a público os detalhes mais polêmicos do tumultuado casamento dos atores.
O tribunal ouviu histórias escabrosas sobre abuso de drogas, fezes na cama do casal, suspeitas de infidelidades e um dedo cortado com garrafa durante briga.
Depois de reconhecer que abusava de entorpecentes e de álcool, o ator afirmou que em seus anos de casamento com Heard se drogava tanto que “não estava em condições” de agredi-la.
Os dois, que se conheceram em 2011, casaram-se em fevereiro de 2015, em Los Angeles. O divórcio ocorreu dois anos depois.
Johnny Depp alegou que jamais agrediu uma mulher, afirmação apoiada por depoimentos escritos de suas ex-companheiras Vanessa Paradis e Winona Ryder. Por sua vez, Amber Heard mencionou, no processo, “anos de violência física e psicológica” sofrida por ela.